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Cobertura pré e pós do SXSW 2022 com as melhores dicas: quais são as palestras, ativações, shows e festas imperdíveis no festival.

Balanço final do SXSW 2019 – As tendências que você precisa conhecer

Quem escreveu

Tácito Viero

Data

01 de April, 2019

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Apresentado por

Ano após ano, a cada término de SXSW a gente se depara com inúmeros artigos, eventos, posts do LinkedIn avaliando a experiência pessoal de cada participante do festival. O SXSW Interactive de 2019 foi grande, lotado, cheio de patinetes, e apesar de já rolar há 32 anos, ainda é o melhor lugar do mundo para conhecer negócios e empresas na vanguarda da inovação e aprender sobre tecnologias emergentes e tendências.

SXSW 2019. Foto: Anne Cox / Divulgação
Elizabeth Warren no SXSW 2019. Foto: Anne Cox / Divulgação

Com o término da edição de 2019 – e algum tempo para analisar e digerir tudo que aprendemos, assistimos e visitamos lá – ficou claro como alguns pilares definiram os temas principais do festival nesse ano. Como sempre, os grandes players de suas respectivas indústrias compareceram em peso no festival, porém dessa vez, tiveram um cuidado de não apenas vender sua marca ou produto, mas também apresentar seus propósitos e comprometimento da marca com o bem comum. Impacto positivo, diversidade, tecnologia com propósito – o SXSW talvez tenha sido, mais do que nunca, um lembrete sobre o que nos torna humanos – e como talvez essa seja a única coisa que pode nos salvar de um futuro distópico. Sim, somos humanos e imperfeitos, e tá tudo bem.

Transformamos tudo que nós – e nossa rede de curadores e especialistas – assistimos e vivemos no festival durante seus dez dias em 7 aprendizados. Vamos compartilhar quatro deles aqui no post, mas pra quem quiser tem como conhecer também as outras três. Vem com a gente que contamos como!

Human Techlash – a busca da essência humana na era da divindade tecnológica

Em uma evolução da tendência de 2018, onde o foco era a revalorização humano e um olhar para  suas forças, sensibilidade e diversidade; em 2019 a tendência vem acompanhada de um fator a mais – palavrinha inclusive repetida um muitas das palestras, pelo centro de convenções e nas conversas de bar da galera: Techlash. Foi possível ver no festival, além da já falada priorização do humano, uma postura ativa e confrontadora diante das gigantes de tecnologia, especialmente Facebook, Amazon e Google.

Roger McNamee, um dos primeiros mentores de Mark Zuckerberg e investidores do Facebook, falou em sua sessão sobre seu recém lançado livro, Zucked, onde analisa de uma perspectiva pessoal o caminho catastrófico que a plataforma tomou nos últimos anos devido ao seu modelo de negócios. McNamee discutiu com Nicholas Thompson, editor-chefe da Wired, suas grandes preocupações em relação ao futuro da empresa e a urgência das lideranças de grandes empresas em assumirem responsabilidade pelos danos causados e firmarem seu compromisso com a sociedade.

Outra crítica, ainda mais ferrenha, foi Elizabeth Warren, pré candidata a presidência dos EUA pelo partido democrata. A proposta de Warren é ainda mais radical ao propor que, se eleita, vai quebrar as grandes empresas de tecnologia que, em sua opinião, usam os dados de seus usuários irresponsavelmente e exercem grande influência e controle sobre a vida das pessoas.

Olhando para a tecnologia de forma mais geral, Douglas Rushkoff realizou – mesmo que por Skype – uma grande apresentação no festival. O pensador diz estar comprometido com o “time humano” quando todo mundo parece achar o “time tecnologia” bem mais interessante. O palestrante fez diversas provocações a empresas e figurões da tecnologia ao expor como ela tem sido usada exclusivamente para servir aos negócios e seus shareholders e como, para ele, todo ser humano possui valor intrínseco, muito além do valor atualmente baseado no valor econômico que geram para grandes corporações.

