Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Eram 9h30 da manhã de terça-feira quando eu desci estressada de um táxi no aeroporto de Congonhas. O motorista errou o caminho, pegamos um super engarrafamento, e quase eu perdi o horário do embarque. Eu estava indo conhecer, a convite da Gol, patrocinadora oficial da seleção brasileira de futebol, a primeira de uma série de ativações de Copa do Mundo. Porém, eu mal imaginei que eu teria um dia cheio de emoções pela frente.
Para dar o ponta pé inicial nesse patrocínio, a Gol aproveitou o amistoso Brasil x Alemanha (eeee, ganhamos!) para levar a bordo jogadores das cinco seleções brasileira que trouxeram a taça para a casa. Os cinco voos escolhidos foram rebatizados com os anos em que o Brasil foi campeão da Copa do Mundo: 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. Contando com a conquista do hexa, a Gol também teve também um sexto voo dedicado a 2018, com destino a Recife. Todos a bordo desse voo ganharam camiseta da seleção e puderam assistir o amistoso ao vivo durante a viagem. Claro que nesse caso não tinha ninguém da seleção a bordo, já que a seleção do hexa (quem sabe?) estava em campo.
Inicialmente eu iria no voo 1958. Entre suspiros – porque vamos concordar que sempre nos emocionamos com a Copa do Mundo pro bem e pro mau! hehehehe – eu soltei para a roda de pessoas com quem eu me encontrava: “meu pai teria um treco se estivesse em qualquer um desses voos”. Pronto, bagunça armada. Perguntaram se ele conseguiria chegar a tempo para qualquer um dos próximos voos. Posterguei a minha viagem para o terceiro voo e em uma hora meu pai descia de um táxi no aeroporto sem entender muito bem porque ele estava ali.
Existem experiências que não tem preço. Essa é uma delas. Assim que entramos na fila de embarque, eu avisei que iríamos até o Rio e voltaríamos no próximo voo. Contei então para ele sobre a ação e que voaríamos juntos com o Clodoaldo, meio de campo da seleção tri-campeã. Os olhos do meu pai brilharam e o coração pareceu saltar pela boca. Já na fila do embarque, ganhamos nossa camiseta da seleção de 1970, e meu pai não parava de agradecer o momento tão inesperado.
Lá fomos nós para o Rio. Meu pai sentado na janela com os olhos brilhando como há muito eu não via. Fiz até uma entrevista com ele, já que raramente falamos sobre futebol. Meu pai é um aficcionado, e aprendi mais sobre o assunto em uma hora que em toda a vida. E as coincidências eram maiores do que eu sequer imaginava: a Copa de 1970 é a favorita do meu pai, inclusive porque foi a primeira que ele assistiu na TV; Clodoaldo é um grande ídolo dele, não apenas por conta da performance na Copa, mas porque era jogador do seu time, o Santos.
Foi bonito ver o voo inteiro vestido de camisa verde-amarela, tirando fotos, indo pegar autógrafo com o Clodoaldo, comentando sobre o que estava rolando, a sorte de estar naquele voo, etc. Foi um dos voos mais agitados que já peguei. A ação ainda envolvia sorteio de passagens, que meu vizinho de poltrona ganhou. E, por fim, já aterrissando no Rio de Janeiro, meu pai correu até o Clodoaldo para dar aquele abraço, pegar autógrafo e tirar uma foto lado-a-lado. Foi tão legal ver meu pai encontrando um ídolo que eu nem sabia que ele tinha! Os olhos dele brilhavam com lágrimas que queriam saltar, a voz tremia e ele mal conseguia ouvir os jornalistas que queriam entrevistá-lo. Sacaram o momento que estava rolando ali.
Sou uma grande adepta de ativações de marca e hoje é um dos meus ganha-pães. Estou sempre de olho no que as marcas estão fazendo, rodo festivais de música pelo mundo para aprender um pouco mais sobre essas ações e leio muita coisa relacionada ao assunto. Meu pai foi impactado pela ação de uma forma inesperada, mas não foi uma coincidência como foi com todos os viajantes dos seis voos que rolaram ontem. Eu tiro o chapéu para ações que conseguem emocionar e surpreender as pessoas. Parece fácil criá-las, mas a tal ideia “fora da caixinha” pode ser mais complexa de achar do que parece. Por isso, eu parabenizo a Gol pela iniciativa e, claro, agradeço o convite e a generosidade em terem mexido os pauzinhos de última hora para que eu pudesse proporcionar uma história que meu pai não vai mais esquecer. Além do momento muito único que eu tive com ele durante as três horas que ficamos juntos.
Que venham mais ações como essa. Eu fico na torcida por elas e, claro, pelo hexa nesta próxima Copa do Mundo.
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.