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SP na Pele: histórias de homens que carregam a cidade tatuada no corpo

Quem escreveu

Renato Salles

Data

08 de December, 2017

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Apresentado por

Fazendo pesquisa para a nossa série SP na Pele, nos deparamos com muitas histórias incríveis – além de desenhos maravilhosos – de gente que ama tanto essa cidade maluca, que tem ela tatuada no corpo. Foram tantos personagens interessantes, que resolvemos trazer algumas dessas histórias para deixá-las registradas. A série começou com a musa da noite paulistana Lily Scott. Mas junto com ela, conhecemos mulheres lindas, fortes, determinadas e batalhadoras, que reunimos em relatos aqui.
Agora, é a vez dos homens. Eles podem até passar aquela imagem de durões pelos braços e pernas todos tatuados. Mas conhecendo um pouco mais da vida de cada um, conseguimos ver que eles tem também a sensibilidade riscada à flor da pele – literalmente! A convite da Tegra, mostramos aqui as melhores histórias por trás das tatuagens desses caras que não conseguem viver sem ter São Paulo por perto.

Jô Machado

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A vista de São Paulo, o mar de concreto, pode ser muito assustadora para quem vem de fora. O Jô, nosso editor-cozinheiro favorito, veio do interiorzão do Rio Grande do Sul, e cair de cabeça na Paulicéia foi um desafio enorme. Aquela imagem da cidade inteira cinza e fria foi desmistificada quando ele encontrou um lugar vivo, vibrante, e surpreendentemente arborizado. Seus primeiros tempos na cidade não foram nada fáceis, com poucos amigos e a grana curta. Ele conta: “Um dia eu estava tomando um café na Comedoria do SESC Paulista – aliás, que saudade daquele lugar! – e vi que mesmo com toda a dificuldade que eu estava passando, existia ali um senso de comunidade da quel eu fazia parte, e que eu sempre encontraria alguém – mesmo que estranho – para conversar ou me estender a mão.” Nesse dia, com o impressionante skyline da cidade emoldurado por um por-do-sol lindo a seus pés, ele sabia que tinha que ter sua nova casa ao lado das tantas tatuagens que já tinha. Não deu outra: comprou por ali mesmo um cartão postal da cidade, e pediu para a sobrinha (ainda criança) rabiscar a cidade com os olhos dela. Inspirado na imagem do postal e no desenho dela, o tatuador e amigo Maiquel Moraes riscou à mão livre arte que o Jô leva com orgulho ao redor do antebraço direito. “São Paulo está em mim e em mim ela vai ficar pra sempre. Sinto ela como minha segunda mãe. Tenho fé em dias melhores para ela e vou esperar por eles aqui, coladinho a ela.”

Alexandre Tobio

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A história do Alexandre com São Paulo começou só em 2006. Nascido na Espanha, ele se mudou com a família para Brasília ainda criança. E só acabou por aqui já adulto, atrás de oportunidades de trabalho nas maiores agências de publicidade do país. Mas o que era apenas conveniência virou uma paixão de verdade. “Com o tempo, eu desenvolvi uma empatia tão grande pela cidade que hoje me considero paulistano.”, ele conta. Ele não se vê morando em nenhuma outra cidade brasileira, nem mesmo Brasília, onde a família continua e a memória afetiva perdura. A tatuagem que ele carrega na perna tem um peso muito importante: foi um presente de casamento de uma amiga tatuadora, a Renata Gregori. Ele aproveitou para juntar seu amor por São Paulo com outro aspecto muito marcante da sua vida, a bicicleta. Desde a infância na capital, ele sempre pedalou para cima e para baixo. Pedalar é praticamente o único esporte que ele sempre praticou na vida. E esse vício ele trouxe também para cá, bem antes de todo esse movimento de ciclovias. “Juntei tudo numa garrafa por uma questão estética, nenhuma alusão às bicicletas em engarrafamentos”, se diverte. E assim, ele montou todo o esboço e algumas referências, e deu liberdade para a Renata adaptar ao seu estilo de desenho.

Marcos Paulo Caldeira

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À primeira vista, você pode não conseguir ver. Mas a cidade de São Paulo está geometricamente representada no braço do Marcos, assim como em seu DNA. Não tem lugar da cidade que ele não tenha frequentado. Nascido em Santana, já morou nos Jardins, Alto de Pinheiros, Butantã, Vila Anglo e agora em Pinheiros. Estudou em Higienópolis, e seu escritório fica na Santa Cecília. Frequenta os cantos escondidos do Centro, as ruas agitadas da Liberdade, a natureza do Ibirapuera – que ele carinhosamente chama de ‘a Copacabana paulistana’. “Sou arquiteto, e minha relação com a cidade alterna entre transeunte espectador – gosto muito de andar sem rumo – e pensamentos de desenho e comportamento urbano.”, explica. Um dia ele percebeu que não havia mais possibilidade de viver em outra cidade. Que viajar pode ser muito bom, mas que São Paulo é o lugar dele. Seus sonhos estavam totalmente ligados à cidade, e ele teve certeza que não iria mais embora. E foi assim que ele criou sua tatuagem, interpretando metaforicamente a metrópole, cartesiana mas incompleta. Ele explica: “Por um lado parece tudo amarrado, mas tem muita coisa para completar. A parte escura é referência às águas submersas da cidade, que no desenho original eram linhas onduladas”.

