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O que fazer no Sri Lanka: 10 experiências imprescindíveis

Quem escreveu

Vanessa Mathias

Data

24 de January, 2017

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Minha ida ao Sri Lanka foi inesperada. Foi chegar a Kuala Lumpur que, em uma breve conversa com meus pés, decidimos que não estávamos preparados psicologicamente para calçar sapatos novamente. Minhas havaianas parceiras tinham adquirido um formato exato, após alguns meses no sudeste asiático sem ter vestido outra coisa, e não combinavam com o clima da cidade.  Foi no próprio aeroporto que, em uma olhada no Skyscanner – de KL para “Qualquer lugar”, descobri um voo para Colombo, no Sri Lanka, por menos de cinquenta dólares. Embarquei no mesmo dia.

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Cheguei à noite para passar cinco dias no país em formato de coração. “Sem dúvidas, a melhor ilha do mundo”- disse Marco Polo. Descobri no avião, ao pesquisar rapidamente na internet. “Os currys absurdamente picantes que sobem ao cérebro na velocidade da luz; baratas do tamanho de ratos e ratos do tamanho de gatos; a umidade, o sol a pino e temporais, tudo junto e todo dia. Eles têm de tudo e não falta coisa pra mostrar mas, mais que isso, o Sri Lanka é experiência sensorial.” – li no único artigo que encontrei com dicas do Sri Lanka. E a descrição não podia ser mais precisa.

Se a espontaneidade carrega seu charme, também os perrengues de quem não planeja: o que fazer ao chegar lá? E para que você não passe parte da viagem olhando folders e navegando em abas do Chrome como eu, um resumo das experiências do que fazer no Sri Lanka.

1- Colocar a estabilidade emocional à prova no aeroporto de Colombo

Se você não decidiu viajar no mesmo dia como alguém aqui, talvez você tenha feito seu ETA (autorização de viagem) direitinho, e não correndo como uma doida no aeroporto. A autorização chega em alguns minutos e é bem fácil – só uma excelente forma do governo ganhar 25 dólares dos turistas.

Confira seu nome e passaporte. Caso você tenha colocado um “0”a mais, isso renderá algumas horas de conversa na imigração (sim, experiência própria). O papo para corrigir em si é rápido. O problema é conseguir uma chance de falar com os oficiais entre as jogadas de críquete na TV. Enfim, confira as informações do seu documento direitinho. Ou aprenda a gostar de críquete.

Para quem vem de Amsterdã ou Ibiza, sugiro vasculhar bem a mala para se certificar de não ter deixado nada. O Sri Lanka tem a pena de morte para posse de drogas (e mesmo que não tivesse, você provavelmente não quer passar o resto dos seus dias dividindo seu arroz com curry com ratos na prisão de Colombo, né?). Fiquei um pouco nervosa – depois que retiraram meu açafrão espanhol em Dubai, nunca tenho certeza do que o país considera droga. Mas é sempre interessante ver os cães trabalhando.

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Mas espere, não é só isso. Após ser recebido pelos oficiais, ainda há mais três etapas emocionantes: trocar dinheiro, comprar um chip e arrumar um tuk tuk. Sobre trocar dinheiro: sugiro levar em espécie. Os caixas do aeroporto não funcionavam (e considerando a quantidade e desespero dos funcionários dos “Money Exchange” no aeroporto, tenho quase certeza que alguém dá uns pontapés no caixa quando consertam). Troque apenas o suficiente (cem dólares deve durar vários dias). Por último, se puder, não compre chip no aeroporto, ele custa três vezes mais que na cidade. Transporte, a melhor dica é utilizar o Uber. Caso contrário, pesquise antes o preço do tuk tuk e esteja preparado para uma longa negociação: ganha o mais forte e paciente.

Dica bônus: não importa seu destino, esqueça Colombo. Se precisar dormir próximo ao aeroporto vá para Negombo.

2- Acompanhar os pescadores: da palafita à barraca de peixe

Pescadores palafita sri lanka
Fickr Benoit Benoit

Vale a pena levantar às 5 da manhã para uma visita à paisagem mais instagramável do Sri Lanka: os pescadores de palafitas. Sentados em uma barra transversal chamada petta, lançam a linha e aguardam até peixes serem capturados, em toda a costa. Em Negombo, eles ficam a um quilômetro do porto principal, qualquer tuktuk sabe chegar.

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Bicicleta para levar o peixe ao mercado

Enquanto a tradição permanece intacta em algumas regiões, outras já virou atração turística, e eles ganham mais dinheirinho tirando foto do que “vendendo seu peixe”. No pun intended.

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O mercado de Negombo é interessantíssimo. Para narizes treinados, é possível sentir o cheiro da noz moscada e dos temperos, além dos peixes frescos. Na praia, eles secam muitos dos peixes em procedimento tradicional e de higiene questionável. Se tiver cozinha, é hora de comprar uma arraia ou barracuda para virar curry.

