Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Na sua sexta edição, o Festival Path se consolida como o principal evento que promove convergências no Brasil. Convergência é o melhor termo para definir algo como o Path – um evento, ou uma plataforma, que reúne em seu espaço atividades e temas tão diversos – Estamos falando de palestras sobre temas que variam do despertar da sexualidade até alimentação passando por propósito e também por tecnologias de ponta como inteligência artificial e realidade virtual. E uma programação que também incluiu workshops, mostra de documentários e shows. Toda assa convergência também se mostra nos números: 5.000 ingressos vendidos; 30.000 pessoas passando por todas as atividades do evento; Mais de 300 palestras em 30 espaços diferentes espalhados por Pinheiros e Vila Madalena, mais de 25 shows, 15 documentários.
Na diversidade e amplitude de conteúdos encontrados no festival, muitas pessoas se sentiram tocadas e animadas para colocarem em suas vidas o que viram no festival – “O ponto comum que eu presenciei nos painéis em que participei foi a transformação que a tecnologia já proporciona ou vai proporcionar com o empoderamento das pessoas” sintetizou o participante Marcos Gianotti. Um claro exemplo da percepção de empoderamento das pessoas pôde ser visto na Casa do Capitalismo Consciente, um dos espaços mais disputados do festival, que recebeu discussões muito animadoras abordando a inclusão de pessoas com deficiência no ambiente de trabalho até a discussão de cases de bancos que atuam orientados por propósito.
A diversidade, palavra que permeou o festival, também nos trás a oportunidade de ampliar os nossos horizontes no convívio e na troca entre pessoas de repertórios culturais distintos. Co-fundador do Afro Guerrilha, portal dedicado a conteúdos sob a ótica da população negra, Robin Boateng questionou a noção de que economia compartilhada seja uma novidade no painel Do Pioneirismo à Renovação: A gente [população negra] não trata compartilhamento como tendência (…) O compartilhamento era base das sociedades africanas pré-coloniais” provocou, deixando claro como podemos ganhar ao ouvir pessoas dos mais variados repertórios culturais.
A tecnologia também marcou presença no festival. Os participantes tiveram a oportunidade de colocar a mão na massa e entrar em contato com tecnologias de maior potencial, como vimos nos workshops de Realidade Virtual (com Rodrigo Terra), Blockchain (com Fausto Vanin) e Inteligência Artificial (com Francisco Estivallet). E se você pudesse colocar a “mão na massa” e viver o futuro aqui e agora? Com a premissa de que “É melhor ser surpreendido pela simulação do que estar cego pela realidade” a Rito criou uma das palestras que mais engajou o público num painel que discutia uma tecnologia que ainda não existe, mas que poderá existir no futuro dentro da experiência intitulada “Sci-fi: O Black Mirror do dia-a-dia”.
Alimentação foi outro tópico de bastante destaque no evento. Você presta atenção naquilo que come? A bióloga e empreendedora Luisa Haddad, fundadora do Pé de Feijão, acredita que devemos dar mais atenção àquilo que ingerimos: “Desembalar menos e descascar mais” sintetiza em seu lema. E com o veganismo ganhando cada vez mais adeptos, Mariana Boldin, responsável por trazer a marca carioca Hareburger para São Paulo, ressaltou a importância de que opções veganas sejam acessíveis para que ainda mais pessoas abracem a dieta e o tratamento ético aos animais.
Além das palestras, o audiovisual e as artes tiveram espaço no Path. Sob curadoria da VICE tivemos a Retrospectreta 2013 – uma mostra de fotos dos protestos de Junho de 2013, em meio gás lacrimogênio, catracas queimadas e muitas tretas – e uma mostra de documentários latino-americanos sobre temas diversos como questões de gênero, sexualidade, drogas e subculturas curiosas como os “furries”, pessoas que se fantasiam de personagens felpudos e os mascarados do carnaval de Leme, aqui no interior do estado. Para aqueles que quiseram se expressar e fazer sua arte, workshops de Caligrafia, Lettering, Stencil e Lambe Lambe deram a chance para os participantes despertarem o artista dentro de cada um.
E para aqueles que curtem um som, o Path também esbanjou muito bom gosto e agito. Se diversidade é uma palavra forte no Path, a curadoria musical representou isso de forma brilhante. Artistas de vários cantos do Brasil estiveram no festival como os cariocas Castello Branco e Mari Romano e os potiguares do Plutão Já Foi Planeta. E diversas gerações também foram representadas por artistas como a revelação Caio Prado e a inigualável Dona Onete, passando por Otto cantando Martinho. Os ricos e diversos sons de vários cantos e vários tempos desse Brasil garantiram o alto astral na Praça dos Omaguás e no Rooftop do Tomie Ohtake.
Com conteúdos de todos os tipos e em várias formas, o Path foi um microcosmos de referências que merecem ser acompanhadas no futuro. Nada mais justo para cidade com gente de todos os tipos e todos os cantos, como São Paulo.
Por Eduardo Azeredo. Carioca de nascimento, paulistano de coração e fervo. Quando não está numa palestra de alguma tecnologia nova ou trabalhando com inovação, é porque está em alguma festa ou show daqueles que só São Paulo tem.
*Todas as fotos e destaque: Divulgação Festival Path 2018
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