Dennis Cosmo Marin

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A história do Dennis provavelmente é parecida com a de muita gente. Paulistano de nascença, ele sabe bem como é a vida louca por aqui. Ele é publicitário, tem uma produtora web, montou um leilão de arte online, e ainda é faixa preta de jiu-jitsu. Entre tantas atividades, ele recentemente resolveu mudar o estilo de vida sem sair do lugar. Vendeu o carro, e passou a andar mais a pé e de metrô. Gosta muito de andar pelo circuito da Vila Madalena até a Luz, passando pela Paulista, Augusta, República e Bom Retiro. Passeando por restaurantes, cinemas, exposições, feiras e galerias, ele sempre acaba encontrando com gente conhecida. “Sempre tento mudar um pouco meu caminho, os horários, pegar uma rua paralela, descer em outra estação. Gosto dessa chance de acontecer algo inesperado, sabe?”, comenta, “Aqui tem uma mistura de pessoas e culturas muito ricas, cada pessoa nova traz um mundo inteiro, é só dar essa chance. Tenho amigos que vieram de todos os cantos, e cada um deles agrega em alguma coisa, seja música e ritmo, palavras diferentes, gastronomia, vivência ou só aquela boa companhia.” No ano passado, ele resolveu colocar todas essas possibilidades da cidade em uma tatuagem. Esses conceitos todos ele reuniu em uma bela homenagem a SP, juntando os maiores marcos urbanos: o Memorial da América Latina, a Catedral da Sé, o Copan, o Viaduto Santa Efigênia, a Estação da Luz, o MASP, a Ponte Estaiada, a Liberdade, o Banespa, o Martinelli, a Gazeta, e ainda coube um prédio em construção. Praticamente um city tour gravado na pele. E conclui: “Um dia vou sair daqui, mas acho que demora alguns bons anos ainda. Aqui está acontecendo muita coisa massa, e acho que tem muito para acontecer ainda. Eu moro em São Paulo, e agora ela também mora em mim. Está rolando uma troca boa. Quando eu mudar daqui, que ela me traga boas lembranças de tudo que aconteceu entre essas construções.”

Euan Marshall

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Até os 20 anos, o Euan viveu em Glasgow, na Escócia. E mesmo com toda a facilidade de acompanhar os campeonatos europeus, seu fascínio sempre foi o futebol sul-americano. Tanto que em 2011 ele juntou suas coisas e desembarcou em São Paulo para se aprofundar nesse mundo. Foi um caminho sem volta, e hoje o Euan se considera escocês-brasileiro. Na chegada, apesar se ser jornalista, ele se virou como professor particular de inglês, o que o obrigou a aprender a se locomover muito pela cidade. Ainda mais considerando que ele morou por muitos anos na Zona Leste, em bairros como a Sapopemba, Parque Sta. Madalena, Parque São Lucas e Vila Ema. Recentemente, ele se mudou para a Avenida Paulista, e reconhece uma mudança drástica. Agora frequenta muito mais o Centro, o Bixiga, Pinheiros e Vila Madalena, onde ficam muitos de seus amigos. Talvez seja isso que tenha feito ele vivenciar São Paulo em toda a sua magnitude: “Desde o início, eu me esforcei para conhecer o máximo possível de São Paulo. Fiz amigos, tanto estrangeiros quanto brasileiros, e eu vi que a maioria deles viviam em suas bolhas particulares e não exploravam a cidade. A galera dos Jardins não conhecia o Centro, e vice-versa.” Seu desejo de ter uma tatuagem se materializou finalmente durante a mudança de bairro. A inspiração para o desenho veio da vontade de marcar os anos vividos na ZL. “Então eu resolvi tatuar o mapa do trajeto inteiro da Avenida Sapopemba, que além de ser uma via muito importante para aquela região e onde eu passava quase todos os dias, é a via urbana mais longa da América Latina (existem os que dizem que a Avenida Brasil no Rio é maior, mas faz parte da BR-101, então não vale). Tem 45 km e passa por uns 40 bairros, começando na Água Rasa e terminando lá pela Ribeirão Pires.”, explica. O Euan, hoje, escreve sobre futebol brasileiro e São Paulo para vários veículos, já escreveu um livro com o Mauricio Savarese, e é categórico ao afirmar que São Paulo é a sua casa. E conclui: “Não tenho vontade nenhuma de ir embora de São Paulo, amo essa cidade e vou protegê-la.”

Gabriel Stefano

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O Gabriel, também conhecido como Zbornia, se considera um ‘paulistaliano’ original. Nasceu na maternidade São Luiz em Santo Amaro, foi criado na Vila Mariana, e a sua família é inteira do Bixiga, um dos maiores núcleos de famílias italianas da cidade. “Frequento bastante o Centro. Tenho um carinho especial pela região, pois é onde está a história de São Paulo.”, ele conta, “Já toquei em uma banda de hardcore da cena alternativa e hoje trabalho com licenciamento fotográfico. Gosto bastante de sair pela noite de SP e frequentar shows e festivais.” Para aguentar essa vida agitada, e também manter a drinkeragem em dia, ele treina sempre no Parque Ibirapuera. O Zbornia já morou por um ano em Orlando, nos Estados Unidos, e 9 meses em Londres, e por conta dessas experiências resolveu homenagear sua cidade para celebrar sua história. Começou com o brasão da cidade, e depois foi completando com o do Estado, o MMDC – que depois ele ainda adicionou o A de Alvarenga, que muitos esquecem – e a Paulistinha, um rosto feminino no formato do Estado de São Paulo com uma bandana com a bandeira. Tem homenagem mais completa que essa?
Na série SP na Pele, trazemos algumas pessoas que não só marcaram SP na pele, mas marcam essa cidade com sua presença diariamente. Queremos falar com quem vive intensamente São Paulo. E a Tegra que aproveitar o lançamento do empreendimento PIN em uma das regiões que mais amamos, Pinheiros, para fazer um convite: more onde você vive!
*Foto do destaque: Tatuagem linda no braço do Dennis.

Quem escreveu

Renato Salles

Data

08 de December, 2017

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Apresentado por

Renato Salles

Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.