Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Futebol é coisa de macho. E de gays, lésbicas, jovens, velhos e quem mais quiser chutar uma bola. Sabemos disso, mas nem sempre as coisas são simples no país do futebol, onde é comum nos gramados ouvir xingamentos relacionados à cor e orientação sexual dos jogadores. As principais divisões do Campeonato Brasileiro jamais contaram com um jogador homossexual declarado e é rasa a aceitação das torcidas à comunidade LGBTI+.
Assim, cresce o número de equipes esportivas amadoras formadas majoritariamente por LGBTI+ que não se sentem à vontade no ambiente heternormativo das quadras e gramados. Sabe como é, na cabeça do tiozão do zap, homossexual brinca de boneca e não de bola.
Tem equipes LGBTI+ para todos os gostos: futebol, vôlei, handebol, rugby… A ideia é reunir os jogadores num ambiente seguro e agradável, onde não precisam ouvir piadinhas nem fingir serem outras pessoas. Dessa forma, surge uma oportunidade para reaproximar gente que foi afastada do esporte ao serem vítimas de preconceito.
Fábio Alves, nosso colaborador, joga rugby há dois anos no Tamanduás Bandeira. O amor ao esporte é recente e só aconteceu depois de encontrar um lugar onde podia ser feliz: “Desde criança não me enquadrava nos esportes coletivos, por falta de habilidade e sofrer bullying por ser afeminado. Na adolescência pratiquei natação e tentei fazer parte de alguns times de vôlei mas nunca me sentia à vontade num ambiente cercado de homens, na sua maioria cis e héteros”.
Os Tamanduás se reúnem duas vezes por semana, sob o comando da treinadora e ex-jogadora da USP Isabel Vigneron. A cada treino, aprendem as técnicas e jogadas que são aplicadas nos jogos. No final sempre tem um jogo recreativo para pôr em prática o que foi treinado. “Corremos bastante e temos uma variada gama de exercícios físicos”, diz Fábio. A equipe participa de torneio com as seleções brasileiras masculina e feminina de rugby, onde predominam heterossexuais.
Estima-se que haja mais de 50 times de futebol LGBTQI+ no país, que conta com uma liga, A LiGay Nacional de Futebol (os nomes das equipes já merecem troféus). A busca pela representatividade e pela aceitação são os principais motivos para a formação de uma liga de futebol dedicada à comunidade gay. O medo de se assumir também traz à tona o medo de não ser bem-recebido pelos companheiros no futebol. O futebol dá filhotes e a Alligaytors está expandindo as atividades e começando sua equipe de vôlei em março.
A LigGay organiza a Champions LiGay, torneio nacional que está em sua quarta edição. Brasília será palco do maior evento esportivo LGBT já realizado no Brasil. Serão 480 atletas de futebol amador, defendendo 24 equipes de todo o país. A festa vai rolar nos dias 19, 20 e 21 de abril e a é entrada gratuita.
Bora nessa? Fábio ratifica: “comecei no rugby sem pretensões e até hoje, apesar de todos os machucados, brigas e contusões, continuo apaixonado pelo esporte e pela minha família Tamanduá”.
Conhece alguma equipe pra indicar? A caixa de comentários é sua!
*Foto de destaque: Champions Ligay – Facebook
Carioca da Zona Norte, hoje mora na Zona Sul. Já foi da noite, da balada e da vida urbana. Hoje é do dia, da tranquilidade e da natureza. Prefere o slow travel, andar a pé, mala de mão e aluguel de apartamento. Se a comida do destino for boa, já vale a passagem.
Ver todos os postsMaravilhosa a matéria, parabéns, sou o Davi e faço parte da equipe de futebol alligaytors, como falamos lá, sou gaytors, kkk obrigado pela visibilidade !
Opa!! E melhor nome… hahahaha
Cresçe o número e diminui a integração. Aumenta também os esteriótipos. Não se pode ter tudo.
Allan, não conseguimos entender o que você quis dizer. O que você acha que poderia ser feito para aumentar a integração e diminuir os esteriótipos? Vamos chamar também a Luciana, autora do texto, para participar desse debate?
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.