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Como melhorar um festival que, logo na estreia no ano passado, elevou o nível dos eventos musicais brasileiros a outro patamar? Este era o desafio da segunda edição do festival holandês Dekmantel, que rolou no final de semana passado, no antigo Playcenter. Para começar, esta nova locação foi uma acertada escolha, pois o espaço é rodeado de verde por todos os lados, tão amplo que o som dos palcos raramente vazava de um para o outro e bateu a nostalgia em quem pôde aproveitar o parque enquanto ele existia. Somado a isso, a já celebrada curadoria do festival, que inundou o Playcenter com alguns dos melhores e mais festejados DJs – brasileiros ou gringos – que durante as mais de 24 horas somadas de som levaram o público presente para uma jornada rumo ao delírio e êxtase coletivo. Vamos relembrar alguns dos pontos altos desta segunda edição do Dekmantel?
O sábado começou quente, mas lá pelo meio da tarde a chuva deu uma boa refrescada e não assustou quem estava nas 5 pistas distribuídas pelo espaço. Logo que se entrava no parque desativado, o imenso palco principal se destacava, com uma cenografia um tanto quanto simples porém muito eficiente, projetando luzes coloridas na plateia. Por lá passou uma sequência incrível de DJs, começando com o brasileiro Davis, a empolgadíssima Peggy Gou e toda sua simpatia e maestria na seleção de faixas, um Midland moendo house music como se não houvesse amanhã, seguido do Mano Le Tough e fechando com a grande atração da noite, os alemães do Modeselektor guiando o público por uma viagem que teve até Frank Ocean e “Born Slipply“, clássico clubber do Underworld!
Apesar disso tudo, estava difícil sair do palco “escondido” do festival, o Selectors. A musa Lena Wilikens, tocando junto com o parça Vladimir Ivkovic (foto abaixo), não dava descanso e mandava pedradas uma atrás da outra, sempre de óculos escuros e cigarro no canto da boca. A mistura proposta pela dupla foi arrasadora, que se refletiu na pista, cheia do começo ao fim do set.
O palco do donos da bola também viu uma variedade musical singular. Pelo Gop Tun passaram os shows dos brasileiros Maria Rita Stumpf e a simpatia de Marcos Valle, ambos tocando para uma plateia bastante jovem. Outros destaques foram o Carrot Green – fechando o set com balada açucarada do Aerosmith – e o nosso querido Palms Trax, que sobe o nível a cada ano que passa. Queremos o chapa no palco principal no ano que vem!
O UFO foi o palco dos “lenhadores”, com programação dedicada principalmente ao techno. Por lá passaram o Tessuto e a Cashu, com sets dinâmicos e de alta combustão, a mão pesada – no bom sentido – do Randomer e o arregaço do DJ Stingray (foto abaixo), que mostrou que as bases do techno como conhecemos hoje nasceu mesmo do electro old school de Detroit.
O domingo foi tão antológico que vai ser difícil sair da memória de quem estava no Playcenter. Não é para menos, dois dos melhores sets do festival foram no segundo dia, com um Four Tet (foto abaixo) debulhando tudo – mesmo com problemas técnicos no começo – até quando tocava hits da Selena Gomez, e a sempre elegante Nina Kraviz passando como um trator por cima dos quadris do público.
O palco Selectors repetiu a dose do dia anterior e permaneceu cheio durante boa parte das discotecagens, com destaque para os holandeses do Dekmantel Soundsystem e da maravilhosa Jayda G (foto abaixo), que mandou funk, soul e disco como uma veterana das pistas, dominando o público com sua energia contagiante.
Também tivemos shows propriamente ditos no domingo, com os mestres do Azymuth muito à vontade acompanhados do DJ Nuts e a dupla Os Mulheres Negras mostrando sua música “esquisita” para um público no mínimo interessado que encheu o espaço do palco Gop Tun. Por lá também se apresentou um empolgado Floating Points, com set dominado pela house music purinha e muita disco. Vale destacar também o incrível Joutro Mundo, que tocou no palco Na Manteiga e segurou a galera por um bom tempo, mesmo disputando espaço com outras atrações mais experientes.
Com tanta gente foda no lineup, o cuidado extremo no conforto do público e a vibe tão boa, temos certeza que o Dekmantel tem um longo caminho de sucesso pela frente. Serve de exemplo para todos os festivais do Brasil de como tratar bem quem paga (caro) pelo ingresso e por atrações tão incríveis. Foi foda!
P.S.: Como rodamos o festival de ponta a ponta por muitas vezes, não sobrou gás para os afters, tanto de sábado como domingo, mas os relatos nos contam que a Lena Wilikens solo, o grande back to back do Palms Trax com a Courtesey e o Mano Le Tough e a dupla Floating Points + Four Tet foram excelentes e deixaram a galera em transe! Se arrependimento matasse…
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