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Berlim x São Paulo: como anda a mobilidade urbana

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

06 de November, 2019

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Bicicleta só fez parte da minha vida na adolescência. Depois de ir morar na região central de São Paulo, a minha mobilidade se restringiu ao transporte público, carro e caminhada. Pedalar na cidade só voltou a ser realidade há poucos anos aos domingos, quando foram criadas ciclofaixas especiais, e eu me sentia segura pedalando.

Ainda assim, eu me tornei uma grande medrosa por falta de prática na hora de pedalar nas cidades para onde viajei. David Byrne afirmou em seu livro “Diários de Bicicleta” que os principais ganhos para quem pedala é a sensação de liberdade e a de pertencimento ao espaço. Para mim não há melhor forma de desbravar uma nova cidade do que numa bike. Isso cria uma maior proximidade com o local onde estou, entendo melhor a estrutura da cidade e descubro lugares que não descobriria tão fácil de outro jeito. Além disso, pedalar tem outros ganhos como ser menos poluente, é mais econômico e mais saudável, além de ser um meio de transporte democrático.

Nessa minha jornada por anos tentando vencer o meu medo de pedalar, eu concluí que não tinha coordenação motora suficiente para tal até me mudar para Berlim. A cidade é realmente um sonho para quem gosta de se mover pra cá e pra lá de bicicleta. Eu, em menos de um mês morando aqui, já estou quase isenta dos meus medos. Por isso não estranho quando vejo Berlim liderando rankings de mobilidade.

Ciclista em Berlim. Foto: Flo Karr / Unsplash

São Paulo tem melhorado bastante nesse quesito. Há bem pouco tempo a cidade era um pesadelo para quem escolhia se locomover de bicicleta. Não que ela seja uma grande maravilha hoje, mas evoluiu muito nos últimos anos e acredito que vá melhorar mais, especialmente porque o carro há muito tempo é um meio de transporte insustentável e as pessoas estão ocupando as ruas com suas bicicletas cada vez mais. Para quem torce o nariz para a capital paulistana nesse quesito, de acordo com o estudo feito pela Mobility Futures, São Paulo está entre as 10 cidades do mundo com usuários mais conscientes. Se o cidadão tem consciência, a mudança acontece, mesmo que a passos lentos. Nesse mesmo estudo, Berlim lidera o ranking, mas nele sequer aparecem Amsterdã e Copenhagen na lista Top 10, ainda que as cidades estejam no relatório. Para essa pesquisa foram entrevistados 20.000 habitantes, 53 especialistas em mobilidade em 31 cidades de 5 continentes. São Paulo ganhou o penúltimo lugar na questão mobilidade, atrás apenas de Nairóbi, mas está em 8º lugar no uso de apps para mobilidade. Ou seja, São Paulo tem avançado no assunto.

Pesquisando sobre as melhores cidades do mundo para pedalar, os rankings variam de acordo com a pesquisa, já que cada uma leva em consideração diferentes quesitos. Porém – surpresa! – Berlim aparece bem posicionada em todos eles. A startup de seguros alemã Coya publicou o Bicycle Cities Index 2019 com 90 cidades listadas. Berlim ficou em 19ª lugar no ranking de melhores cidades para pedalar, enquanto São Paulo figurou em 76º.

Berlim tem 900 km de ciclovias e a cidade continua em construção. Há algumas poucas avenidas grandes sem ciclofaixa, mas aí é só pedalar na faixa de carro/ônibus mesmo que não tem problema. Ninguém vai buzinar ou avançar em cima de você. A grande vantagem aqui em relação a São Paulo é a cidade ser praticamente plana. A bike é um dos principais transportes de locomoção da cidade, incluindo a facilidade de poder levá-la no transporte público para locomoções mais distantes. É cobrada uma tarifa para transportá-la, de €1,20 a €1,90 por viagem, ou €10,20 por mês, na região central .

Inauguração da ciclovia Av. Paulista em 2015. Foto: Mariana Gil

Comparar Berlim e São Paulo é injusto, eu sei. Mas fazendo uma análise mais profunda, é perceptível a melhora da segunda no assunto. De acordo com o CET, São Paulo tem hoje 503 km com tratamento cicloviário permanente, sendo 473,3 km de ciclovias e ciclofaixas e 30,3 km de ciclorrotas. A cidade de São Paulo saltou de 82,2 km da rede cicloviária que tinha em 2012 para 499 km em 2016 (gestão Haddad). No Plano Cicloviário de São Paulo 2019, lançado em abril pelo atual prefeito Bruno Covas, constam 173,35 km planejados + 122,2 km de ciclofaixa operacional de lazer implementados até 2020.

Ver São Paulo aparecendo em rankings internacionais também traz esperança de que pedalar na cidade seja cada vez mais comum e seguro. O caminho a ser percorrido é longo, mas ele começou.

Muitos amigos em São Paulo tem bike como principal transporte de locomoção e eu agradeço a todos os heróis que há tempos desbravam a cidade numa bike, mesmo quando ela era ainda menos amigável para isso.

Se puder, vá de bike. Esse é hoje o meu lema.

*Foto destaque: D A V I D S O N L U N A / Unsplash

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

06 de November, 2019

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Lalai Persson

Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.

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