Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Amantes da leitura, uni-vos, pois vai rolar a primeira edição do Festival Mário de Andrade – A Virada do Livro, um evento lindo e mais do que necessário nesse momento em que temos um governo contra a cultura.
Será a primeira grande festa de rua dedicada ao livro e à leitura em São Paulo. Na agenda mais de 150 atividades gratuitas espalhadas por onze pontos da cidade entre 4 e 6 de outubro. Destaques não faltam! Entre eles tem o líder indígena Ailton Krenak, Isabela Figueiredo, Fernanda Montenegro, Lilia Schwarcz, Milton Hatoum, Russo Passapusso (BaianaSystem), além de nomes internacionais como o Kalaf Epalanga (Buraka Som Sistema), Mia Couto e Zamaswazi Dlamini-Mandela (neta do Mandela).
A programação conta com conversas com autores, oficinas, espetáculos de rua, duelo de cordel, sarau, teatro, dança e música.
Batizado Corredor do Livro, o trajeto entre a Biblioteca Mário de Andrade e a Praça das Artes, passando pela Rua Coronel Xavier de Toledo e pelo Theatro Municipal, é o eixo central do evento, que se espalha ainda pelos centros culturais Tendal da Lapa e Cidade Tiradentes, Centro de Culturas Negras e Centro Cultural da Juventude.
Neste trecho principal, cem tendas abrigam as principais editoras, livrarias, bancas e coletivos do Brasil, como Companhia das Letras, Banca Tatuí, Record, Todavia, Planeta, Editora 34, Ubu, Zahar, Saraiva, Senac, Edições Sesc SP, Leia Mulheres, Poetas do Tietê, Nômade, Perifatividade e Fantasistas, Quilombhoje, entre outros.
O evento promove a ocupação cultural da cidade em um grande encontro inspirado na cultura do livro, reunindo autores, editores, leitores, bibliotecários, livreiros, coletivos e públicos de todas as idades e de todo o Brasil. A Virada do Livro apresentará também várias iniciativas editoriais voltadas para a diversidade LGBTQIA+, a questão racial e o feminismo.
A abertura do evento, dia 04 de outubro, às 19h, na Praça das Artes, é marcada pela apresentação compacta de “Yebo”, espetáculo no estilo gumboot dance (dança de botas de borracha), criado pelos trabalhadores das minas de ouro e carvão da África do Sul, no século XIX. A coreografia aborda a exploração tanto dos minérios como dos sete povos que os extraíam, assim como a espera das mulheres por seus maridos mineiros.
Após a apresentação, o autor moçambicano Mia Couto conversa com a jornalista, escritora e atriz Bianca Ramoneda sobre questões como as relações do homem com seus pares e o planeta, analisadas sob uma perspectiva africana e literária. Na ocasião, o ator Silvio Restiffe lê trechos da obra do autor. No dia 5, Mia Couto bate um papo com Milton Hatoum, no Tendal da Lapa, às 17h30.
No Theatro Municipal, a atriz Fernanda Montenegro, indicada ao Oscar por “Central do Brasil”, lança o seu livro de memórias “Prólogo, Ato, Epílogo” (06, às 16h), relembrando sua trajetória em conversa com a jornalista Marta Góes, colaboradora do livro.
Já a programação da Praça das Artes reúne debates, bate-papos e intervenções. Entre os destaques, o encontro da moçambicana Isabela Figueiredo, autora de “Caderno de Memórias Coloniais”, com Milton Hatoum, autor de “Dois Irmãos” (05); o espetáculo “Goitá”, que reúne a companhia de dança Cisne Negro e a companhia de teatro de bonecos Pia Fraus (06); a conversa sobre natureza, ação predatória do homem e criação artística entre o líder indígena, ambientalista e escritor Ailton Krenak e a artista visual da região amazônica Berna Reale (05); e o bate-papo da autora gaúcha Angélica Freitas com a escritora portuguesa Alexandra Lucas Coelho sobre arte, criação, feminismo e o lugar do escritor nos debates das grandes questões do mundo.
Na Biblioteca Mário de Andrade, oficinas, teatro e música compõem a programação. Entre os destaques está a peça “Amar, Verbo Intransitivo”, texto de Mário de Andrade. Com direção de Dagoberto Feliz, o espetáculo tem apresentações sexta (04), sábado (05) e domingo (06). Na programação infantojuvenil, duas peças da Cia. das Cores: “Chiquinha Gonzaga, a Menina Faceira” (05) e “Tico-Tico” (06). A programação musical da Mário fica por conta dos shows Dueto, voz e violão com Livia & Arthur Nestrovski (06); e “La Commedia é Finita” (05), com Rômulo Fróes, Clima, Rodrigo Campos, Kiko Dinucci, Juliana Perdigão, Richard Ribeiro e Fábio Sá, num show com canções compostas por Clima e Nuno Ramos.
Entre as oficinas ministradas na Biblioteca Mário de Andrade, destaque para temas como poesia, com Angélica Freitas (05 e 06); performance, com Ricardo Aleixo (05 e 06); romance, com Assis Brasil (06); e contos, com Socorro Acioli (05 e 06). Uma programação especial do Centro de Pesquisa e Formação – Sesc SP oferece oficinas como as de conservação em acervos, com Fernanda Kelly Silva de Brito (05); e estudos de palavras, com André do Amaral (06).
No domingo, a Dom José Gaspar é palco do debate “Escritos na Rede”, que propõe uma conversa sobre redes sociais, literatura e comportamento. O bate-papo conta com a presença do ilustrador Aureliano Medeiros, autor de “Madame Xanadu”; da youtuber Liliane Prata, autora de “O Mundo Que Habita em Nós”; e da poeta Ryane Leão, autora de “Tudo Nela Brilha e Queima”. O palco também recebe “Coro de Vozes Comuns – Voco”, uma intervenção comandada pelo performer Ricardo Aleixo.
O Sesc São Paulo apresenta, entre os dias 4 e 6, uma programação especial na unidade 24 de Maio e no Centro de Pesquisa e Formação. Entre os destaques, a Feira de Publicações das Edições e Selo Sesc, com livros, CDs e DVDs; bate-papos sobre conservação de acervos e cultura negra; duas apresentações da Orquestra Modesta, com repertório do álbum “Canções para Pequenos Ouvidos”; a coreografia Mar: Uma Dança com o Vento, de Marina Guzzo; e o show com contação de causos do violeiro Levi Ramiro.
Kalaf Epalanga e Russo Passapusso participam da mesa Sound System para falar sobre arte, experimentação e reinvenção dos lugares. A jornalista Adriana Couto será a mediadora do bate-papo que acontece na Praça das Artes, no dia 6, às 17h.
No dia 6, às 19h, na Praça das Artes, a Zamaswazi Dlamini-Mandela e Sam Venther, organizadora das cartas da prisão, encerram o Festival com um tributo a Mandela. A conversa é mediada pela historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz e o ator Felipe Soares fará leituras das cartas de Mandala.
Quem não estiver em São Paulo, poderá acompanhar o Festival Mário de Andrade – A Virada do Livro ao vivo via streaming no SPcine Play. A transmissão começa com o bate-papo com o Mia Couto, no dia 4, às 19h30.
A programação completa está aqui.
*Foto destaque: Fernanda Montenegro por Paulo Belote / Rede Globo
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.