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Copenhagen é considerada a cidade mais bike friendly do mundo, segundo o ranking bianual da Copenhagenize Design Company. A relação leva em conta fatores como cultura da bicicleta, infraestrutura, percepção de segurança, políticas públicas e aceitação social e avalia 136 cidades com população superior a 600 mil habitantes. Impressionantes 62% da população utiliza a bicicleta para se locomover ao trabalho ou local de estudo, contra 9% que se deslocam de carro. Copenhagen é frequentemente considerada modelo de qualidade de vida e sustentabilidade por urbanistas de todo o mundo.
Nem sempre foi assim. Carros eram vistos como os grandes símbolos de afirmação que as dificuldades da Grande Depressão da 2a Guerra Mundial haviam finalmente acabado. A medida que as famílias ascendiam à classe média e compravam carros, a cidade demoliu a infraestrutura ciclística construída no começo do século XX para dar lugar à rodovias e estacionamentos.
A cultura automobilística teve seu auge no boom econômico dos anos 60. Na década seguinte, os dinamarqueses enfrentaram aumento da poluição e do número de mortes por acidentes de trânsito, além de rejeitar projetos de novas rodovias que passariam por áreas históricas da cidade. A gota d’água foi a crise do petróleo de 1973, que obrigou a Dinamarca a desenvolver políticas focadas em conservação e independência energética, incluindo domingos car free.
O planejamento urbano de Copenhagen, então, adotou o lema que quem tem que se deslocar pela cidade com eficiência são as pessoas, não os carros. Nos últimos 10 anos, foram investidos mais de € 134 milhões em infraestrutura e serviços para os ciclistas e hoje há cinco bicicletas para cada carro na cidade.
Uma cidade bike friendly não tem só ciclovias. Para realmente integrar a bicicleta como modal de transporte, foi instalado um sistema automatizado para semáforos que prioriza os ciclistas com alguns segundos de vantagem. Também foram construídos meios-fios elevados para separar as ciclovias das pistas de carros e 16 pontes exclusivas para pedestres e ciclistas.
Os caras lançaram, inclusive, o conceito de vias expressas para ciclistas! Com uma faixa laranja demarcando as rotas e facilidades como bombas de ar, cruzamentos mais seguros e sinais de trânsito sincronizados para a velocidade média de uma bicicleta, as Supercykelstier somarão 28 vias, cobrindo 500km, quando completas.
Hoje, há 650 mil bicicletas para 520 mil habitantes e 429 km de ciclovias. Além dos benefícios sociais, ambientais e de saúde, para cada quilômetro pedalado, a sociedade lucra US$0,23, contra R$ 0,16 gastos para percorrer a mesma distância dirigindo.
Integrar a bicicleta à paisagem urbana traz benefícios para o bolso, mas num país rico como a Dinamarca, pedalar é uma questão de escolha. Assim, o governo não criou só infraestrutura, mas também políticas públicas para tornar o pedal seguro, simples e atrativo, com campanhas associando o ato de pedalar a valores como liberdade, saúde e energia. Let’s make cycling sexy again!
*Foto destaque: Max Adulyanukosol.
Carioca da Zona Norte, hoje mora na Zona Sul. Já foi da noite, da balada e da vida urbana. Hoje é do dia, da tranquilidade e da natureza. Prefere o slow travel, andar a pé, mala de mão e aluguel de apartamento. Se a comida do destino for boa, já vale a passagem.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.