Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Abriu nesta terça-feira a exposição “Björk Digital”, no MIS – Museu da Imagem e do Som, que ilustra toda a dor do rompimento da artista com seu ex-marido Matthew Barney.
O coração partido é um terreno fértil para a criatividade. Tivemos Sophie Calle com “Cuide de Você”, obra criada a partir do rompimento do então parceiro Grégoire Bouillier através de uma carta; e Marina Abramovic com “The Lovers”, performance feita em uma caminhada de 2.500 quilômetros na Muralha da China com o seu ex Ulay. Björk externou toda sua dor pelo rompimento com o então marido Matthew Barney criando o álbum Vulnicura (2015) – que significa “feridas abertas” em latim – e é sobre isso a exposição.
O álbum Vulnicura é quem conduz a exposição “Björk Digital” através de seis vídeos produzidos em realidade virtual, apresentados em quatro salas distintas. Neles, a artista se desnuda compartilhando toda a sua dor e vulnerabilidade. É possível senti-la próxima e de forma íntima, trazendo uma vontade imensa de abraçá-la.
A ordem para assisti-los segue mais ou menos a mesma do disco. Stonemilker, que abre Vulnicura, foi filmado em Grótta, uma praia de areia preta em Reykjavik, na Islândia. Tanto a canção quanto a interpretação de Björk são corroídas pela tristeza. São pouco mais de seis minutos em que ela vai girando em torno de seu interlocutor, quase tocando-o.
Black Lane traz uma experiência visceral da música Black Lake. Aqui o vídeo produzido por Andrew Thomas Huang traz outra oportunidade para mergulhar nessa terra estranha e bela que é a Islândia. Björk se arrasta, ajoelha, dança buscando por uma libertação que parece surgir ao fim do clipe.
Na terceira sala são dois vídeos apresentados sequencialmente, Mouth Mantra e Quicksand. O primeiro é claustrofóbico, onde somos atirados para dentro da boca da Björk. Além da claustrofobia, ficamos zonzos com os giros rápidos e contorções das imagens. Já Quicksand, produzido em Tóquio e transmitido ao vivo em 360º graus online na época em que foi feito, traz a artista flutuando e dançando ao redor do espectador com muitos elementos gráficos virtuais. O vídeo é belíssimo.
Por fim, Family e Notget são assistidos em pé. São vídeos mais interativos, produzidos com imagens combinadas em 3D de alta resolução. Notget, dirigido por Warren Du Perez e Nick Thorton Jones, parece acontecer dentro de uma caverna de gelo. Traz paisagens oceânicas da Islândia e imagens gráficas remetendo à aurora boreal. É lúdico e interativo. Por fim, Family é o fechamento dessa jornada de desespero, levando Björk ao empoderamento. Ali parece que a dor se dissipa e temos uma Björk mais leve.
Biophilia, a quinta sala da exposição, traz um projeto educativo, com tablets, onde é possível compor músicas. Dá para passar um bom tempo por ali brincando de produtor.
Ao final, uma sala de cinema repleta de pufes abriga dezenas de videoclipes produzidos ao longo da carreira da artista. A diferença entre essa exposição e as que passaram por algumas outras cidades, como Tóquio, Barcelona, Cidade do México, Londres e Los Angeles, são os novos clipes feitos a partir do último álbum Utopia.
Para quem adora fotografar exposições, nessa não é permitido. Mas também não há muito o que fotografar, já que todo o seu conteúdo e experiência surgem diante dos seus olhos apenas após colocar os óculos de VR. São pelo menos 2 horas de experiência para ver tudo e uma oportunidade única de mergulhar dentro do universo da Björk.
Björk Digital
Até 18 de agosto de 2019
Terça a sábado, das 10 às 20h; domingo e feriado, das 10 às 19h.
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Compras online
MIS. Av. Europa, 158, Jardim Europa.
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.