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O próximo destino do Roteiro Normandia é um pequeno e charmoso balneário, que une praia, artes e luxo. Sabia o que fazer em Deauville.
Esqueça o chinelo, o biquini e a farofa. Quem sair de Paris para pegar uma praia no fim de semana, tem que ir bem mais preparado que isso. Estou falando de mulheres de chapelão e roupas esvoaçantes de grife, homens elegantes com ternos de linho, e uma boa dose de nonchalance de quem não tem boletos para pagar no fim do mês. Assim é o verão na elegante Deauville, a 200km da capital francesa.
Se em Étretat, pegar praia como estamos acostumados é inviável por conta das pedras, aqui o que não falta é espaço na areia fina para se recostar assistindo as gaivotas dançarem ao som do quebrar das ondas. A faixa de areia é bem larga, e a praia se estende por alguns quilômetros. Mas em um balneário tão sofisticado, é claro que tem muito mais o que fazer em Deauville do que ficar fritando no sol como reles mortais.
A vila de Deauville se estabeleceu em meados do século 19, quando as famílias mais abastadas de Paris começaram a frequentar por ser a praia mais próxima da capital. Além da praia, a elite parisiense era atraída pelas corridas de cavalo do Hipódromo La Touques, que até hoje reúne multidões. Na virada do século 20, chegaram os grandes hotéis de luxo e o suntuoso cassino, que só reforçaram o caráter aristocrático da cidade. A imponente fachada dos majestosos Hôtel Barrière Le Normandy e Hôtel Barrière Le Royal parecem saídos diretamente de um filme do Wes Anderson. Também foi construída a Promenade de Planche – o equivalente ao nosso calçadão (em caiçarês nativo) – que aqui é ladeado por pequenos vestiários que recebem nomes de estrelas do cinema, como Gregory Peck e Lauren Bacall.
Hoje o clima nas ruas da cidade é bem esse, de cenário de filme. Tudo muito lindo, tranquilo e refinado. Se você vier para cá, não espere mil atividades para preencher o tempo. Além de apreciar os prédios em estilo normando restauradíssimos, tomar um brunch na calçada dos muitos cafés ao redor da Place de Morny, e bater perna olhando as muitas lojas (e comprando, se você puder). Deauville tem poucos pontos turísticos, o que pode ser uma maravilha se a ideia é relaxar.
Um dos lugares mais importantes para se visitar é, sem dúvida, a Villa Strassburger. Esse pomposo palácio típico da Belle Époque foi construído em 1907 pelo Barão Henri de Rothschild em um terreno que pertenceu à família de Gustave Flaubert, e foi doado à prefeitura em 1980. Ali escondida numa rua lateral do Le Normandy fica também a primeira loja de Coco Chanel, aberta em 1913, e que vendia apenas chapéus. Infelizmente hoje você encontra ali só uma loja de roupas qualquer, e se não fosse por uma placa indicando, ninguém sequer saberia do fato.
Mas o que movimenta a cidade, e que traz um pouco de vida burguesa no meio de tanta nobreza, são os eventos. Desde 1975, Deauville cedia o Festival Anual de Cinema Americano, que já premiou filmes como ‘Little Miss Sunshine’, ‘Being John Malkovich’ e ‘Hedwig and the Angry Inch’. No mês de setembro, os grandes hotéis viram um desfile de celebridades classe AAA, indo de George Clooney a Catherine Deneuve. Um pouco menos glamuroso, mas ainda muito interessante, o Planche(s) Contact é um festival voltado para a fotografia que reúne grandes profissionais e novos nomes da cena em residências artísticas para registrar a própria cidade. Depois, as fotos são expostas em mostras fechadas e instalações ao ar livre por todos os lados. Vai de outubro a janeiro. E, quem diria, Deauville tem até um festival de tatuagem! Uh-la-la!
Deauville fica na comuna de Calvados, que é conhecida pela bebida homônima. Calvados, a bebida, é um destilado da família do conhaque, mas feito a partir da cidra de maçã, super comum na região. Vários lugares oferecem degustação da iguaria, mas um lugar te ensina tudo que você pode querer saber sobre ela. O Calvados Experience fica na estrada que leva a Deauville, próxima a Pont-l’Évêque (sim, a do queijo), e depois de uma apresentação em realidade aumentada, depois você é levado à Disneylândia do Calvados, com degustação de várias marcas, e uma loja para encher a mala de presentes. É meio cafona, eu admito, mas é divertido.
Para chegar a Deauville, você chega em 2h vindo de Paris, seja de carro ou de trem. Uma vez lá, dá para rodar a vila inteira a pé. Ao lado da estação passa o rio La Touques que separa Deauville de Trouville-sur-Mer. A irmã ‘pobre’ ao lado também é lindinha, mais discreta e cheia de ruas estreitas ladeadas de casas seculares. Mas para liberar a Elizabeth Taylor que existe em você, nada melhor que desfilar para ver e ser visto na orla de Deauville.
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Roteiro Normandia – o que fazer em Étretat
*Agradecimento especial ao Le Havre Tourisme e à Agência EComunica pelo convite.
Foto de destaque: Renato Salles
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.