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Sediar as Olimpíadas virou um mico?

Quem escreveu

Renato Salles

Data

25 de September, 2017

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Ainda estamos em 2017, mas já anunciaram o masterplan para as Olimpíadas de 2024, em Paris. A cidade-luz, que já recebeu os Jogos Olímpicos em duas ocasiões, sendo a última em 1924, tem grandes planos e expectativas, e os projetos apresentados mostram isso claramente. Mas parece que, atualmente, sediar o evento esportivo mais importante do mundo já não parece uma ideia tão boa quanto já foi. Tanto que Paris, e também Los Angeles, que será cidade-sede em 2028, não tiveram nenhuma concorrência para serem escolhidas pelo COI.

Imagem de divulgação do projeto Paris 2024
Imagem de divulgação do projeto Paris 2024

O histórico de cidades que, passados os Jogos, acabam vendo o famoso ‘legado olímpico’ escoar pelo ralo do descaso é longo (já falamos disso aqui). O Rio de Janeiro, infelizmente, não foi uma exceção. Em menos de 6 meses, o Parque Olímpico carioca já estava em ‘perfeito estado de conservação e abandono’, o então governador Sergio Cabral está preso e afundado em denúncias,  e até a escolha da Cidade Maravilhosa como sede já caiu nos relatórios da Lava-Jato. As denúncias de pagamento de propinas ameaçaram a imagem do COI até no caso das Olimpíadas de Tóquio, no Japão, mas que não fim não deram em nada.

Mas nem do país do zen-budismo organizar uma Olimpíada está sendo uma tarefa fácil. O comitê japonês enfrentou problemas desde o início, com o anúncio do logo dos Jogos de 2020, que foi tido como plágio do design do Teatro de Liège, na França, e teve que ser refeito do zero.

O primeiro logo da Olimpíada de Tóquio, com o logo que causou a polêmica.
O primeiro logo da Olimpíada de Tóquio, com o logo que causou a polêmica.

Muito pior aconteceu com o caso do Estádio Olímpico, que continua acumulando polêmica em cima de polêmica. Resumidamente: o JSC (Japan Sports Council) contratou a arquiteta iraquiana Zaha Hadid, vencedora do concurso, para fazer o projeto. Daí o preço para construí-lo ficou muito alto, e a população protestou. Daí também não acharam uma empresa que conseguisse fazer a obra. Daí os arquitetos japoneses se revoltaram que o estádio não teria um projeto de um local. Daí tiraram a Zaha Hadid da jogada, mas não quiseram pagar, porque ela não queria entregar os direitos autorais sobre o projeto para eles. E daí puseram o arquiteto (local) Kengo Kuma para fazer um projeto lindo, culturalmente relevante e muito mais barato. E quando tudo parecia resolvido, e todos estavam felizes, a construção do novo estádio está às voltas com violações de direitos humanos e desmatamento. Sem falar que o escritório da Zaha Hadid acusou Kuma de plágio por ‘notáveis similaridades de projeto’. Isso que ainda temos 3 anos pela frente até efetivamente os Jogos começarem.

Projeto do Estádio Olímpico de Tóquio 2020, do arquiteto Kengo Kuma
Projeto do Estádio Olímpico de Tóquio 2020, do arquiteto Kengo Kuma

O caminho é árduo, mas parece que os parisienses estão empolgados. O projeto anunciado essa semana tenta seguir uma estratégia diferente do que se tem feito, para evitar os erros que o passado evidenciou. Em vez de montar uma cidade olímpica do zero, o masterplan espalha por toda a área urbana as instalações usadas para cada modalidade esportiva. Segundo os arquitetos da Populous e os engenheiros da Egis, responsáveis pelo projeto, serão 38 espaços, entre construções existentes adaptadas para os Jogos e outras novas, colocadas cuidadosamente ao lado de pontos turísticos da bela Paris.

Assim, teremos, por exemplo, a arena de vôlei de praia aos pés da Torre Eiffel. Vai ser no mínimo espetacular ver corridas de caiaque no Rio Sena, ou maratonistas desfilando pela Champs Élisées. O comitê francês ainda prometeu entregar os Jogos mais sustentáveis de todos os tempos, em compromisso com o envolvimento da cidade de Paris no C40 e com a luta contra o aquecimento global. O desafio é grande: eles tem a expectativa de organizar o primeiro evento do mundo em uma cidade sem carros.

Imagem de divulgação do projeto Paris 2024
Imagem de divulgação do projeto Paris 2024

Talvez os Jogos Olímpicos como estamos acostumados, em seus mais de 120 anos de glórias, precisem encarar adaptações para se adequar às demandas de um mundo complicado e problemático como o nosso. Paris pode trazer algumas respostas para todo esse drama. Mas com certeza a Olimpíada vai conseguir unir os parisienses em torno de mais do que um legado: até a chegada dos Jogos, a unanimemente detestada Torre de Montparnasse vai receber um redesenho do escritório francês Nouvelle AOM.

Projeto da nova Torre de Montparnasse, em Paris.
Projeto da nova Torre de Montparnasse, em Paris.

*Foto do destaque: Paris 2024

Quem escreveu

Renato Salles

Data

25 de September, 2017

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Renato Salles

Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.

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Comentários

  • Paris teve concorrência sim, Los Angeles. Mas o COI preferiu garantir logo os Jogos de 2028 e convenceu Los Angeles de aceitar postergar seu pleito por mais 4 anos. LA ganhou incentivo$ do COI para isso.

    - Carla
  • correção ortográfica: exceção e não excessão

    - Carla
    • Corrigido! Muito obrigado, Carla!

      - Renato Salles

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Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.