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Uma semana de liberdade – o motto do Roskilde Festival

Quem escreveu

Fernanda Secco

Data

13 de July, 2018

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O Roskilde Festival é uma cidade que respira cultura e inspira a liberdade. Durante sete dias você está em um lugar onde tudo é possível, onde você cria e faz o que quiser, onde respeito ao planeta e aos outros vem em primeiro lugar e, principalmente, onde você pode ser você mesmo.

Foto aérea por Stiig Hougesen

Em todos os dias que estive lá, tentei conversar com pessoas diferentes, algumas em sua vigésima (!) visita ao festival, outras que chegavam pela primeira vez. A verdade é que esta diversidade de público me deixa muito feliz e surpresa, porque não temos festivais tão inclusivos assim no Brasil. Entre as 130 mil pessoas presentes no festival, mais de 31 mil são voluntários! Em uma das barracas de cerveja por exemplo, uma das voluntárias era uma senhorinha no auge de seus 70 anos usando um colar de pérolas – se isso não é mágico eu não sei o que é!

Talvez a voluntária mais antiga do festival – foto por Fernanda Secco

Tradição

Essa é a palavra que mais explica o #orangefeeling no Roskilde. Um festival que rola desde 1971, sempre sem fins lucrativos, continua com um público fiel e suas tradições em evidência. Coloque sua imaginação para funcionar e pense como era participar de um festival quando não havia internet nem telefone celular. Seus amigos espalhados pelo camping em diferentes áreas, como você faz para encontrá-los? Nunca tinha pensado nisso até reparar a quantidade de bandeiras que as pessoas usam nos shows. Isso é herança das tradições dos camps muito antes de haver comunicação móvel. Alien & Cow é um dos camps mais antigos (e diga-se de passagem, bem icônico) e está no festival há mais de 20 anos.

Alien & Cow – foto via Roskilde Festival Instagram Stories

Mas as tradições não param por aí! Dizem que mais de 20% das pessoas no festival não chegam a ver os shows, porque a vida no camping é tão divertida (e a festa é pra lá de intensa) que tudo que eles querem é ficar por lá mesmo. A galera leva camping tão a serio que todos os anos uma área especial do festival é aberta para 2,000 pessoas criarem a sua cidade dos sonhos. Além de desenharem campings temáticos como Harry Potter, o vencedor deste ano, rolam várias atividades como a tradicional corrida pelada.

Naked Run – foto por Kathrine Thude

Música variada e curiosa!

Outra tradição importante é trazer artistas variados e inusitados para o espaço do festival. Este ano o Brasil foi muito bem representado com a nossa querida Dona Onete, que fez um show pra lá de animado que deixou todos os gringos dançando. O pessoal do AnDa Union foi até terras nórdicas desde a Mongolia para preservar e popularizar sua cultura com uma melodia emocional similar a música celta.

A verdade  é que o line up  não deixou ninguém parado. Eminem fez seu primeiro show no país com quase duas horas de duração e reuniu um recorde de público. Outros headliners como Bruno Mars, Massive Attack, Gorillaz também impressionaram. Novidade para mim foi rapper britânico Stormzy, que reuniu uma galera durante seu show. Steffilon Don também fez um show animadísismo. Mas para mim os shows mais marcantes foram Sampha e o David Byrne. O ícone musical fez uma performance épica e tocou muitos hits do Talking Heads, transformando o palco em um verdadeiro teatro performático.

Sustentabilidade e responsabilidade social

As ambições são grandes, e não é pra menos. Em 2016 o festival iniciou uma estratégia de sustentabilidade com foco ambiental e social, mas já fazem muitos anos que estes temas estão em foco.

Uma das iniciativas mais interessantes é para recuperar e dar um destino digno à comida em excesso das barracas do festival. Este ano eles esperam recuperar cerca de 25 toneladas de comida e distribuir alimentos e refeições para mais de 30 organizações locais. No ano passado, eles iniciaram um programa in loco com o pessoal que recolhe os recicláveis no festival, oferencendo um café com duas refeições ao dia e abrigo para descansar – realmente trazendo a integração para estes que são marginalizados e ignorados por outros festivais.

Mas não para por aí. Até 2019, o festival quer ser independente de energia fóssil e transformar todo o lixo gerado em recursos, além de expandir seus programas sociais e de integração, e realmente criar um ambiente que até então parecia utópico.

Foto por Thomas Kjær

Muita comida boa!

E além de boa, orgânica. Mais de um milhão de refeições são produzidas na semana do festival e o foco na curadoria não é apenas no sabor, mas na inovação e na comunidade. O festival quer ser uma plataforma para promover diversidade, criatividade e permitir que seus parceiros experimentem, usando o espaço de teste de consumo. A Tuborg, por exemplo, lançou sua cerveja orgânica em 2014 durante o festival, sem acreditar que haveria um mercado para o produto e hoje, quatro anos depois,  representa 34% das vendas! Este ano foi a vez da marca de sorvetes Hansen, que lançou picolés veganos – e muito gostosos.

Nos primeiros anos do festival, a gastronomia era 100% feita por clubes e associações esporte (ski, vôlei, futebol e mais). Hoje estes dividem o espaço com restaurantes e chefs profissionais. As opções são variadas e todas as barracas tem pelo menos um prato vegetariano (e muitas vezes vegano!).

Achei muito bacana ver que todas as barracas tinham uma análise de impacto ambiental pelas refeições onde você podia ver qual seria sua emissão de carbono comendo aquele prato.

Syngja oferece hambúrguer, batata frita e até suco com insetos – foto por Preston Drake-Hillyard

Ano que vem tem mais!

Tá morrendo de vontade de comprar a passagem, o ingresso e mergulhar no festival? Não se preocupe. As datas de 2019 já estão no ar e os ingressos estão à venda. Então já anote na agenda de do dia 29 de junho ao 6 de julho você vai estar ocupadíssimo acampando com a galera mais animada da Europa.

E se a desculpa é que a grana tá curta, o pessoal do Roskilde já resolve. Você pode comprar seu ingresso parcelado em até 10 vezes. Clique aqui agora!

Foto via Roskilde Festival

 

*Foto de destaque: Kim Matthai Leland

Quem escreveu

Fernanda Secco

Data

13 de July, 2018

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Fernanda Secco

De longas viagens de carro no México a aulas de cozinha no Vietnã, para mim o que importa conhecer são as pessoas. Não há nada melhor para conhecer um país do que aprender com experiências autênticas (e às vezes malucas).

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