Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Impossível não ser fã da Red Bull, especialmente ao vê-la reforçar e fomentar a cena urbana e underground com um cuidado especial com a qualidade do conteúdo entregue. Pode ser puxa-saquismo, mas é mesmo! Eu sou fã convicta. Sempre fui.
Começa nesta sexta-feira a 2ª edição do Red Bull Music Festival, com 10 dias de eventos rolando de 23 de novembro a 2 de dezembro. O festival reúne alguns dos principais coletivos de festas e artistas da cena underground atual com “o objetivo de celebrar São Paulo mostrando um pouco das conexões e ligações que a cidade cria entre artistas e diferentes cenas musicais.”, de acordo com o Akin Deckard, curador local do #RBMSP. “Em 2018, nosso olhar está voltado à produção local, que é muito rica, multicultural, que está bem representada no nosso line-up”, completa Akin. Mas a festa não se limita a produção feita por aqui. Na lista de artistas há vários nomes que estão fazendo a cena underground eletrônica internacional, como Avalon Emerson, Orl:a e Hieroglyphic Being.
Entre os vários destaques, incluindo bate-papo e show da diva Elza Soares, rola concerto especial para comemorar os 50 anos de lançamento da obra-prima Krishnanda, de Pedro Sorongo. A Red Bull também coloca as minas em evidência na programação, da abertura ao encerramento do festival. A abertura é dedicada aos nomes femininos que estão fazendo a cena atual do rap brasileiro. Tem ainda uma grande festa com a nossa amada dupla Selvagem num streaming ao vivo na Red Bull Radio (trilha sonora do dia garantida). A grande festa final reúne um extenso line-up com nomes nacionais e internacionais com a pista rolando por 12 horas! Preparem as pernas e o fôlego, porque vamos precisar deles.
Serão 10 dias celebrando o melhor da música de ontem, de hoje e a do amanhã.
A festa de abertura acontece nesta sexta-feira, reunindo nas ruas do centro da cidade algumas das mulheres que se destacam no rap nacional. A Escutaê coloca a voz feminina como protagonista, afinal nunca se falou tanto nas “minas”. Um dos destaques é o show do Rimas & Melodias, grupo de sete mulheres encabeçado pela DJ Mayra Maldjian e a rapper Tatiana Bispo, que reuniu um time de peso com Drik Barbosa, Karol de Souza, Stefanie, Tássia Reis e Alt Niss. A festa traz também a Rosa Luz, promissora rapper trans de Brasília, a musicista Yzalú, uma das primeiras artistas a incorporar o violão no rap, e Jessica Caitano, pernambucana que mistura estilos improváveis como electro, coco e hip-hop.
Escutaê. Sexta-feira (23.11), a partir das 19h.
Praça do Patriarca, Centro.
No sábado, o Concreto Som Sistema reúne seletores, músicos e artistas influenciados pela sonoridade da Jamaica. O line-up também conta com as minas (aê, tá tudo doMINAdo). A rainha do dancehall Lei di Dai e o Sound Sisters, primeiro sistema de som feminino totalmente feminino do Brasil, comandam a noite ao lado do Dubversão Sistema de Som, principal sistema de som do país, tendo surgido lá nos idos de 2001; o produtor Buguinha Dub, que já integrou bandas como Racionais MCs e Nação Zumbi; e o Nego Edmundo, cantor, compositor e MC que mistura reggae, raga, soul e rap. Na Fabriketa, onde rola a festa, o soundsystem é rei.
Concreto Som Sistema. Sábado (24.11), a partir das 21h. Ingressos R$ 20 a R$ 40.
Fabriketa. Rua do Bucolismo, 81, Brás.
A Elza Soares é uma das artistas brasileiras em mais evidência nos últimos anos. Também pudera! Elza Soares está há sete décadas, isso mesmo, 70 anos na estrada, ou melhor, no palco. Tem 81 lançamentos fonográficos no currículo, incluindo o penúltimo lançamento, a obra prima e soco no estômago “A mulher do fim do mundo”, que ganhou o Grammy Latino 2016. Essa potência feminina chamada Elza bate um papo inédito mediado pelo Zeca Camargo, relembrando os momentos mais marcantes de toda a sua carreira. Ela vai falar sobre o início, meio e a sua fase atual, afinal poucos renovam seu público como ela. Depois da conversa rola o lançamento do livro “Elza”, uma biografia da cantora, seguida de sessão de autógrafos.
Uma conversa com Elza Soares. Segunda-feira (26.11), às 20h. Gratuito (é necessário se inscrever).
Red Bull Station. Praça da Bandeira, 137, Centro.
A Batekoo, festa criada em 2014 em Salvador, conquistou um público fiel que hoje vai muito além da periferia. Em 4 anos de história, a festa tornou-se um manifesto do movimento negro e LGBTQIA e se expandiu muito além da capital baiana. Atualmente as edições acontecem também no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Nela, a aposta é somente em sonoridades com origem na cultura negra, como hip-hop, trap, twerk e funk. Na terça-feira, vai ser a vez da Batekoo ocupar a Void, no Largo da Batata, colocando todo mundo pra rebolar. Será também exibida pela primeira vez a nova temporada do “Inspire the Night”, com a Batekoo como tema. A frase que abre o documentário é mais do que verdadeira “há uma ideia superficial de colocar a festa e a noite como algo fútil, mas só de ter negros, gays, gordos, trans no mesmo lugar se divertindo, a subversão já está acontecendo”. Num país como o nosso, que tem um LGBT assassinado a cada 19 horas, colocando o Brasil em 1º lugar no ranking de lugar mais perigoso do mundo pra comunidade, essa manifestação se faz mais do que necessária. Quem comanda as pickups são os DJs residentes da festa Batekoo.
