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A casa onde morou por 60 anos Roberto Marinho (1904-2003), nosso Cidadão Kane, abriu as portas ao público em abril de 2018 e já chegou chegando na cena cultural carioca. Não à toa, no feriado ensolarado de 1o de maio, encontramos o Instituto Casa Roberto Marinho lotado de pessoas de todas as idades. Até então, o Rio de Janeiro não contava com um espaço onde houvesse modernismo brasileiro permanentemente em exposição.
Nos anos 1930, Roberto Marinho era um jovem jornalista que era amigo de artistas da sua geração, como Portinari, Guignard e Pancetti. Visitando ateliês, salões e galerias, adquiriu entre 1930 e 1980 obras destes e de outros pintores modernistas. A significativa coleção de arte que normalmente era emprestada a museus finalmente ganhou um espaço definitivo. E que espaço.
Encravado na Floresta da Tijuca e aos pés do Cristo Redentor, o Instituto tem 10.000 m² e um casarão neocolonial de 1939 como sede. O jardim foi projetado por Burle Marx. E o instituto foi inaugurado com duas exposições: “Modernos 10”, com 124 obras de 10 expoentes do modernismo da coleção particular de Marinho; e “10 contemporâneos”, com pinturas, fotos e serigrafias de artistas da nossa época com os temas ‘casa’ e ‘arquitetura’. Parte do acervo de 1.473 itens já adornava as paredes quando os moradores estavam lá; outra estava na reserva técnica.
A casa passou por várias modificações para atender ao público: a piscina virou um espelho d’água, a sauna converteu-se na administração e o anexo dos empregados é agora o estacionamento de visitantes. Os icônicos flamingos rosa que passeavam pelo terreno não resistiriam às crianças cariocas e ganharam novo lar. Mas nem tudo mudou: o Rio Carioca, que teve seu curso mudado para ser incluído no terreno, ainda serpenteia por lá. O salão de festas guarda o piano já tocado por Pixinguinha e Dorival Caymmi. E a Casa é rosa, do jeito que os cariocas imaginávamos ao ler as colunas sociais quando criança.
Sei bem o que você está pensando: não curto esse lance de culto à personalidade de dono de mega conglomerado de mídia. Mas relaxa, o diretor executivo do instituto recebeu da família a missão de não transformar a casa em um lugar de culto ao patrono. Não há fotos, busto ou livros de Roberto Marinho, e você sai do lugar pensando que é assim que milionários devem gastar sua fortuna: dando acesso aos brasileiros à arte da melhor qualidade. Deixe seu preconceito de lado e venha aproveitar o corredor cultural e arquitetônico que se tornou essa região do Cosme Velho. Num raio de 500m, você pode combinar sua visita ao Instituto com o belíssimo (e em vias de renovação) Largo do Boticário, o Solar dos Abacaxis e a subida para o trenzinho do Corcovado. A Casa Roberto Marinho é o tipo de lugar que vale a visita independente da exposição – já mencionei o jardim de esculturas com obras de Raul Mourão e Carlos Vergara? Mas vá sem fome: o café não é o forte do lugar.
Instituto Casa Roberto Marinho
Rua Cosme Velho, 1105 – Cosme Velho – Rio de Janeiro
De terça a domingo, de 12h às 18h
Ingressos: R$ 10 (inteira). Meia entrada: jovens de até 21 anos, estudantes universitários, professores, maiores de 60 anos, cariocas, moradores da cidade do Rio de Janeiro e pessoas com deficiência R$ 5,00. Ingresso Família válido aos domingos até 4 pessoas: R$ 10,00
Gratuito: crianças com até 5 anos de idade, alunos de escolas públicas (ensino fundamental e médio), professores de escolas públicas, guias de turismo, profissionais de museus
Quarta-feira: gratuito para todos os públicos
Carioca da Zona Norte, hoje mora na Zona Sul. Já foi da noite, da balada e da vida urbana. Hoje é do dia, da tranquilidade e da natureza. Prefere o slow travel, andar a pé, mala de mão e aluguel de apartamento. Se a comida do destino for boa, já vale a passagem.
Ver todos os postsObrigada pelo feedback, Breno. Editamos o conteúdo. Tem sugestão de lugar legal pra comer por aqueles lados? Até onde sei, tem poucas opções pra quem tá à pé.
Só uma atualização. O Prana do Cosme Velho fechou. Eles estão atendendo apenas no endereço do JB.
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.