Berlim 24 horas

O dia-a-dia de quem mora em Berlim com dicas culturais, gastronômicas e de passeios para todos os gostos e bolsos.

Decoding

Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.

Festivais de música

Os melhores festivais de música do Brasil e do mundo num só lugar.

Fit Happens

Aventura, esporte, alimentação e saúde para quem quer explorar o mundo.

Quinoa or Tofu

Restaurantes, compras, receitas, lugares, curiosidades e cursos. Tudo vegano ou vegetariano.

Rio24hrs

Feito com ❤ no Rio, para o Rio, só com o que há de melhor rolando na cidade.

SP24hrs

Gastronomia, cultura, arte, música, diversão, compras e inspiração na Selva de Pedra. Porque para amar São Paulo, não é preciso firulas. Só é preciso vivê-la.

SXSW

Cobertura pré e pós do SXSW 2022 com as melhores dicas: quais são as palestras, ativações, shows e festas imperdíveis no festival.

Os jardins bucólicos de Gulbenkian, em Lisboa

Quem escreveu

Alecsandra Matias

Data

06 de February, 2017

Share

Considerado um dos 10 jardins mais bonitos de Lisboa, o Parque da Fundação Calouste Gulbenkian, ali bem pertinho da Praça de Espanha, é o recanto mais fascinante no centro da cidade. Isto porque, além de abrigar um museu com uma coleção sem igual, é uma referência no paisagismo moderno português.

Sim, só a coleção de arte formada ao longo da vida do imigrante armênio Calouste Sarkis Gulbenkian é algo que já seria excepcional. Considere comigo, não é em todo lugar que se pode encontrar mais de 6 mil peças dividas em dois circuitos independentes. O primeiro dedicado à arte oriental e clássica com peças egípcias, greco-romanas, islâmicas, chinesas e japonesas. O segundo é dedicado à arte europeia com obras de pintores como Rubens, Rembrandt, Fragonard, Corot, Manet, Monet, Degas, entre outros artistas que viveram entre os séculos XVI e XX. Coincidência ou não, diversos destes pintores retrataram as mais lindas paisagens ao ar livre (em jardins europeus, olha só!).

Coleção de Arte Oriental Calouste Gulberkian, 2009. Fotografia: Truus, Bob & Jan too! Flickr.
Coleção de Arte Oriental Calouste Gulberkian, 2009. Fotografia: Truus, Bob & Jan too! Flickr.

Se já não bastasse a coleção avassaladora, a Fundação tem um edifício-sede capaz de colocar em êxtase qualquer arquiteto ou amante da arquitetura. A sede, inaugurada em 1969, com projeto arquitetônico de Alberto Pessoa, Pedro Cid e Ruy Athougia, abriga seis pisos, sendo que dois são subterrâneos. No complexo da Fundação estão o Museu, o Centro de Arte Moderna (inaugurado em 1983), salas destinadas a espetáculos da orquestra e coro, exposições, conferências, congressos, bibliotecas, oficinas e reservas técnicas.

Aqui, um segredinho meu e seu: as reservas técnicas são os lugares mais exclusivos de um museu; é nelas que são guardadas as obras quando não são expostas. Raramente, elas são abertas ao público. Então, se tiver a chance de visitar uma reserva técnica, não perca a oportunidade!

Vistas internas das Galerias do Centro de Arte Moderna, 2016. Fotografia: Pedro Ribeiro Simões. Flickr
Vistas internas das Galerias do Centro de Arte Moderna, 2016. Fotografia: Pedro Ribeiro Simões. Flickr

Mas, voltando ao edifício-sede: ele é a obra mais emblemática da arquitetura moderna portuguesa e articula-se claramente com os jardins, construídos na década de 1960 e revitalizados em 2012. As soluções paisagísticas dos jardins foram inovadoras e abusaram do modernismo mais arrojado para o período. Todos os recursos empregados no paisagismo queriam ressaltar a interação entre o edifício e seus arredores. O lago atravessa os subterrâneos do edifício, ecossistemas foram constituídos às suas margens e árvores foram plantadas nas lajes da sede da Fundação.

Fundação Calouste Gulbenkian, integração edifício e jardins, 2012. Fotografia: Mark Ahsmann. Wikipedia.
Fundação Calouste Gulbenkian, integração edifício e jardins, 2012. Fotografia: Mark Ahsmann. Wikipedia.

Nos jardins, micros-paisagens revelam a todo o momento uma geometria sútil que nos oferece ambientes ao invés de eixos, caminhos e canteiros.  Eucaliptos, pimenteiras que crescem junto ao lago, um anfiteatro poligonal e esculturas ao ar livre somam-se à fauna silvestre que completa o cenário bucólico.

Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Wikipedia
Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Wikipedia

O projeto de revitalização do parque manteve os lugares mais interessantes que o natural crescimento da vegetação foi criando durante as décadas. Porém, na nova configuração, a extravagância está no surgimento de três percursos: o da luz e da sombra, o do lago e o da orla. Na verdade, são ao menos três possibilidades de descobrir as paisagens mais inspiradoras dos jardins. E quer saber mais sobre esses percursos? A Fundação Calouste Gulbenkian oferece aulas e oficinas de desenho nos seus jardins.

Jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, 2012. Fotógrafo: Pedro Belleza. Flickr.
Jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, 2012. Fotógrafo: Pedro Belleza. Flickr.

Mas, não se prenda aos programas da Fundação e aos percursos preestabelecidos. Alguns dos pintores impressionistas que integram a coleção iriam adorar esses jardins. A paisagem é convidativa demais! Desenhistas, fotógrafos, pintores e amantes se entregam diariamente até o pôr-do-sol às delícias do jardim modernista português. Amantes? Sim, reza a lenda que muitos deram seus primeiros beijos sentados na relva destes jardins.

Fundação Calouste Gulbenkian
Av. de Berna, 45A / 1067-001 Lisboa
Tel: +351 217 823 000
e-mail: [email protected]

Jardim: todos os dias, aberto até ao pôr-do-sol.

*Foto de destaque: Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, 2014. Fotógrafo: Jorge Franganillo. Flickr.

Quem escreveu

Alecsandra Matias

Data

06 de February, 2017

Share

Alecsandra Matias

Rata de galerias e museus, não perde a oportunidade de ir procurar aquela tela, escultura ou monumento famosos que todos só conhecem pelos livros.

Ver todos os posts

    Adicionar comentário

    Assine nossa newsletter

    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.