Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
A programação paralela do Sónar já começou – com exposições e instalações em diversos centros culturais de Barcelona . Poc a poc, como diriam os catalães, a cidade começa a ser hipnotizada pelo festival e a música se transforma no grande motor local.
Mas existem muitas outras batidas por aqui além dos palcos do Sónar. Para quem estiver pela cidade e quiser conhecer um pouco mais da cena local antes de ser tragado pelo festival, criamos um mini-guia musical da cidade para almas dançantes e ouvidos famintos. Use-o sem moderação (e sem preconceito).
Paredes cobertas de partituras e fitas cassetes já deixam claro logo na entrada qual é a onda do Cara B, um simpático bar no bairro de Gràcia que resiste à marcação cerrada da prefeitura. No cardápio musical, há de tudo um pouco: jam sessions de jazz, noites de folk, música catalã e eletrônica. Vale dar uma olhada na página deles no Facebook para se informar sobre programação da semana. Além do som, o bar também tem uma boa oferta de cervejas artesanais locais e internacionais.
Na meiuca da loucura do Bairro Gótico (lindo mas quase desconfigurado pelo turismo massivo) fica um dos clubes de jazz mais antigos da cidade. O Harlem Jazz Club é democrático e encanta locais e turistas na mesma medida. Há décadas oferece sessões de música ao vivo todos os dias em que estão abertos (domingos e segundas o local não funciona) e a oferta é variada: jazz, blues, swing, reggae ou música latina. O climão fica por conta da pouca luz e do ambiente intimista.
Já demos a letra desse lugar lá no nosso guia de rolês express em Barcelona mas dica boa merece repeteco: ali perdido na decadência elegante do Raval, o Big Bang Bar é um oásis de boa música e juventude talentosa. O ambiente pode não ser tão convidativo à primeira vista, mas lá no fundo do corredor escuro, um palquinho abriga de quarta a domingo jam sessions de jazz, blues e noites de open mic com cerveja barata.
Conhecida por ser uma das baladas mais fervidas de Barcelona, a Apolo é outro raro lugar que conseguiu uma combinação equilibrada entre turistas e locais sem nunca perder a mão. Além da jogação nas festas diárias – que incluem a fina nata da cena eletrônica europeia, a casa costuma abrir mais cedo para receber grandes astros e jovens talentos. Ainda este mês acontecem shows do The Wailers, BNegão & Seletores de Frequência e do duo peruano Dengue Dengue Dengue.
A maior discoteca de Barcelona, que tem capacidade para 8 mil festeiros, também costuma incluir grandes shows em sua programação. Se quiser esticar, o Razz tem outras 5 salas para você perder o rumo e, se assim quiser, a dignidade. De pista pop com hits de Katy Perry a inferninho eletrônico com excelentes DJ’s.
O Barts é um multiespaço, no ainda não tão explorado bairro de Poblesec, que funciona como teatro, casa de shows e balada esporádica. Com duas salas, uma com capacidade para 1500 pessoas e outra menorzinha para 130, o Barts abraça todos os formatos e estilos sem preconceito nem nariz torcido. Na programação dos próximos meses rolam alguns espetáculos de teatro, música, dança e circo do Festival Grec, com nomes como Talib Kweli, Maria Gadú, John Pizzarelli e Daniel Jobim.
Apaixonados por vinis tem um tour próprio em Barcelona, com lojas especializadas em jazz, música eletrônica, punk rock e talentos locais.
Outra dica repetida mas que nunca se faz excessiva. Pergunte aí para qualquer amigo entendido de música e a resposta é quase unânime: não há outro lugar além da Discos Paradiso para quem está à caça de música eletrônica. Um catálogo impressionante todo organizadinho, bonitinho, ao alcance da sua mão e, às vezes, também do seu bolso. Os donos da loja são super engajados com a cena local e não é raro chegar por lá e dar de cara com alguma performance rolando.
Na Jazz Messengers não há frufrus, nem adornos, e você corre o risco de passar batido pela loja se não estiver bem atento. Relíquia sobrevivente ao tempo e modinhas, esta loja segue firme e fiel ao jazz e todas as suas variantes desde a década de 80. O catálogo mistura CD’s e LP’s e conta com raridades deste e de outros tempos.
A loja da BCore é também o escritório de um dos selos independentes mais importantes da Espanha. Rock, punk rock e indie se misturam nas prateleiras em um catálogo com joias da cena barcelonesa, espanhola e internacional.
Pequena no tamanho mas grande nas intenções, a Ultra-local no Poblenou reivindica a importância da cena local, disponibilizando em seu catálogo títulos de bandas locais e selos independentes. O apoio ao talento made in Barcelona vai além das prateleiras e os donos costumam organizar eventos semanais com shows acústicos de artistas da cena indie catalã.
*Foto destaque: Edu Grande
Jornalista paulistana hiperativa que às vezes puxa o R lá do interior. Viciada em música, açúcar, livros e praia. É mais feliz no verão, acredita nos reviews do Foursquare e sempre dorme no meio filme. Há 5 anos, vive um caso de amor (correspondido) com Barcelona.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.