Mercado de peixes Negombo Sri Lanka
Mercado de peixes Negombo

2. Descobrir a variedade de temperos

Curry
Foto Migrationoloy

Terra onde nasce o açafrão, o gengibre, cominho, noz-moscada, cravo, pimentas mil, canelas e chás, o curry é a expressão máxima da cozinha local. Curry de vegetais, curry de manga, curry de frango, curry de tudo que você possa imaginar, acompanhado de arroz branco soltinho. Os de peixe são os campeões de venda. Mas, para mim, o curry de jaca (Polos Curry) e o de beterraba ficarão pra história.

Arroz com curry é também o prato mais barato de toda ilha, e você encontra por menos de um dólar. É muito difícil encontrar algum lugar onde custe mais de 5 dólares. Aproveite para experimentar o Delived Crabs ou Deviled Prawns, se estiver em Colombo, no Ministry of Crab.

3. Ficar íntima de baleias azuis

De Novembro a Abril é temporada de migração das baleias azuis, e essa foi minha principal razão para ir para o Sri Lanka, na “chance”de ver uma. Mal sabia que lá você vê tantas baleias, de tão perto, que dá vontade de chamá-las para entrar, tomar um café e oferecer um biscoito de plâncton.

Os passeios saem de Mirissa, uma das praias mais bonitas, que fica no sul do país. De Colombo você pode chegar de trem. Lá, há várias operadoras que fazem o whale watching.  É muito importante escolher o barco correto. Os mais baratos, que variam de 5 a 10 dólares, colocam muita gente no barco e literalmente ‘perseguem’ as pobres baleias. Outros são mais tranquilos, com motoristas experientes (e também mais caros). Por volta de vinte dólares é bem melhor – muito menos pessoas e com operadoras mais éticas. Recomendo fortemente a Whale Watching Club.

Baleias Azuis Mirissa Sri Lanka
Sim, é assim é de perto – Baleias Azuis Mirissa Sri Lanka Whale Watching Club

Durante quatro a cinco horas você anda de barco, come uma fruta e uma panquequinha (roti), enquanto testa sua habilidade de avistar as baleias. Quando você menos esperar, elas surgem aos seus lados, chegando a medir duas vezes o tamanho do barco. Vi mais de 12 baleias azuis, mas também aparecem por lá as cachalotes e até baleia orca, durante a sua migração para águas mais frias. Para completar, golfinhos animados seguem o barco.

Tartarugas acasalando, Sri Lanka
Tartarugas acasalando, Sri Lanka/ Foto Whale Watching Club

Curiosidade: Janeiro também é rota das tartarugas. Vi mais de um casal utilizando o alto mar de motel. Ao pesquisar, descobri que elas acasalam por 24 horas (morram de inveja).

4. Andar na rota de trem mais bonita do mundo

Trem no Sri Lanka: Foto Nerd Nomads
Trem no Sri Lanka: Foto Nerd Nomads

Em um país de trânsito tão agressivo quanto o da Índia, o melhor transporte no Sri Lanka sem dúvida é o trem. Com alguma sorte você consegue comprar a primeira classe ou vagão panorâmico, mas na segunda ou terceira classe há sempre lugar. Dizem que a rota entre Kandy e Elle é a rota mais bonita do mundo, atravessando as montanhas e plantações de chá. Não fiz, mas ouvi de todos os viajantes que é imprescindível. Esse site conta a viagem com detalhes.

5. Aprender a surfar em Weligama

Surf N Lanka - Weligama
Foto Surf N Lanka – Weligama

Seja em Weligama, Hikkaduwa ou Mirissa, há escolas de surf por todos os lados. Nunca havia imaginado em fazer aula. Primeiramente, porque tenho menos habilidade motora que um panda disléxico sob efeito de psicotrópicos. Segundo, porque ao fazer isso em público, as pessoas descobririam que minha habilidade motora é pior que um panda disléxico sob efeito de psicotrópicos.

Mas, se você já está no Sri Lanka… não conhece ninguém… Pense: os locais já te julgam por falar esquisito e não gostar de comer pimenta – não saber surfar é o de menos. E o mínimo que você pode fazer para retribuir a generosidade dos locais é oferecer um ótimo show de tombos. O bom é que eles garantem que você fica de pé na primeira aula, ou devolução do dinheiro.

Vou poupá-los do detalhes da minha aula para não desmotivar iniciantes, mas vou comentar apenas que não precisei pagar, que água do mar é excelente para a garganta, e que quase morrer afogado é uma ótima forma de fazer novos amigos. Ah, e recomendo a Surf N Lanka, em Weligama.

