Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
O Masp sempre esteve lá, desde os anos 60. Com o tempo vieram o Itau Cultural, o Sesc Paulista, o Centro Cultural FIESP e a Casa das Rosas. Em 2017, já tivemos a adição da Japan House a esse poderoso time. Agora, a Avenida Paulista recebe mais um ilustre protagonista do polo cultural que se embrenhou entre os tantos prédios comerciais: no próximo dia 20 abre as portas a nova sede do Instituto Moreira Salles em São Paulo.
O Instituto Moreira Salles, para quem não sabe, é uma entidade sem fins-lucrativos fundada em 1992 pela família Moreira Salles, no Rio de Janeiro. Com um acervo de respeito – que inclui mais de 2 milhões de fotografias, 20 mil discos de 78 rotações e 6 mil de 33 rotação de músicos brasileiros, 10 mil desenhos e gravuras de artistas plásticos e 150 mil livros e documentos de escritores – seu objetivo sempre foi a promoção e desenvolvimento de programas culturais. Desde 1996, o IMS mantinha uma sede em Higienópolis, mas o espaço ficou pequeno para um catálogo tão impressionante.
Os 450 m2 anteriores foram substituídos por majestosos 6 mil, distribuídos em 9 andares do prédio construído em 4 anos, a um custo de 150 milhões de reais. A torre de vidro não tinha espaço para se expandir para os lados, então o programa foi distribuído para cima. A nova sede do IMS conta agora com 3 salas de exposição, um auditório, 3 salas para palestras e cursos, uma biblioteca, estúdios de fotografia, restaurante, café, livraria e ainda uma praça localizada no 5º andar.
É justamente por essa praça que se entra no Instituto. Os arquitetos do escritório Andrade Morettin Arquitetos romperam a lógica de circulação hierárquica ascendente como uma forma de democratizar o espaço do instituto. Os visitantes saem do nível da rua por escadas rolantes direto para uma grande esplanada livre revestida de mosaico português, típico dos calçadões do Rio. É nesse átrio que ficam a bilheteria, o guarda-volumes, a distribuição para os outros andares, e o magnífico móbile ‘Viúva Negra’, do artista Alexander Calder, oferecido em comodato pelo IAB. Aqui também é o único ponto da grande fachada de vidro translúcido que se abre e se debruça sobre a movimentada Avenida Paulista. O café e a pequena filial da carioca Livraria da Travessa ainda complementam a sensação de se estar passeando pelo Leblon em pleno centro nervoso paulistano.
Olhando para cima a partir da praça, vê-se um grande bloco revestido de placas de aglomerado de madeira vermelhas perfuradas, que encerram todas as salas de exposição. Esse material, além de conferir uma volumetria que parece desligada do resto da construção, tem o papel de climatizar as 3 salas de exposição, protegendo as obras e proporcionando o uso racional de energia. Já na abertura, 3 exposições de peso convidam os amantes da arte ao IMS.
A primeira é a extensa e envolvente série ‘Os Americanos‘, do fotógrafo e cineasta franco-americano Robert Frank. Ela vem junto ao projeto ‘Os livros e os filmes’, desenvolvido por Frank junto com o editor e impressor Gerhard Steidl. A segunda é a mostra ‘Corpo a Corpo’, que reúne trabalhos de retratos em fotografia e video de 7 artistas e coletivos brasileiros contemporâneos. Destaque para a obra ‘À procura do 5º elemento’, da Barbara Wagner; ‘Eu, mestiço’, do Jonathas de Andrade; e a contundente instalação ‘A máscara, o gesto, o papel’, da Sofia Borges. Por último, e ainda mais potente, a terceira exposição é um video do americano Christian Marclay entitulado ‘The Clock‘. A obra, que nada mais é que uma grande colagem de 24 horas ininterruptas de trechos de filmes, é apresentada em um mini-cinema. Explicar o que ela é requer um post inteiro, mas dá para adiantar que ela ficará aberta ao público durante as 24h do dia apenas do sábado para domingo, até 19 de novembro.
Nos andares abaixo da praça ficam dois dos equipamentos mais importantes do IMS. No 3º andar está o cinema, com capacidade para 150 pessoas. Além de participar de eventos como a Mostra Internacional de São Paulo e o É Tudo Verdade, ali também serão exibidos filmes em seus formatos originais, já que eles possuem equipamentos para projeção em DCP 2D e 3D, 16mm e 35mm. Descendo mais um andar, ali fica a envidraçada biblioteca de fotografia, com capacidade para 30 mil livros, todos disponíveis para consulta pública. E se depois de tanta atividade cultural a fome bater, no térreo, aos fundos, fica o restaurante Balaio, comandado pelo chef Rodrigo Oliveira, do Mocotó.
Tudo isso, e mais algumas coisas, vão acontecer agora, já na abertura. Com o tempo, a programação vai ter o caldo engrossado com apresentações de samba e choro e eventos de música, cursos e ações destinadas a docentes da rede pública, e mais novidades que serão anunciadas até 2019. A entrada no IMS é gratuita, assim como as exposições, e vale lembrar que o instituto não faz uso de verba de incentivo federal. Isso tudo, vale lembrar, em plena Avenida Paulista, com acesso direto a duas linhas de metrô, em frente à ciclovia (tem bicicletário la dentro), e muito próximo a alguns dos equipamentos culturais mais importantes do país.
Instituto Moreira Salles – SP
Av. Paulista, 2424 – Jardins
(11) 2842-9120
De terça a domingo, das 10h às 22h
Feriados (exceto segunda), das 10h às 20h
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.