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Marcas veganas que amamos: Projeto Base

Quem escreveu

Dani Valentin

Data

22 de October, 2018

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Sapatos: uma das maiores dificuldades de quem é vegetariano/vegano. Principalmente em território brasileiro, onde a indústria é fortemente baseada no couro. Algumas marcas internacionais famosas já sacaram o tamanho do mercado e começaram a fazer as suas versões clássicas com material sintético, como a Dr. Martens ou a Birkenstock. Mas aqui, a tarefa de achar sapatos de qualidade e bonitos, era praticamente impossível.

O jogo para mim mudou quando eu conheci a Projeto Base. A marca é jovem, tem apenas 1 ano, começou somente com um e-commerce mas hoje tem uma loja em Pinheiros onde abriga várias outras marcas de slow fashion. Os modelos da Base são bem minimalistas e me lembram os sapados da Cos, que eu sempre achei lindos mas nunca pude comprar pois usam couro. A inspiração vem do Brasil e por isso o nome que eles levam remetem sempre a nossa cultura.

Nós conversamos com o João Cantarella, um dos fundadores da Base, que contou para a gente um pouco mais na história, planos futuros e ainda indicou vários lugares legais em São Paulo.

Reprodução Projeto Base

Me dá um resumo de quem são vocês e o que vocês fazem?
A marca Projeto Base foi fundada pelo casal Gracielle Vieira e João Cantarella. A Gracielle já tem vasta experiência no mundo da moda. Chegou a ser gerente na Zara Home, e é uma das fundadoras do Não Vivo Sem. O João é formado em Artes Visuais pela Unesp, e trabalhou durante quase 10 anos com audiovisual. Assim como a Gra, abandonou uma carreira/trabalho para arriscar no mundo dos negócios. Ambos sempre estiveram ligado de alguma forma com arte e comportamento, seja produzindo ou simplesmente consumindo tais assuntos. Tentamos fazer com que a Base seja uma extensão dos nossos posicionamentos pessoais. Seja social, política, ambiental. Gostamos de acreditar que nossa empresa é uma espécie de plataforma para que possamos nos expressar dentro da sociedade. Portanto, temos como pilares principais a ética e a transparência. Nossos esforços estão sempre voltados para melhor atender e se comunicar com nossos clientes.

Como começou a Projeto Base?
De uma maneira cômica, o dinheiro para abrir a Base veio em grande parte de um seguro de carro. Alguém bateu em nosso carro, que estava parado em frente a nossa casa. Foi de madrugada, e o motorista fugiu. Na época eu fiquei muito bravo com a situação, e nunca imaginaria que esses 15 mil reais de seguro seriam perfeitos para a abertura da empresa. Somado a isso, pegamos todo o dinheirinho que cada um tinha guardado e decidimos meter a cara no projeto. Eu (João) nasci em São Paulo, mas cresci na cidade de Franca, no interior. Lá é um polo de calçado de nível internacional. Um dois maiores polos de produção de calçados do mundo inteiro. E como eu cresci lá, sempre tive muita proximidade a esse assunto, uma vez que a cidade toda gira em torno disso. Como a Gracielle já tinha uma grande experiência com a NVS, decidimos que iriamos tentar investir em sapatos. Alugamos um carro e fomos pra Franca, fomos batendo de porta em porta nas fábricas, marcando mil reuniões por dia, pra ver quem poderia atender as nossas demandas. Desde o princípio, decidimos que não iríamos usar nenhum material de origem animal. Isso foi um grande dificultador, pois o mercado de couro é extremamente dominante, e às vezes as fábricas sequer sabem como trabalhar com couro sintético. Rodamos bastante e por sorte encontramos uma fábrica que pôde atender as nossas exigências. Ficamos durante alguns meses trabalhando apenas no online, mas começamos a ganhar uma grande quantidade de seguidores, e consequentemente muita gente querendo um ponto físico para a venda dos calçados. Conseguimos juntar um dinheiro, e investimos na abertura da nossa loja em Pinheiros. Foi uma decisão super corajosa de nossa parte, e os resultados já vieram logo de cara. Mesmo em ano de copa do mundo, eleições e crise, a Base vem alcançando suas metas e apresentando um crescimento muito saudável. E agora estamos já visando exportação. Estou fazendo o curso do PEIEX na ESPM, e já estamos bem avançados em nossos estudos para exportação. E vale ressaltar que a marca foi lançada em novembro do ano passado. Então em menos de um ano nós lançamos, abrimos a loja e estamos prestes a começar a exportar. Nossa equipe em São Paulo tem o total de 5 pessoas, mais duas pessoas em Franca, e mais de 40 funcionários da fábrica onde produzimos.

