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Que São Paulo é muito bem servida de boa comida, ninguém pode duvidar. Mas não é sempre que a comida boa está associada a bom atendimento, à diversidade no menu ou à apresentação. Acho que todo mundo tem aquele lugar-xodózinho que tem um prato maravilhoso, mas que o atendimento é mais ou menos. Ou que você come bem e é bem atendido, mas a comida é mal apresentada. Não é tão fácil assim comer bem ao mesmo tempo que se vive uma experiência extraordinária.
Como só comida boa não garante o sucesso de um restaurante, um crescimento visível de estabelecimentos interessados em proporcionar experiências que vão além do sabor acontece na cidade. Essas experiências incrementam a gastronomia em pontos diferentes dos que estamos acostumados. Alguns passando pelo lado sensorial da comida, outros pelos fatos históricos ou funcionais daqueles sabores. E é por isso que Ryo Gastronomia precisa entrar na lista de quem gosta dessa equação.
O menu baseado nas estações do ano e seus ingredientes, que geralmente é trocado mensalmente, busca suas bases nos banquetes imperiais da antiga China e Japão. Descendendo de antigos cerimoniais zen-budistas – dos quais também se originou o ritual do chá chinês – o jantar é servido muito calmamente e em pequenas porções, para que dê tempo de sentir cada um dos sabores, aromas, cores e texturas. Bem fiel ao seu conceito de Kaiseki-Ryori.
Comandada pelo chef Edson Yamashita, a seqüência de pratos – que pode ser de cinco, sete ou nove – conta uma história durante o seu desenrolar. E fica melhor ainda se acompanhada de um bom saquê. Eu, que nunca fui um grande apreciador da bebida, me surpreendi e aprendi muito harmonizando-a de forma adequada. Mas cá entre nós, a bebida é deliciosa e meio perigosa para amadores como eu.
Poderia enaltecer os sabores e tentar traduzir as sensações que me habitaram durante o jantar, mas além de ser um lance muito pessoal, posso ter entendido alguma mensagem do chef de forma errada. Além disso, o menu muda regularmente. Mas vou arriscar mencionar três momentos do jantar, que ao meu ver, são os mais marcantes. O fa-bu-lo-so Aki no kisetdu ryori (zensai), que é uma berinjela cozida a vácuo em baixa temperatura, que depois é grelhada e defumada no forno a carvão ao molho dengaku (Viveria o resto dos meus dias me alimentando disso!); Tenho que mencionar o inesquecível Black Cod, bacalhau negro chileno grelhado e defumado no forno a carvão; E obviamente a seleção sushis do chefe, com Atum, Pargo, Garoupa, Buri e ovas de ouriço.
O que vale dizer é que tudo é feito com ingredientes super frescos, executados com ousadia e experiência, e servidos com excelência. Os garçons, que tem ciência do que falam, vão te explicar sem decoreba nenhuma cada um dos pratos, e te indicar o melhor saquê para acompanhar seu jantar. Rogo para que a Nathalia esteja por lá para te atender! Uma simpatia só, a menina!
Falamos de comida, de sensações e até da garçonete simpaticona. Mas e falando de custo-benefício, o que dizer do Ryo? – Vale cada centavo!
O menu-degustação completo não é muito barato, não. Sentado na mesa, a experiência com 5 pratos custa R$130; com 7 pratos, R$180 e com 9 pratos, R$250. No balcão, o menu montado na hora pelo próprio chef conforme a necessidade do cliente, custa R$220 com 7 pratos e R$290 com 9.
Sim, eu sei que é caro para um jantar! Mas não estamos falando só de comida. Estamos falando de se sentir o cheiro dos ingredientes, de ver o chef criando e montando cada um desse pratos lindos ou sentar-se em um tatame reservado com os amigos enquanto degusta um delicado sashimi de vieira.
Ah! Se você adicionar R$95 reais a qualquer um dos menus, tem harmonização de saquês para acompanhar.
Já que estamos falando de saquê, o que você precisar saber é: tem saquê maravilhoso por 79 reais a garrafa e tem saquê ultra-master-blaster maravilhoso por 700. Todos selecionados pelo Celso, que é especialista em saquê há mais de 13 anos, certificado pelo Sake Professional Course em Tóquio, no Japão, e autor de um guia prático sobre o saquê. E ele vai adorar te falar sobre saquês e te ajudar a escolher a melhor harmonia para acompanhar seu jantar.
De verdade, quando os caras falam que a comida do Ryo sacia a alma e o paladar, não é em vão. Chama um amigo, um crush ou até a mãe e vá jantar lá. E sente no balcão que é melhor. Infelizmente eu não consegui lugar nele da última vez que estive lá, mas recomendo!
Ryo Gastronomia
Rua Pedroso Alvarenga, 665 – Itaim Bibi
De terça a sábado, das 18h à 23h
11 3881-8110
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O Jo é do tipo que separa pelo menos 30% do tempo das viagens para fazer o turista japonês, com câmera no pescoço e monumentos lotados. Fascinado pelas diferenças culturais, fotografa tudo que vê pela frente, e leva quem estiver junto nas suas experiências. Suas maiores memórias dos lugares são através da culinária, em especial a comidinha despretensiosa de rua. Seu lema de viagem? Leve bons sapatos, para agüentar longas caminhadas e faça uma boa mixtape para ouvir enquanto desbrava novos lugares. Nada é melhor do que associar lindas memórias à boas canções.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.