Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Ainda reverberando a energia do Festival Path, sento para escrever uma visão sobre “Criatividade para o Bem”. A ideia que não para de fazer pop-up na minha cabeça é a de um mundo onde toda a criatividade for sempre utilizada para o bem. Pode parecer utopia, mas quando você sai de um final de semana em que palavras como propósito, inclusão, consciência e diversidade estiveram em todas as conversas, você reforça a crença de que tem muito mais gente que está desse lado da trincheira.
Vou me dar ao direito de estabelecer uma base para o que é criatividade de uma forma muito simples (espero que não simplória): Criatividade é a capacidade de resolver problemas a partir de seu repertório, combinando diferentes elementos de forma original e muitas vezes inusitada. A Bombay Sapphire nossa parceira no festival, também pensa dessa maneira e acredita que todos podemos nos expressar de forma criativa, não importa a área de atuação. Grande parte do conteúdo e dos projetos que circularam no Path tinham esta premissa, mas o recorte a que me propus aqui tem a ver com duas grandes inspirações: o olhar para o outro e o olhar para a natureza.
Vou começar pela visão da empatia: quando se pensa em criatividade para o bem, um dos “músculos”que mais precisamos exercitar é o da capacidade de sentir empatia. Aliás, acredito fortemente que só se pode ser realmente original se podemos nos deslocar do nossa percepção atual e utilizar as lentes da alteridade. A capacidade de se colocar no lugar do outro é um gatilho certeiro na expansão da consciência, ampliando nosso repertório e, consequentemente, dando aquele boost na criatividade!
Na palestra “O mundo precisa de mais empatia!” de Renato Baldin e Marcio Beauclair arrancaram lágrimas da platéia ao compartilhar a experiência do Museu da Empatia no Brasil. Utilizando a maravilhosa expressão idiomática “walk a mile in somenone else’s shoes’ a instalação que representava uma caixa de sapatos gigante, continha uma coleção de diferentes sapatos e de histórias que abordam nossa diversidade e nosso pertencimento comum à humanidade. Ao escolher um par de sapatos, o visitante podia calçá-los e caminhar pelo espaço enquanto ouvia pelo fone de ouvidos a história da pessoa à qual eles pertenceram. Um verdadeiro convite para novas formas de ver a vida em tempos de diálogos impossíveis e ódio online.
E para provar que do exercício da empatia nascem coisas novas e do bem, conheçam o Projeto Iris, que nasceu durante uma oficina de empatia profunda. Os participantes foram convidados a vivenciar situações que remetem à violência para entender esse impacto na vida das mulheres. Iris é um projeto que fomenta a construção do futuro desejável no Brasil a partir da igualdade de gênero e liberdade do feminino. Durante 2018, estão desenvolvendo sessões de ativação através do design para mapear os problemas locais e desenvolver soluções que possam ser implementadas imediatamente para a construção deste futuro de igualdade que todos queremos. Se você quer ser um embaixador Iris e/ou participar das oficinas no seu estado, clica aqui.
Ao compreender as necessidades mais profundas do ser humaninho ao nosso lado, podemos colocar nossa capacidade criativa a serviço de quem precisa, mesmo em assuntos muito difíceis de lidar, como o câncer. Pega o lenço e olha esta plataforma de games , em que cada etapa da cura é encarada como uma etapa do game, em um app com 20 minigames para divertir e trazer informações sobre o câncer e seu tratamento.
E se a gente além de olhar profundamente para o outro, também olhar para a natureza? Há uma grande sabedoria criadora na natureza e a ideia fundadora de fechar ciclos vem inspirando toda uma onda de empresas que entendem produtos como serviços e são responsáveis por todo o ciclo de vida, da pré-produção até depois do descarte dos resíduos. Já mercadorias como carros, máquinas de lavar, lâmpadas e televisão, que são voltadas para o “serviço”, devem ser desenhados desde o início, para o reuso de cada peça ou material que compõe o produto.
Bem-vindo ao mundo da Economia Circular, uma nova abordagem que parte da premissa dos ciclos tão bem expressa na natureza. Se gente suficiente entrar nessa onda quem sabe ainda dá tempo de salvar o planeta, né? Se você quer inspiração sobre como resolver os dilemas tecnológicas da inovação baseada na economia Circular, a Sinctronics é o primeiro ecossistema integrado de soluções voltadas a aplicar o conceito de Economia Circular no mercado eletroeletrônico do Brasil
Mais do que reduzir ou reciclar o lixo, a proposta é eliminar o lixo, ao propor uma cadeia que pensa de forma diferente. Uma boa maneira de inspirar-se para esta nova maneira de ver o mundo e o próximo produto que você vai criar, divulgar ou vender é conhecer a Ideia Circular uma iniciativa de educação e comunicação sobre economia circular, design circular e Cradle to Cradle (pra iniciantes, como eu, Cradle to Cradle quer dizer Berço ao Berço.
O pensamento ‘do Berço ao Berço’ surge em oposição à ideia de que a vida de um produto deve ser considerada ‘do berço ao túmulo’ – uma expressão usada na análise de ciclo de vida para descrever o processo linear de extração, produção e descarte.) Já pensou viver em espaços urbanos concebidos a partir desta ideia? A Flock pensa e tem projetos incríveis para tirar qualquer um da sua zona de conforto, trazendo profundidade para a forma como enxergamos o mundo em que vivemos: você não tende a achar um prédio mais bonito quando descobre que ele foi feito de forma sustentável e ajuda de várias formas a harmonizar o seu entorno? De acordo com essa galera circular, criar com responsabilidade é a tônica do novo mundo, e isso me enche de alegria.
Olhar para o outro e olhar para a natureza: eis a bela inspiração que o Path me trouxe, com estes e outros tantos exemplos de gente que está colocando sua energia criativa a serviço do bem. A julgar pelo brilho nos olhos dessa galera, podemos, sim, acreditar que o bem vai vencer no final.
Por Luciana Bazanella. Ex-publicitária, Co-founder White Rabbit, professora e entusiasta de futurices em geral.
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.