Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
A resposta da interconexão do esporte com o ecossistema de inovação foi o que inspirou a criação do Winds For Future, um festival ecotech que aconteceu fim de semana restrasado na praia do Cumbuco, Ceará.
O festival foi um encontro de ‘startupeiros’, entusiastas de tecnologia, empreendedores e sim – velejadores. Tudo com um objetivo muito claro e lúcido: dialogar sobre soluções inovadoras para o futuro sustentável do planeta.
O cenário era imersivo por si só: a praia. Conhecida mundialmente como a meca do kitesurfe, a praia do Cumbuco se apropriou do que tem de melhor para inspirar a conexão, afinal é ali onde existe o melhor vento do mundo para a prática do esporte.
A temática do Winds for Future surge de uma preocupação diante do aquecimento dos oceanos causado pelas emissões de carbono. Segundo publicado pela revista Scientific American, cientistas constataram que 90% desses efeitos é absorvido pelos mares do mundo. O estudo ainda aponta que até 2050 a previsão é termos mais toneladas de plástico nos oceanos do que peixes.
E o timing do festival não poderia ser melhor: na mesma semana, ocorreu a Greve Mundial pelo clima, promovida por jovens no mundo que resolveram assumir a responsabilidade sobre o seu próprio futuro, movidos pelo sentimento de esperança para despertar a consciência das pessoas acerca das mudanças climáticas.
O movimento foi liderado pela sueca Greta Thunberg, que em meio a lágrimas e coragem, emocionou o mundo com seu discurso nas Nações Unidas. “O mundo está despertando. A mudança está vindo. Queira você ou não.”
O centro dos diálogos nos dois palcos do evento – Hack Paradise e Verdes Mares – foi chamar a atenção para os impactos ambientais e disseminar a importância da tecnologia a favor da redução desses danos.
Os participantes debateram com 42 palestrantes sobre saúde, educação, mobilidade urbana, tecnologias emergentes, futuro do trabalho, nômades digitais, entre outros, sempre com o foco no impacto ambiental hoje e amanhã.
Débora Garofalo, finalista do Prêmio Global de Professores, considerado o “Nobel” em Educação, fez o público levantar e aplaudir de pé quando contou sua realidade pessoal na lida com a transformação a partir de um projeto que ensina robótica a partir do lixo.
Entre os nomes internacionais estiveram presentes Kate Chandler, comunicadora e a engenheira de software e nômade digital Tijana Momirov.
Além dos palcos, o festival organizou um hackathon e uma ecovila, espaço social totalmente aberto ao público.
Música também foi presente, com shows de Selvagens à Procura de Lei, que contou com uma participação surpresa de Gabriel O Pensador, além de DJs que animaram os KiteFests nos dois dias do evento.
O objetivo dessa iniciativa, que teve apoio do Governo do Estado do Ceará, é compensar esses números por meio de ações que vão trazer melhorias imediatas para a região, consequentemente para o país e ainda fortalecer a posição do estado como hub tecnológico e plataforma de conexão entre a América Latina e o mundo, com alta vocação para atrair empresas ligadas à área.
O festival nasceu com o propósito de ter edição anual e já contabiliza os efeitos positivos sobre a produção do projeto para o meio ambiente: foram 75 expositores levaram suas marcas e oferecem diálogos e experiências, e 2,5 mil participantes que contribuíram para economizar o equivalente a 7.800 copos/garrafas plásticas e 2.800 talheres descartáveis.
Tudo acompanhando pela Intention Ventures, que fez todo o mapeamento ecológico e social do festival.
Dizem por aí que o kitesurf é como o golfe dos anos 80. Empresários bem sucedidos se encontravam nos clubes e jogam golfe enquanto faziam network. Entre uma rodada e outra, trocavam figurinhas sobre o mercado e se aproximam dos cérebros que estavam fomentando a economia. Afinal, não é novidade que grande parte das redes de negócio sempre surgem em locais informais.
Definitivamente, não há a calmaria de um campo de golfe na prática do kitesurf. Mas a associação com a mente de um empreendedor do século XXI, que surfa no mundo das incertezas e volatilidade potencializada pelas tecnologias emergentes encontra, no esporte, a simulação da experiência de co-fundar uma startup: lidar com a vela, com a maré, com o velejador ao lado, as intempéries da natureza… Fazer tudo isso com o objetivo de ‘voar’ me parece uma boa experiência imersiva para treinamento do mindset empreendedor!
À primeira vista, o esporte tem ritmo acelerado e pode parecer perigoso, pois combina elementos de wakeboard e surf. Foi Bill Tai, investidor e kitesurfista do Vale do Silício, que se uniu com Susi Mai, uma surfista profissional norte-americana há cerca de cinco anos e iniciou uma comunidade de kiters – a Mai Tai – que hoje já é um evento anual realizado em Maui. O seleto grupo, que tem mais de 150 membros, também é convidado para finais de semana em outras ilhas do mundo.
Segundo Bill, o processo de construção da empresa é um ciclo super longo, em que o feedback do mercado é medido em meses ou anos.” No kite, você obtém um feedback instantâneo sobre se está ou não fazendo progresso real. O que é comum a ambos é que eles estão em constante evolução – nada permanece estático no mar”, diz ele.
Essa semelhança já tem atraído inovadores de alto estirpe, que ajudam a potencializar o storytelling: o fundador do Google, Larry Page, o magnata comercial britânico Richard Branson, o secretário de Estado dos EUA John Kerry e Barack Obama já são grandes no kitesurf.
Até semana passada, o recorde mundial de velejadores na água era do Richard Branson. Desde que foi organizada pela primeira vez em 2013, a Virgin Kitesurfing Armada quebrou consistentemente o recorde do maior desfile de kitesurfistas. O evento anual bateu o recorde ao longo da costa da Ilha Hayling, em Hampshire, Reino Unido, em 2013, com 318 participantes – liderados por Richard Branson – e depois o quebrou no ano seguinte no Best Pro Center, em Tarifa, Espanha, com 352 pessoas.
O último foi em 2016 e agora, é nosso e aconteceu aqui no Cumbuco. Foram 596 kitesurfistas que se tornaram recordistas do Guinness World Records velejando juntos durante um percurso de 2 quilômetros.
O recorde não só proporcionou uma emoção unânime para quem estava lá, mas o impacto é direto na economia local de todas as praias do Ceará.
O litoral oeste do Ceará é reconhecido como a meca do kitesurf porque conta com condições perfeitas para a prática de esportes de velejo durante 9 meses do ano. Isso já tem atraído nômades digitais e empreendedores do mundo todo que cruzam oceanos para desfrutar desta condição climática única, e faz todo o sentido o movimento Winds for Future ter o local como ponto de partida.
Pensa comigo: se você pode trabalhar de qualquer lugar do mundo, porque não do paraíso que é o Cumbuco?!
E ai comunidade empreendedora, vamos aprender a velejar? Quem sabe não dobramos esse recorde ano que vem reunindo o nosso ecossistema brasuca de inovação!
Richard Branson que se cuide ;)
Foto destaque Divulgação
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
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Parabéns
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