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Nas últimas semanas, uma discussão sobre viajar incendiou as redes sociais. E olha que está difícil de concorrer com o tal coronavírus. Mas o que esquentou os ânimos foi um simples vídeo de 30 segundos postado por uma passageira de avião. Sentada na penúltima fileira num vôo da American Airlines de New Orleans para Charlotte, ela queria reclinar o assento sobre o passageiro de trás, que estava em uma fileira que não reclina. O homem não gostou, e começou a dar socos repetidos na poltrona da frente, pelos quase 80 minutos do trajeto. O caso correu o mundo, e ninguém conseguiu responder: quem estava errado?
Não foi só gritaria de Twitter, não. Veículos grandes como o New York Times, o Guardian e o jornalista Thiago Ney (assine a newsletter dele, sério!) entraram na discussão. O CEO da Delta se pronunciou dizendo que ninguém deveria reclinar o assento em vôos curtos. O Washington Post criou um guia de etiqueta de assentos de avião. E teve gente dizendo que a civilização morre um pouquinho a cada reclinada. Conclusão? Sei lá.
Uma coisa todo mundo concorda: voar virou um suplício. Nunca viajamos tanto, e mesmo assim a ideia de se enfiar em uma lata voadora por algumas horas nunca foi uma tortura tão grande. Parece que quanto mais gastamos nosso dinheiro para viajar, menos direito a pequenos confortos temos. A bebida é restrita, a comida é uma piada, mala só se você pagar, e o espaço entre as poltronas, ó:
Se você vir uma foto das pessoas voando nos anos 60, provavelmente o que vai te chamar a atenção são as grandes bandejas com comida farta e taças de champagne. Mas repare nas poltronas. Isso mesmo, poltronas, gordas e estofadas, como aquela que o papai gosta de passar o domingo. Como o tempo, as poltronas se tornaram magrinhas, estreitas, secas. Tudo para se tornarem mais leves. E com isso, as companhias também acharam um jeito de espremer mais gente. O espaço ocupado por cada assento caiu de 35 polegadas (89cm) para uma média de 31′ (78cm). Algumas companhias asiáticas chegam a tensas 28 polegadas (71cm). Estou suando só de pensar.
Alguém inventou uma ‘solução’ para o problema. O Knee Defender é um acessório que trava a poltrona da frente, e você consegue voar tranquilo na sua bolha. Deu certo? Claro que não. Vários vôos já tiveram que ser desviados para conter brigas (no sentido de porrada mesmo) por causa dele.
Talvez o errado seja mesmo do capitalismo (não é sempre ele?). Mas acho que a gente também esquece de se apontar o dedo. Se não conseguimos nem conversar com a família no almoço de domingo direito, qual é a chance de resolver uma pendenga dessas no meio de um avião desconfortável? Eu acho que o ideal seria ninguém reclinar mesmo em vôos curtos (convenhamos, deitar o encosto em 2 graus não muda nada na nossa vida). Só que isso nunca vai acontecer. Então, pedir uma licença antes de apertar o botão no descanso de braço seria uma forma bem gentil de atrapalhar o outro.
Fica a sugestão.
Esse texto fez parte originalmente do Chicken Wings #76, a newsletter semanal do Chicken or Pasta. Assine a nossa newsletter e receba esse e outros conteúdos direto no seu email.
*Foto de destaque: pxhere.com
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.