Reprodução Projeto Base

Qual é a inspiração para os modelos?
A inspiração vem de todos os lados. Principalmente do Brasil. Tentamos sempre batizar os nossos modelos com nomes que remetem a nossa cultura ancestral como Oca, Curumim. Assim como elementos da natureza como Folha, Rio, Nuvem. Já em termos de design e estética, a principal influência é o minimalismo. Acreditamos no poder do básico. Menos é mais!

Por que a escolha de trabalhar com materiais estritamente veganos?
Acreditamos que a mudança de uma sociedade passa pela forma como a população consome. É evidente que a forma como vivemos atualmente não é mais sustentável para o planeta, sem contar toda a poluição e desmatamento que a pecuária causa, acreditamos no amor e compaixão a outros seres. É a forma que levamos nossa vida e a a nossa empresa. O nosso sapato é um produto que dentro do universo da reciclagem é chamado de “híbrido”. Isso significa que ele é composto por diversas matérias primas diferentes. Como essas matérias primas são poluentes, não seria coerente com o nosso posicionamento se nossos produtos simplesmente fossem descartados no meio ambiente. É por isso que criamos uma política de descarte consciente. Funciona assim: após a vida útil do seu sapato chegar ao fim, você entra em contato com a Base. Você nos envia o sapato sem custo algum, para que a gente leve para a fábrica, desfragmenta o produto, e recicla cada componente da forma correta. Isso se chama design cíclico. Quando um produto completa o seu ciclo e volta para a fábrica, que fica responsável pela reciclagem correta.

Reprodução Projeto Base

O que vem por aí?
A Gracielle, que é uma das socias do Projeto Base, também é dona do NVS. Por ter quatro anos de experiência no mercado, a Base surgiu mais encaminhada. Nós já pulamos os tropeços e cabeçadas que geralmente as empresas dão no começo, por já termos essa experiência de e-commerce. Modéstia a parte, a Base vem se apresentando como uma empresa prodígio. Em menos de um ano lançamos uma linha de produto do zero, desenvolvemos mais de 20 modelos, abrimos a nossa loja e já estamos visando a exportação de nossos produtos. A nossa loja física agora se tornou um ponto de resistência slow fashion em SP. Trouxemos outras 8 marcas de todo o Brasil que compartilham dos mesmos princípios que os nossos, para vender seus produtos aqui. Essa expansão da loja foi batizada como Coletivo Base. As marcas são Naloo, Moody, UsoAssim, Viva Yemanjah, Studio Nó, Santa e NuvemNão Vivo Sem Store. Nosso intuito com esse novo projeto é que todo o nosso nicho de slow fashion cresça em bloco. Não vemos marcas de pequeno/médio porte como nossas concorrentes. Pelo contrário, vemos como parceiros nessa luta contra grandes corporações que monopolizam o comércio através de práticas anti-éticas. Aqui tudo é feito a mão, produção consciente e sem nada de origem animal. Acreditamos que essa é a nossa contribuição para a sociedade e para a cidade de São Paulo, e até mesmo o Brasil. Oferecer um ponto de venda bem localizado, bem estruturado, onde você compra peças de qualidade por preços acessíveis. De todos os produtos oferecidos aqui, entre roupas e sapatos, os preços variam de R$ 79 a R$ 389. Queremos desmistificar aquele conceito que slow fashion é caro e elitizado. queremos promover o acesso a esse tipo de consumo.

Vocês são de São Paulo, o que vocês indicam por aqui?
Indicamos qualquer empreendimento que seja pequeno, gerido por pessoas que dão a vida para aquilo acontecer. Hoje mesmo vamos postar um roteiro aqui da região de Pinheiros com estabelecimentos dos mais diversos segmentos:
Quincho (restaurante – Vila Madalena)
Casa Orgânica (mercado organico – Vila Madalena)
Casa Plana (livraria – Vila Madalena)
King of the Fork (cafe com opções vegan – Pinheiros)
Patuá Discos (Vila Madalena)
House of All (espaço coletivo)
A Bela do Dia (floricultura – Pinheiros)
Simplesmente (restaurante vegano)
Maha Mantra

* Foto de capa: Reprodução/Projeto Base

Quem escreveu

Dani Valentin

Data

22 de October, 2018

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Dani Valentin

A Dani gasta todo o seu dinheiro com viagens. Um de seus maiores orgulhos é dizer que já pisou em cinco continentes. É do tipo sem frescura, que prefere localização a luxo e não se importa de compartilhar o banheiro de vez em quando. Adora aprender palavras no idioma do país que vai visitar e não tem vergonha de bancar a turista.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.