Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Adoro ouvir falar de um soft opening. Somo à curiosidade da experimentação aquele tête-à-tête com os chefs, ávidos pela opinião de comensais. E se tem uma coisa que eu gosto de dar na vida é opinião. (Duvida? Deixa aí um comentário pra ver!)
Por isso curti visitar o restaurante Imakay que, veja só, vem direito de Campo Grande (aquele do Mato Grosso do Sul!). O que mais se nota de cara são as influências peruana e japonesa, somadas a técnicas de churrasco e parrilla, fazendo com que tudo tenha um toque extremamente autoral – inclusive os clássicos.
Imakay significa “conceito” em quíchua (dialeto indígena da época do Império Inca), e fica clara a vontade dos chefs Luís Eduardo Mora e David Rodrigues e ter uma voz própria. Além da mistura inusitada de fogueira com Peru e Japão, que por si só já é um conceito, os ingredientes locais tem vez e voz – como o peixe carapau, que ficou ótimo em um niguiri.
Sentamos logo no balcão como todo menu degustação deve começar. O salão de tamanho médio também segue a linha Japan meets Peru, com grafite do artista Julian Gallasch misturado aos elementos minimalistas. É hora de tomar um dos drinks exclusivos da casa. O Houdini, por exemplo, traz bourbon e algodão doce de Campari, que desaparece aos olhos do cliente quando finalizado na mesa. Suas apostas são em receitas aromáticas, cítricas e frutadas – bem o tipo de drink que eu gosto. Experimentei o Sin City, com whisky, tangerina, xarope de capim santo e curry, perfume de Laphroaig, limão, pêra e guarnição de queijo Prima Dona tostado com mel para harmonizar. Parece drink mas é obra de arte disfarçada.
Acompanhamos também a entrada, um Usuzukuri, com um mojito da casa. Rodrigues fatia meticulosamente as finas lâminas de buri, unidas com molho ponzu (blend de shoyu, cítrico yuzu e dashi) e finaliza com pesto da casa e ovas de massago. Vários pratos são finalizados assim, aos nossos olhos.
O famoso ceviche peruano com leche de tigre vem acompanhado com chips de batata doce.
Um sashimi de polvo com molho cítrico nos deixou pedindo mais!
O Polvo Estofadito é cozido lentamente em temperatura baixa, para depois ser finalizado no fogo intenso da parrilla e servido com feijões e quiabos defumados, acompanhado de folhas cítricas. Honestamente, um dos melhores polvos – e quiabos – que já comi!
O shari-su, tempero do arroz japonês, teve receita desenvolvida ao longo de 3 anos por Rodrigues e tem como base o aka-su, vinagre envelhecido raro e importado do Japão. A temperatura do arroz é medida várias vezes durante o serviço e garante a precisão ideal ao chegar ao paladar, com peixe frio e shari morno, já cuidadosamente temperados pela mão do chef com wasabi e shoyu. Tivemos a sorte de provar o carapau – um dos melhores pescados da nossa costa, bem gordinho e saudável.
Um dos maiores destaques é o atum selado na parrilla acompanhado de vagem tostada e dois molhos clássicos peruanos, o anticuchero e huacaína, feitos com as pimentas peruanas ají panca e ají amarillo, ambas com a picância retirada.
Para terminar, o cheesecake com base de biscoito Oreo e com leves notas amargas de creme de matchá. Sobremesa incrivelmente saborosa. Fiquei com vontade de ir no meio da tarde só pra comer essa sobremesa de novo.
Ingredientes de verdade com conceitos únicos: acho que é isso que os verdadeiramente bons restaurantes em São Paulo tem a oferecer, para aqueles dias especiais. Se isso é o soft opening, quero ver quando o mundo descobrir. Vida longa ao Imakay!
Imakay
Rua Urussuí, 330 – Itaim
(11) 3078-7786
Seg. a qui., das 19h às 23h. Sex. e Sáb., das 19h às 24h.
@imakaysaopaulo
* Foto de destaque: Marinho
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsNossa eu fii lá. A comida é boa sim, mas as porções são micros!!!! Eu e uma amiga pagamos caro e saímos de lá com fome. Péssimo custo benefício, infelizmente…
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.