Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Mais de 100 sessões. Esta é a quantidade de vezes que o assunto Inteligência Artificial apareceu na edição 2017 do SXSW, evidenciando que este é um dos principais temas discutidos em Austin. Somem-se ainda os incontáveis ambientes high-tech criados pelas marcas para demonstrar seus avanços e, na prática, estamos vivendo uma grande experiência de imersão em AI (Artificial Intelligence).
Além das já conhecidas aplicações nas áreas de saúde, governo, atendimento ao cliente e assistentes pessoais, o que tem se destacado nesta edição do SXSW são as interfaces altamente elaboradas, sejam nos assistentes virtuais ou nos robôs humanóides. Em ambos os casos, a perfeição na sintetização da voz e a evolução no tratamento de emoções impressiona.
BabyX: uma criança animada de forma autônoma que aprende utilizando neurociência e modelos de desenvolvimento baseados em psicologia. É simples: eles descobriram que humanos sabem ensinar melhor a crianças – e inteligência artificial hoje aprende exatamente dessa forma.
O robô humanóide apresentado no Japan Factory chama a atenção por sua aparência real, capacidade de articulação verbal e realismo dos movimentos faciais e corporais.
O antagonismo entre os benefícios esperados com AI e os riscos que ela representa também tem marcado presença nas sessões. Melanie Cook, da SapientRazorfish, citou Norbert Wiener na afirmação que a colaboração entre homens e máquinas poderia “amplificar a capacidade humana e libertar as pessoas dos trabalhos manuais penosos, favorecendo a busca de conhecimento de forma mais criativa e as artes.” Em contrapartida, Eric Horvitz, da Microsoft e pesquisador de Stanford, explorou riscos como ataques hackers em sistemas de AI que poderiam, por exemplo, provocar acidentes em larga escala em carros autônomos. Ainda assim, Horvitz apresentou duas iniciativas consistentes para a garantia de um futuro seguro com AI: A primeira iniciativa é o programa “Partnership on AI”, que envolve grandes players do mercado global, como Amazon, Deep Mind, Facebook, Google, IBM e Microsoft. A segunda iniciativa é o ousado programa de pesquisa de Stanford, denominado AI100, que propõe um profundo trabalho de pesquisa de 100 anos de duração.
Há também espaço para discutir o impacto da AI na geração de empregos, assunto recorrente quando se trata de AI. Ressalte-se que o valor de uma tecnologia não está na sua descoberta ou no seu desenvolvimento, mas nas aplicações que são geradas a partir dela. Assim, a abordagem de Melanie Cook posicionando a Inteligência Artificial como um assistente para o ser humano ao invés de um substituto a ele pode ser uma chave para a questão da empregabilidade.
Ainda assim, é natural que profissões se transformem, e a força de trabalho que hoje aplica um conjunto de conhecimentos e competências para a execução de uma tarefa precisará se adaptar para a nova realidade, onde assistentes estarão disponíveis para encontrar informações e correlações antes imperceptíveis. Se as máquinas aprendem com o ser humano, o ser humano também se desenvolve a partir da interação com as máquinas. Rohit Prasad, da Amazon, foi enfático ao afirmar que tanto nós como indivíduos, quanto as corporações e também o governo precisamos investir em capacitação da força de trabalho para esta nova realidade.
Sobre o papel do governo neste cenário, Suzan Delbene, da US House of Representatives, pontuou que além do investimento em capacitação e pesquisa, espera-se que sejam definidas regulamentações que tratem principalmente as questões de privacidade e segurança.
Na visão otimista, estamos prestes a viver uma era de abundância e prosperidade. Na visão cautelosa, existem grandes riscos a ser endereçados, além do iminente impacto na geração de empregos. Para nós, que estamos tendo acesso a informações em primeira mão, fica uma reflexão: Qual é a nossa parte na construção de uma sociedade melhor, com o uso de AI?
Por Vinicius Soares – Engenheiro e head de inovação, e um dos curadores do Trends Report SXSW
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