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Última semana para conferir a exposição da Beatriz Milhazes no MASP, que está imperdível.
Teve um momento que a gente aqui quase só escrevia sobre São Paulo. A cidade estava num momento de pujança e prosperidade, e era tanta coisa boa para fazer que as dicas choviam. Não preciso nem dizer que essa época acabou. Nossa Pauliceia está mais cinza que nunca, perecendo rapidamente junto com as milhares de vidas perdidas desde o começo da pandemia. E enquanto não temos vacina para todos, achamos que é nosso dever não estimular ninguém a sair de casa, porque o distanciamento social ainda é uma das únicas armas que todos nós temos para conter a contaminação.
Mas a exposição ‘Avenida Paulista’, da artista plástica carioca Beatriz Milhazes, em cartaz atualmente no MASP e no Itaú Cultural, é uma daquelas dicas que valem a pena divulgar. Primeiro, claro, porque o esquema de agendamento de ingresso e restrição do número de pessoas torna o programa relativamente seguro (nada é 100% seguro fora de casa) mesmo para os mais cautelosos. Segundo porque o mundo onírico revelado pela obra super colorida e imaginativa da artista é um bálsamo visual para a dureza da nossa realidade. E tem que correr porque acaba essa semana!
Para quem não conhece, Beatriz Milhazes é uma das artistas mais importantes da arte contemporânea brasileira, tendo obras do acervo permanente de museus do calibre do MoMA e do Centre Pompidou. Diferente de muitos artistas da sua geração, o trabalho dela não vem carregado de manifestos complexos, o que o faz ser muito acessível para o público em geral. Ela mistura técnicas variadas em diversos formatos, e ficou conhecida pelas telas enormes que misturam pintura, silk-screen, colagens e mais, em abstrações cheias de cores, geometrias e referências pictóricas do cotidiano que emocionam até o olhar menos treinado.
Essa é a maior retrospectiva da artista já realizada, e conta com mais de 170 obras desde 1989 até a atualidade. Ali estão todas as referências que norteiam Beatriz, como a arte popular, os arabescos do barroco, o modernismo, a cultura pop, a moda e a joalheria. Como o seu trabalho não tem uma evolução linear, e sim uma transformação que parece mais uma expansão, as grandes telas expostas no subsolo do MASP são dispostas aleatoriamente, quase formando um labirinto, marcado no centro pela escultura ‘Gamboa’, feita toda com adereços carnavalescos e desenvolvido como cenografia para apresentações de dança da coreógrafa Márcia Milhazes, irmã de Beatriz. A exposição no Masp ainda conta com documentos, desenhos e uma tapeçaria. Já no Itaú Cultural estão as colagens e gravuras.
O nome da mostra vem de uma pintura feita pela artista para a mostra, e que foi doada para o acervo do MASP. Mas fique ligado, que essa peça está no primeiro andar do museu, junto com o acervo, exposto em um dos cavaletes de vidro da Lina Bo. Se você for num momento tranquilo, aproveite para prestigiar o acervo do MASP, que é maravilhoso e nunca é demais ver de novo.
Beatriz Milhazes – Avenida Paulista
MASP – Avenida Paulista, 1578.
Ter. das 10h às 20h, qua. a sex. das 13h às 19h. Sáb. e dom. das 10h às 18h.
Ingressos: $45 (inteira) e R$22 (meia). Entrada gratuita às terças-feiras
Até 06 de junho.
Itaú Cultural – Avenida Paulista, 149.
Ter. a sex. das 13h às 19h. Sáb., dom. e feriados das 10h às 16h.
Entrada gratuita e reservas de ingressos pelo Sympla.
Até 04 de julho.
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.