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Se você é muito novinho ainda, provavelmente já ouviu falar disso pela série ‘Stranger Things‘. Se estiver entre os millenials, pode ser que já tenha visto isso no filme ‘Minority Report‘. Mas denunciando a idade, você talvez saiba do que eu estou falando ao se lembrar do filme ‘Altered States‘, ou ‘Viagens Alucinantes’ em português. Nele, o cientista interpretado por William Hurt decide fazer experimentos de consciência misturando drogas alucinógenas com tanques de privação sensorial. Claro que tudo dá errado, senão o filme não teria nenhuma graça, mas vamos combinar que a ideia já de cara não parece das melhores.
Mas não se deixe enganar. O tal tanque de privação sensorial é uma realidade, e a flutuação é também uma das melhores coisas que você pode fazer por você mesmo. E o melhor, no mês passado inaugurou em São Paulo o primeiro centro exclusivo de flutuação, o Flutuar Float Center. Eu fui convidado a experimentar uma flutuação e vou tentar te convencer a testar também.
Uma breve explicação: hoje chamado de ‘tanque de isolamento’, o equipamento foi inventado pelo neurocientista John C. Lilly em 1954, com o objetivo de estudar a consciência humana isolada do corpo. De lá para cá, a técnica se aprimorou bastante e agora é usada mais como uma forma de meditação do que como experimento científico. O princípio da terapia é tirar todos os estímulos que nos cercam para que consigamos ficar pelo menos um pouquinho sozinhos com a nossa própria mente. Parece um pouco assustador, mas é extremamente relaxante.
O tanque nada mais é do que uma grande banheira em forma de casulo. Dentro, a água é misturada ao sal de Epsom (também conhecido como sal amargo), que a deixa extremamente densa. Para efeito de comparação, enquanto a água do mar é 3% mais densa que a água pura, e a água do Mar Morto é 24% mais densa, a água usada no tanque chega a uma densidade 30% maior. Ela é mantida a 35,5ºC, a mesma temperatura do corpo humano. Antes de entrar, você toma uma ducha para tirar todos os resíduos de maquiagem ou cremes do corpo. Coloca plugues nos ouvidos para evitar que a água entre neles, e para escutar só sua própria respiração. E uma vez fechado o tanque, você fica no escuro absoluto. Este é o cenário: você não enxerga nada, não ouve quase nada, não sente frio nem calor, e praticamente não sente nem a gravidade. Pronto para relaxar?
Confesso, no começo é uma sensação tão estranha e nova, que eu demorei a me entregar. O corpo tenso e a respiração pesada pareciam um sinal de que eu não estava pronto para me soltar. O bom é que você pode simplesmente ligar a luz, abrir a porta e sair a hora que quiser. Me dei 5 minutos, mais uma ducha, e vamos de novo. Dessa vez deixei tudo (tudo mesmo) do lado de fora, e me deixei levar. A sessão dura uma hora, mas o tempo lá dentro é elástico. A falta de referência faz a sensação ser ao mesmo tempo de poucos minutos e de longas horas. A noção de espaço e direção também desaparece, e só o que resta é a imensidão negra, como o universo infinito.
Quando o corpo se solta, parece que ele se dilui na água e a mente se desgruda para voar sozinha. Minha sessão intercalava momentos de puro êxtase abstrato com outros de categorização de afazeres como agendar a biometria do título de eleitor. Algumas pessoas chegam a ter leves alucinações. Acho que o mais próximo disso que senti foi o sangue pulsando por todas as veias, da cabeça ao dedinho do pé. Coisas do subconsciente que nem Freud explica. O melhor da flutuação é que, uma vez desconectada do corpo, a mente tem tempo e espaço para se espreguiçar toda, sem nenhum obstáculo do físico. Não tem aquela dorzinha chata na lombar nem aquela pelinha levantada no dedo para atrapalhar. É nessa altura que descobrimos que a mente vive cercada de barreiras difíceis de quebrar. Estudos apontam que durante a flutuação a atividade cerebral é reduzida em quase 90%. É quase impossível desligar desse jeito nos dias de hoje. Quando a sessão acaba, uma música suave te faz voltar para o planeta Terra, e você ainda pode aproveitar os últimos minutos para fazer uma cromoterapia dentro da cápsula mesmo.
Segundo o mentor do espaço, Tobias Nold, a flutuação pode trazer benefícios ainda maiores que só a meditação e o relaxamento. O sal de Epsom é um composto químico a base de magnésio que faz muito bem para a saúde. A imersão no sal amargo reduz os níveis de cortisol no organismo, o que combate o estresse e a ansiedade, reduz a insônia e a fadiga muscular, alivia dores crônicas e a enxaqueca, combate estados inflamatórios, elimina toxinas e ainda é excelente para artrite, artrose e fibromialgia. Ah, eu mencionei que a flutuação pode ajudar a reduzir também o jetlag?
A ideia do Flutuar Float Center é ser um grande espaço de bem estar, oferecendo muitas outras terapias associadas à flutuação. Por enquanto, eles já tem 3 tipos de massagens que podem ser feitas antes da sessão: relaxante, Deep Tissue e Abhyanga (Ayurvédica). Essa dose dupla de cuidado com o corpo não deve ser nada mal, não? No futuro, outras atividades serão introduzidas, como coaching, aulas de yoga e mindfulness, sessões guiadas, tudo para os tratamentos ficarem cada vez mais personalizados.
O Flutuar Float Center fica no Alto de Pinheiros. As sessões devem ser todas agendadas e pagas pelo site, para deixar o atendimento mais prático. A flutuação sozinha custa R$240. Você ainda pode fazer um pacote de 3 sessões com 40% de desconto para usar em 2 meses, ou um pacote com 6 50% mais barato, para ser usado em 3 meses. Sim, você pode fechar o pacote e dividir com o amiguinho.
E tem mais! Agora em junho, em virtude do Dia dos Namorados, eles ainda estão com uma promoção para quem quiser flutuar em dupla (quer dizer, os dois pombinhos ao mesmo tempo, mas cada um na sua cápsula!). Até o fim do mês, você consegue agendar a sessão para dois e pagar só uma. E também tem desconto especial para quem fechar o combo flutuação + massagem. Agora chega de mamata. Se quiser moleza, não senta no pudim, não. Vai lá fazer uma flutuação que é muito mais bacana. ;-)
Flutuar Float Center
Av. Pedroso de Morais, 1803 – Alto de Pinheiros
Segunda, das 16h30 às 22h. Terça a sexta, das 10h às 22h. Sábado, das 9h30 às 19h.
(11) 96379-2036
Reservas também pelo email
*Esse post foi escrito originalmente em julho/2018 e reeditado em 27/12/2018
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.