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A Segunda Guerra Mundial está estampada na Alemanha em todos os cantos do país: memoriais, museus e até construções parcialmente destruídas são fáceis de achar, independente da região visitada. É interessante ver que não existe a tentativa de esconder um passado do qual os alemães não se orgulham, mas como ele está presente o tempo todo para lembrar os horrores praticados pelos nazistas no passado.
Um dos projetos-memoriais mais poderosos nesse sentido é com certeza as Stolpersteine, ou em uma tradução livre, pedras no caminho. É impossível não notar estas pedras por Berlim ou em alguma das outras 21 cidades onde elas estão presentes. Elas foram instaladas primeiramente em 1995 pelo artista plástico Gunter Demnig, criador do projeto. Essas primeiras instalações foram feitas sem permissão em Colônia e Berlim. Hoje são mais de 56 mil pedras instaladas na Europa, o que torna o projeto o maior memorial descentralizado do mundo.
As pedras são colocadas na frente das casas ou escritórios de pessoas levadas para os centros de concentração ou assassinadas no período. Começam com a inscrição “Aqui morou”, “aqui viveu” ou “aqui trabalhou”, depois vem o nome e data de nascimento e o que aconteceu com a pessoa, muitas das vezes com data de deportação ou de morte. Elas são a representação do terror sofrido não só por judeus, mas também homossexuais, deficientes, testemunhas de Jeová, entre outros.
O problema é que o projeto sempre foi e é alvo de vandalismo. Segundo Demnig, desde o começo do projeto, já foram 630 placas roubadas. Em 2012, por exemplo, 11 pedras foram arrancadas na cidade de Greifswald no 74º Aniversário do Kristallnacht (Noite dos Cristais), quando, em 9 e 10 de novembro de 1938, sinagogas e negócios de judeus foram destruídos e muitos deles foram mortos ou presos. As placas arrancadas foram exatamente as de vítimas desse evento. Porém, nunca esse projeto sofreu tanto ataque quanto nesse ano.
Já em janeiro, uma pedra foi pintada de preto em Milão. Essa placa fazia parte de um conjunto com outras 6, que foram as primeiras stolpersteiner instaladas na cidade. Elas foram colocadas lá em celebração do Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, que acontece no dia 27 de janeiro, e acredita-se que a desfiguração aconteceu já no dia seguinte da instalação. Novamente em maio, um homem foi pego em câmera roubando duas pedras na cidade de Boppard. Ele, porém, nunca foi reconhecido ou preso. Neste último novembro, de novo no aniversário da Kristallnacht, 16 pedras foram arrancadas em Berlim. As ações nunca foram tão sistemáticas como essa última. Acredita-se que neo-nazis estejam envolvidos, porém ninguém foi preso ainda.
* Foto de capa: Lorie Shaull.
A Dani gasta todo o seu dinheiro com viagens. Um de seus maiores orgulhos é dizer que já pisou em cinco continentes. É do tipo sem frescura, que prefere localização a luxo e não se importa de compartilhar o banheiro de vez em quando. Adora aprender palavras no idioma do país que vai visitar e não tem vergonha de bancar a turista.
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