6. Encontrar com elefantes, como deve ser

Confesso que uma das maiores vergonhas de viajante foi ter feito um pseudo-encontro-ético na Tailândia com elefantes, desses que você chega lá e percebe que, de ético só o nome. Mudei muito minha forma de ver o turismo que envolve animais nos últimos anos. Hoje, mais espertinha, pesquiso em alguns sites sobre viagens responsáveis quando tenho dúvidas sobre um determinado local.

O Pinnawala Elephant é um orfanato de elefantes e o mais famoso por lá. Ele é bem mais ético que o que estamos acostumados a ver na Tailândia ou Myanmar. Porém, infelizmente, eles perderam a recomendação de alguns sites por algumas práticas: como, por exemplo,  estimular a reprodução dos elefantes em cativeiro. Por isso decidi não visitar, mas fica por conta de cada um.

Safári com elefantes Monkeys e Mountains
Safári com elefantes/ Foto Monkeys e Mountains

Para se encontrar com elefantes, sugiro os safáris, que passam pelo ambiente natural dos animais, tanto no Kaudulla National Park, Minneriya National Park ou Yala National Park. Esse site conta com detalhes a melhor forma de ver os elefantes, inclusive com a recomendação de operadoras, sempre levando em consideração as formas mais éticas de se aproximar deles.

7. Seguir o caminho de Buda no Adam’s Peak

Foto Manu Praba
Foto Manu Praba

Os budistas dizem que a montanha é a pegada do pé esquerdo do Buda. Os hindus dizem que é de Shiva. Enquanto os muçulmanos e cristãos acreditam que foi o primeiro passo de Adão ao ser exilado do Paraíso. Escolha sua crença favorita – ou nenhuma delas – e comece a famosa escalada que começa à noite para chegar no cume durante o nascer do sol. Há diversos caminhos para chegar até o pico, do mais fácil ao mais avançado. Esse site é ótimo e inclui sugestões de operadoras e hotéis.

8. Jornada interna com Retiros e Ayurveda

Retiro Tallala Foto Lucia Griggi/11
Retiro Tallala Foto Lucia Griggi/11

Longe de ser expert no assunto, mas se tem um lugar que curte ayurveda é o Sri Lanka. Em toda a esquina, boteco ou lojinha tem uma seção de produtos baseados nessa antiquíssima filosofia médica holística.

Desde apenas uma massagem ou um retiro de yoga completo, com direito a consulta com médicos holísticos, há opções para quem quer só conhecer ou mergulhar de vez nessa jornada interior. O Ulpotha é um retiro todo diferentão, em uma vila rural sem eletricidade, com yoga e alimentação ayurvédica, terapias com a natureza, para um detox na alimentação e na conexão com si próprio.

Já o Talalla Retreat é focado no bem estar, seja surfando, fazendo yoga, massagens e até boxe, porém com conforto e certo luxo (até com chef particular para o casal), em uma vila local paradisíaca.

9. Andar de scooter pela costa

Foto Flickr Jaffna
Foto Flickr Jaffna

Uma das minhas desenvolvidas habilidades nesse viagem foi a capacidade de andar de scooter. Se você nunca andou, o Sri Lanka, assim como a Índia, não é o melhor lugar para aprender – aliás, diferente dos demais lugares no sudeste asiático, eles pedem sua carteira de motorista. Porém se já tem alguma experiência, por 5 dólares você aluga uma por 24 horas. Fiz de Mirissa até Hikkaduwa, pela costa, acordando cedíssimo para ver os pescadores na palafita. Ande devagarinho, bem à esquerda, ignore as buzinas (elas são mais um “oi, estou passando, e não um xingamento como no Brasil”). Ah, e use sempre capacete!

10. Conhecer ruínas

Flickr Sérgio Scarbajo
Flickr Sérgio Scarbajo

O Triângulo Cultural, ou “King’s Land” (para amantes de Game of Thrones), serviu como berço da civilização sinhala nas cidades de Anuradhapura e Polonnaruwa. Anuradhapura durou de 400 a.C. até o século 11, e foi uma das grandes capitais medievais da Ásia, com vários monastérios e dagobas. Obra maior que essa, nesse período, apenas as pirâmides do Egito.

Foto destaque: Nerd Nomads/ Foto Facebook: Specer Montero/ CC

Quem escreveu

Vanessa Mathias

Data

24 de January, 2017

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Vanessa Mathias

Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.

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Comentários

  • De todos os posts sobre o Sri Lanka, o seu foi, de longe, o melhor. a forma descontraída e precisa como descreveu os lugares eleva em mil a vontade de quem pretende visitar essa linda ilha.. gratidão

    - @evaristojr7
  • Parabéns! Adorei e me diverti com seu post!! To indo agora pra lá!!

    - Ericka
  • Parabéns! Adorei e me diverti com seu post!! To indo agora pra lá!!

    - Ericka

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