Inspire the Night: Batekoo. Terça-feira (27.11), a partir das 19h. Gratuito.
Void. Rua Martim Carrasco, 56, Largo da Batata, Pinheiros.
Depois do super bate-papo com a Elza Soares, o que a gente quer mesmo é vê-la cantar. Na quarta-feira será sua vez de se apresentar ao lado do Ilú Obá de Min, que juntas fazem um show potente e inesquecível. O show será num formato ainda não visto de seu último álbum “Deus é Mulher”, apresentando cada uma das faixas. Estamos curiosos!
Elza – Deus é Mulher – com Ilú Obá de Min. Quarta-feira (28.11), às 20h. Ingressos R$ 30 a R$ 60.
Casa Natura Musical. Rua Artur de Azevedo, 2134, Pinheiros.
Uma das duplas mais amadas da cena de música eletrônica de São Paulo, a Selvagem, fará uma apresentação bem especial para comemorar seus 7 anos de vida cheios de groove numa transmissão de 12 horas exibida ao vivo pela Red Bull Radio. Millos Kaiser e Augusto Olivani tirarão de seus cases apenas música dançante, independente de época e estilo, de todos os cantos do mundo. Não espere por grandes hits, porque já avisaram que eles raramente surgem. E é esse o grande trunfo do duo que sempre surpreende a pista onde tocam sempre pérolas desconhecidas. A festa será dividida em blocos a partir do meio-dia, quando homenagearão as tardes ensolaradas que rolaram na saudosa pistinha do Paribar, onde a festa começou. Às 15h tocam o melhor que rolou no carnaval Selvagem, no Rio de Janeiro. Às 17h saem das caixas o melhor do mellow pop e do street soul para deixar o coração bem quentinho. Às 19h15 rola uma homenagem aos hits esquecidos do synthpop dos anos 80 e 90. Às 21h30 tocam o melhor da música brasileira negligenciada. E, por fim, às 23h abrem a pista com o melhor do passado, presente e futuro.
12 horas de Selvagem. Quinta-feira (29.11), das 12 à 0h.
Streaming ao vivo no Red Bull Radio
Krishnanda é disco obrigatório para quem ama música. O álbum lançado pelo percussionista Pedro Santos ficou perdido por muito tempo até ser redescoberto. Acabou se transformando numa pérola para colecionadores do mundo todo. O produtor Kassin o redescobriu em 1990 quando um amigo inglês comprou um lote de LPs usados por 1 libra cada. Foi colocar Krishnanda na vitrola para ficarem estupefatos com a obra. Muitos dos instrumentos constantes no álbum foram criados e construídos pelo próprio Pedro. O resto é história! Krishnanda completa 50 anos de lançamento e ganha um concerto especial para celebrar sua magnitude com Lúcio Maia, Mauricio Fleury, Rodrigo Brandão e BNegão. Juntos no palco e acompanhados de outros instrumentistas, eles tocarão o álbum faixa a faixa. Imperdível!
Krishnanda 50 anos. Sexta-feira (30.11), às 21h. Ingressos R$ 15 a R$ 30.
Fabriketa. Rua do Bucolismo, 81, Brás.
No sábado, a festa vira a madrugada com um line-up extenso e impecável levando nomes do techno e house atual para comandar a pista. Novamente as minas marcam presença na noite. Zona Limiares é uma festa de 12 horas de duração com o objetivo de reunir diferentes vertentes e direções da cena eletrônica mundial. Do dançante e fácil até o mais experimental.
A norte-americana Avalon Emerson e a irlandesa Or:la são dois nomes internacionais que agitaram os festivais do verão europeu. Já o italiano Lorenzo Senni faz um revival do trance dos anos 1900 levando-o para a pista com nova roupagem (tá preparado pra essa?). A lista de artistas não para por aí. O Hieroghyphic Being (aka Jamal Moss) vem direto de Chicago para mostrar porquê é considerado um dos produtores de música eletrônica mais ativos e prolíficos de sua geração. O cara lançou mais de 100 discos em duas décadas de carreira. O novaiorquino J. Albert ou Jiovanni Nadal coloca todo mundo pra dançar com suas viajantes tracks de house. Os representantes nacionais não ficam atrás: rola show da banda Teto Preto, que lançou recentemente o ótimo álbum “Pedra Preta“; a produtora BADSISTA, que sempre agita a pista com seus sets misturando trap e techno; e a grande promessa do techno atual, Benjamin Sallum, paulistano de apenas 18 anos que voltou recentemente de Berlim, sendo o único brasileiro a participar do Red Bull Music Academy 2018; a dupla Amanda Mussi (Düsk) e Cashu (Mamba Negra) que, juntas, formam a dupla Lorac Issum; e ainda Kakubo, Martinelli, OMOLOKO, Posada b2b Kika Lopes, Ramenzoni, Rezzett e o projeto experimental Xiao Quan, do Jo ã o, como é conhecido por aqui.
Zona Limiares. Sábado (1.12), das 20 às 6h. Ingressos de R$ 25 a R$ 50.
Fabriketa. Rua do Bucolismo, 81, Brás.
*Foto destaque: Rimas e Melodias por Felipe Gabriel
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.