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Turismo em Chernobyl: sim, existe

Quem escreveu

Renato Salles

Data

04 de June, 2019

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Em 26 de abril de 1986, o mundo assitiu ao maior desastre nuclear da história na usina nuclear de Chernobyl, Ucrânia. 33 anos depois, o reator 4 que explodiu continua emitindo índices altíssimos de radiação, e está em andamento a construção de um segundo ‘sarcófago’ de concreto cobrindo o primeiro.

Mesmo assim, a visita à chamada Zona de Exclusão foi aberta à visitação em 2002, e o número de turistas interessados em ver o que sobrou na região cresce a cada ano. Só em 2018 foram mais de 80 mil. Já aconteceu até uma rave nos arredores no ano passado. E com o recente sucesso da série que leva o nome da usina, a expectativa é que esse número cresça ainda mais.

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Para chegar lá, a maioria dos viajantes sai de Kiev, capital do país, que fica a 110km da área. É recomendado que se consiga um pacote com alguma das muitas agências que existem lá, pois a visitação só é liberada com uma autorização do governo com pelo menos 10 dias de antecedência, e dá para imaginar como deve ser difícil fazer isso sozinho. A visita guiada oferece ainda a vantagem de se ter acesso a partes que ninguém entra sozinho, além de, claro, alguém muito mais inteirado das normas de segurança para ajudar. Os tours de 1 dia tem preços que vão de 100 a 150 euros.

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Parece loucura escolher um roteiro desses, mas quando comecei a ler a respeito do que se tem para ver lá, fiquei bem intrigado. A visita inclui obviamente uma volta pela área da usina, pelas unidades 1 e 2, e um mirante de deixa a 200m do sarcófago. Cada visitante recebe um medidor Geiger para acompanhar os níveis de radiação em cada ponto (calma, você só vai receber autorização do governo se os níveis estiverem dentro de uma faixa segura).

Perto de lá, a menos de 3km, fica também a cidade fantasma de Pripyat. No dia do acidente, a cidade de quase 50mil habitantes foi completamente evacuada, e desde então ela está intacta. Hospitais, casas, escolas, tudo foi deixado como um museu a céu aberto da vida da União Soviética dos anos 80.  Com o tempo, a vegetação tomou conta do concreto, e muitos edifícios estão em situação de risco, e por isso foram fechados. Mas algumas histórias curiosas se mantém, como o caso do parque de diversões que abririam 4 dias depois da explosão, e nunca chegou a ser usado.

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A visita também passa pela Floresta Vermelha – formada por pinheiros que mudaram de cor depois da explosão, e depois foi completamente enterrada –  e até a um lago de um rio que passa por baixo da usina, onde hoje moram carpas modificadas (e meio monstruosas). Muita coisa não se pode fotografar, ainda bem. Alguns tours incluem ainda 1 ou 2 pernoites em um hotel perto de Pripyat. A radiação hoje está toda concentrada no solo, então é proibido encostar qualquer coisa no chão, os sapatos depois tem que ser desintoxicados, e recomenda-se levar um bom estoque de água mineral de Kiev.

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Eu confesso que sou mais um dos milhares de viajantes que colocaram Pripyat no bucket list. Mas sabendo que esse ano a cidade vai estar mais visada que cidade-sede de Olimpíadas, por enquanto vou me contentar com um dos muitos tours virtuais que você encontra na internet.

As fotos incríveis são tiradas desse flickr. A foto destaque é do parque abandonado na cidade, por Pe3k – Shutterstock.com

Quem escreveu

Renato Salles

Data

04 de June, 2019

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Renato Salles

Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.