Mais longe, mais rápido – como a smart mobility muda tudo

Scooters! Com a chegada e popularização do uso de scooters – ou como chamamos aqui no Brasil, patinetes – o centro de Austin foi tomado pelos milhares de participantes do festival em cima de suas scooters de um lado para outro atrás das muitas venues – e festinhas – espalhadas pela região. Essa foi uma demonstração na prática de um dos assuntos mais abordados nas palestras de mobilidade, a micromobilidade e o transporte inter-modal.

Scooters tomam ruas e ciclofaixas de Austin. Foto: The Verge

Muitos dos especialistas acreditam no potencial dos transportes conhecidos como “last mile” para resolver muitos dos problemas relacionados ao acesso ao transporte e trânsito nas grandes cidades. Em um painel com investidores de startups do universo da mobilidade, foram citados os sucessos de implantação de bicicletas e patinetes em muitos países, em especial na America Latina – onde são uma solução barata e rápida para os sérios problemas de infraestrutura em suas capitais e grandes cidades, onde esperam se popularizar ainda mais.

Mas se bicicletas e patinetes já perderam a graça pra você, não se preocupe. Uma série de iniciativas e protótipos de alta tecnologia também foram discutidos e apresentados no SXSW. A Embraer, que patrocinou toda a track de Tech Industry & Enterprise, convidou o público a conhecer seu projeto com a Uber, o chamado eVTOL (em livre tradução, “veículo elétrico de decolagem e pouso vertical”). Essas aeronaves são algo entre um drone e um helicóptero que poderia fazer uma viagem entre São Paulo e Campinas em apenas 18 minutos! A Uber tem grande interesse no desenvolvimento desse tipo de aeronave, que pretende oferecer como uma nova modalidade de transporte para seus usuários. Os desafios em se criar um serviço completamente novo são gigantes – especialmente em termos de legislação – mas as empresas estão confiantes que o eVTOL será um veiculo viável já em 2023.

Conceito do eVTOL da Embraer X. Foto: Embraer X

Deborah Navarro, fundadora da Texas Guadaloop, apresentou seu protótipo de cápsula de transporte para hyperloop. Diferentemente das propostas mais tradicionais, que usam levitação eletromagnética para sustentar o transporte sem contato com os trilhos, o protótipo da Texas Guadaloop é baseado em levitação por ar, que afirmam ser muito mais barato e ecologicamente sustentável em relação a proposta original. Se tudo der certo, talvez viagem por hyperloop se tornem possíveis em menos tempo do que imaginamos.

Time da Guadaloop com seu protótipo. Foto: Texas Guadaloop

O fim da privacidade – confrontando a era da desconfiança digital

Amy Webb, futurista fundadora do Future Today Institute (e nossa musa), atraiu um público bem grande para sua apresentação neste ano. Enquanto seu foco em 2018 foi anunciar o “fim do smartphone” – diante do grande avanço e popularização dos assistentes por voz como a Alexa e Google Home – Webb declarou esse ano a morte da privacidade.

Questões como propriedade sobre nosso DNA e inteligências artificiais interpretando e obtendo dados sobre nossos gostos, hábitos, personalidade e até emoções foram abordadas pela pesquisadora. Esse tipo de tecnologia já é viável e está sendo usada por algumas empresas e países, como a China, para identificar pessoas com precisão nas ruas, aeroportos e escritórios, etc e conhecer tudo sobre cada um de nós. O uso crescente da inteligência artificial em quase toda tecnologia que nos acompanha no nosso dia a dia é inevitável, fazendo com que muitos dos palestrantes tenham convidado o público do SXSW, eu, você e até sua avó, a cobrar que atuais e futuros desenvolvimentos na área sejam éticos e responsáveis para com o bem estar humano.

Para entender a relevância e importância em se discutir dados e privacidade, a tendência do ano eleita pelo próprio SXSW – sua “breakout trend of the event” – foi “Confronting an Era of Digital Distrust”, que aborda como nosso cenário atual de verdades exageradas, fake news e empresas e instituições absolutamente negligentes com os dados de seus usuários, demanda que repensemos nosso uso da tecnologia e valores como sociedade.

