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Peixaria Mitsugi, a dona do melhor sashimi da cidade

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

14 de July, 2017

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Apresentado por

Fomos conhecer a Peixaria Mitsugi, lugar clássico desde 1971 no coração da Liberdade e a única no bairro desde sua abertura. A história se justifica. A peixaria era comandada pelo japonês Sozaburo Mitsugi, que faleceu há cinco anos e deixou seu comando a cargo do maranhense mais japonês que você vai conhecer na vida, o Antonio. Ele tem cara de bravo, mas é um amor em forma de pessoa. Ah, e fala japonês!!!

O Antonio. Foto: divulgação
O Antonio. Foto: divulgação

O camarão dos deuses. Foto: divulgação
O camarão dos deuses. Foto: divulgação

A Peixaria Mitsugi fica escondida aos fundos de uma galeria na Rua Galvão Bueno, no número 364. Passa desapercebida se você não souber da existência dela. Na nossa primeira investida ao local, fomos brindados com um verdadeiro banquete, que incluiu itens que ainda não constam no menu. Eu, que não gosto de camarão, devorei um a um até não restar mais nada no prato, de tão saboroso que era. O camarão foi preparado com sal, shoyu kikkoman, pimenta do reino e sálvia, resultando num sabor simples e único. Já a lula, preparada com alho, azeite e shoyu, tinha uma textura inexplicável. Macia, saborosa como nunca provei na vida. Torcendo para que essas iguarias não demorem para entrar o cardápio oficial da casa.
A entrada da Peixaria Mitsugi. Foto: Renato Salles
A entrada da Peixaria Mitsugi. Foto: Renato Salles

O prato completo. Foto: Lalai Persson
O prato completo. Foto: Lalai Persson

O sashimi é um espetáculo de tão maravilhoso, e ali ele é o rei. O menu conta apenas com sashimis em várias opções de peixes vendidos por quilo. Além dos clássicos salmão e atum, há também o robalo, a pescada amarela ou cambucu, e a garoupa. O atum é nacional e recebido em peça inteira, por isso é tão bom. Já o salmão é do Chile. Eles custam R$ 120 o quilo e a recomendação é pedir entre 300 e 350 por pessoa. Há também uma seleção de peixes, também bem saborosos, como o carapau, linguado, cavalinha, por R$ 80/kg. Tudo é preparado na hora.
Os drinks ficam a cargo do Luis. Foto: divulgação
Os drinks ficam a cargo do Luis. Foto: divulgação

A lula do amor. Foto: Renato Salles.
A lula do amor. Foto: Renato Salles.

As únicas opções além dos sashimis são ovas, também vendidas por quilo, o missoshiro e o arroz. O cardápio traz uma boa seleção de drinks clássicos, como o Manhattan, Negroni, Gin Tônica e o Old Fashioned, todos por R$ 25. Há ainda uma seleção de cervejas artesanais, drinks com cachaças, whisky e sake.
Peixaria Mitsugi. Foto: divulgação
Peixaria Mitsugi. Foto: divulgação

A peixaria agora tem o (brasileiro) Luis Fernando, ex-frequentador assíduo, no comando. Ele fez uma reforma sem tirar a identidade do lugar. Paredes com azulejos azuis bem clarinho, balança pendurada no teto para pesar  o peixe, e o Antonio, como um samurai atrás do balcão, manuseando e cortando o peixe como poucos o fazem. A peixaria passou também a abrir para jantar às sextas e sábados. Outra novidade são as festinhas que rolam de vez em quando após o encerramento da cozinha.
Luis Fernando e Antonio. Foto: Divulgação
Luis Fernando e Antonio. Foto: Divulgação

O Antonio herdou o local, mas depois de um tempo se convenceu que queria mesmo era cuidar apenas do manuseio e cortes dos peixes. Foi aí que o Luis entrou na história… mas essa parte eu vou deixar o próprio Luis contar:

“Quando eu mudei pra super próximo da Liberdade, há uns 10 anos, fui, como bom bebedor e comedor, correndo experimentar cada restaurante conhecido e cada buraco do bairro. Achei algumas coisas boas, poucas sensacionais; todas caríssimas. E muitas, para minha surpresa, que não valiam a pena.

Até que eu conheci a Peixaria Mitsugi, na época tocada pelo seu dono e fundador, um imigrante japonês brabo, bebedor e anti-social chamado Sozaburo Mitsugi. Nunca mais comi outro sashimi: peixes inteiros escolhidos, preparados e finalizados com maestria e vendidos por quilo! Entendi rápido porque ele era considerado uma lenda viva no bairro, fazendo com que a Liberdade tivesse rigorosamente UMA peixaria apenas, desde 1971.

Infelizmente o vi poucas vezes; ele foi internado pouco tempo depois de eu conhecer a peixaria e faleceu alguns anos depois. Nesses quase 5 anos internado voltou uma vez apenas pra lá, no dia anterior à sua morte. E, nesse dia, pediu que a pessoa certa tomasse conta do lugar: o Antonio, um maranhense que se descobriu japonês depois de (à época) estar trabalhando lá por 20 anos. Hoje já são mais de 25. O seu Mitsugi falava que ele era a única pessoa que tinha aprendido o que ele sabia.

Bom, só que o Antonio é um sushiman cheio de exigências. Me contou em dezembro num churrasco aqui em casa que estava cansado, queria fazer o que sabe: preparar sashimi. E precisava de alguém que tocasse a parte burocrática, formatasse tudo certinho pra servir refeições, divulgasse.

Fiquei preocupado com a possibilidade de não poder comer lá, depois de uma década me esbaldando e disse, pra surpresa dele, que eu tava dentro: juntei o dinheiro que eu tinha e o que eu não tinha e coloquei lá! Uma bela reforma, mesinhas, novas louças e produtos. Até que enfim a fortuna que eu gastei na vida com o prazer de comer bem tinha alguma serventia!

Claro, o Antonio nunca vai me deixar tocar nos peixes. Mas tudo bem, eu me divirto colocando produtos novos (como o salmão defumado, a centoia e as vieiras) e fazendo a carta de drinks, tudo receitas que eu faço aqui em casa.

Dêem uma olhada lá. Dá pra se esbaldar com 50 conto. E se não for o melhor sashimi que vocês já comeram, eu devolvo o dinheiro.”

Peixaria Mitsughi
Cardápio completo aqui

Rua Galvão Bueno, 364, Liberdade
Terça a quinta, das 8h30 às 17h30; sexta e sábado, das 8h30 às 16h e das 19h30 às 23h.

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

14 de July, 2017

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Apresentado por

Lalai Persson

Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.