O futuro das novas mídias – extensão, sobreposição, interação e imersão

Uma das coisas que mais gostamos de fazer no SXSW é conhecer as novidades em realidade virtual apresentadas todo ano no festival. A track dedicada especificamente a realidade virtual, aumentada e mista, atraiu grande público para suas palestras e seus painéis, curiosos para ouvir sobre o que as empresas e estúdios estão criando nos bastidores.

O interesse não é para pouco, a XR – realidade estendida ou ainda, Cross Reality – e a intersecção que cria entre o mundo digital e físico, já é usada para promover bem estar social, revolucionar a transmissão de esportes ao vivo e mudar a forma como nos comunicamos. Essa combinação entre físico e digital deve transformar totalmente a experiência humana e ter um enorme impacto no futuro da nossa expressão e comunicação, em médio e longo prazo.

Em seu Keynote, Jessica Brillhart, grande nome do cinema em realidade virtual, contou como a experiência imersiva proporcionada por essa tecnologia demanda que o diretor pense de forma completamente nova sobre a criação de estórias e narrativas. Enquanto em 2D o diretor direciona o olhar do espectador, em VR a possibilidade de escolher para onde olhar e para o que dar atenção dá uma autonomia completamente nova ao espectador.

Experimentamos isso na pele ao participarmos da experiência Mechanical Souls, parte do Virtual Cinema – espaço de exibição dedicado a levar para o público o que tem sido criado de mais novo e interessante em realidade virtual. Mechanical Souls é um filme onde o participante determina a direção em que a narrativa deve seguir – em tempo real – e nos convida a participar de uma estória onde uma noiva e sua mãe buscam um andróide para fazer as vezes de dama de honra. O resto da experiência é diferente para cada um, definida pelo que demonstram interesse (interpretado através do rastreamento do olhar).

Entre outras experiências do virtual cinema estavam Eleven Eleven, onde espectador pode acompanhar a história simultânea de seis personagens durante os últimos minutos antes da destruição do seu planeta; -22.7°, inspirada pela aventura de um produtor musical francês na Groenlândia e dentro de si mesmo; e Runnin, experiência da Intel que transporta o jogador para uma festa retrô-futurista. Essas tecnologias estão evoluindo o storytelling e convidando artistas e criadores a desafiarem narrativas tradicionais em busca de uma imersão total do espectador dentro de suas estórias.

Já estamos com saudades… mas o trabalho só começou

O South by nos ofereceu muitas palestras e experiências incríveis – muito mais do que poderíamos mencionar aqui. Foi uma jornada inspiradora, divertida e muitas vezes exaustiva, mas de uma coisa temos certeza: ano que lá estaremos lá de novo. Para quem ficou curioso pra entender essas e outras tendências mais profundamente, vamos ter algumas oportunidades para isso. No dia 2 de Abril, a White Rabbit vai realizar o evento Decoding SXSW 2019, onde vamos falar sobre tudo o que vimos lá além das outras três tendências que não abordamos aqui. O evento já está esgotado para as vagas presenciais, mas pode ser acompanhado pela live que vai rolar na nossa página do Facebook.

O SXSW pode ter acabado, mas ainda temos (quase) o ano todo pela frente. Em nosso projeto Decoding Innovation Festivals, vamos estar presentes nos principais festivais de inovação e tecnologia do mundo, e vocês podem acompanhar tudo aqui pelo Chicken or Pasta. Se você quiser conhecer melhor o projeto e levá-lo para sua empresa, no site é possível acompanhar nossa agenda de festivais para 2019 e os lançamentos dos reports de cada um deles. Fique de olho também nas nossas redes sociais para saber quando rolam nossos próximos eventos, parte do Decoding.

*foto capa: Waytao Shing / divulgação SXSW

Quem escreveu

Tácito Viero

Data

01 de April, 2019

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Apresentado por

Tácito Viero

Empreendedor desde criança. Já vendeu trabalho pro coleguinha e já foi pego colando. Nas horas vagas cria ferramentas pra resolver seus próprios problemas, que em geral envolvem decisões de onde ir, o que fazer e qual o jeito mais rápido de chegar. Curioso sobre a vida, o universo e tudo mais.

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