Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Em fins dos anos 80, o rock estava curvado à onda glam, com as leggings coloridas e as cabeleiras pomposas de astros como Jon Bon Jovi e Axl Rose. A reação a esse movimento foi justamente uma volta ao punk dos anos 70, que desprezava o espetáculo musical, e retomava o som espontâneo e raivoso das bandas de garagem. A cena underground do noroeste dos Estados Unidos começou a chamar atenção pelo contraste com as cidades pacatas da região. Mas foi só em 1991 que aquele novo rock, gutural e raivoso, seria alçado ao mainstream, com o lançamento do álbum ‘Nevermind’. O Nirvana foi catapultado ao estrelato, e se tornou o símbolo máximo do grunge. Mesmo tendo um fim precoce com o suicídio do vocalista Kurt Cobain, o Nirvana ainda figura entre as maiores bandas de rock de todos os tempos.
É essa carreira meteórica que a exposição ‘Nirvana: Taking Punk to the Masses‘, que estreou ontem em São Paulo, apresenta através de fotos, documentos, videos, objetos pessoais, relatos e vários instrumentos musicais. A mostra faz parte da coleção permanente do Museum of Pop Culture de Seattle (MoPOP), e em sua primeira saída pelo mundo veio cair justamente no Brasil. Depois de passar pelo Rio de Janeiro, agora a exposição chega ao Lounge Bienal, no subsolo da Bienal.
Como não poderia deixar de ser, parte da mostra se dedica ao gênio atormentado Kurt, que sucumbiu à pressão da fama depois do sucesso da banda. Estão lá fotos dele ainda na adolescência, e seus trabalhos escolares que já mostravam um grande impulso criativo. Mas, diferentemente da persona deprimida e retraída que sua morte trágica oferece, é possível ver que Kurt era na maioria do tempo amável e divertido através de cartas e letras de música escritas por ele.
A exposição traz também uma série de curiosidades da trajetória da banda, como o primeiro contrato com a gravadora Sub Pop por ridículos 600 dólares para o primeiro álbum ‘Bleach’. É engraçado ver os comentários deles sobre o original da famosíssima foto do bebê na piscina com atrás da nota de dolár que estampou a capa do ‘Nevermind’. Sobre a foto lê-se: ‘Se alguém tiver problema com o pênis dele, nós podemos tirá-lo’. Fora isso ainda estão lá os set lists de shows icônicos (inclusive dos shows de SP e Rio em 1993), as várias guitarras quebradas por Kurt nos shows, e até a roupa que o Krist Novoselic usava no MTV Music Awards de 1992, quando ele jogou o baixo na própria cara.
Muito do material coletado, inclusive, teve ajuda do próprio Krist, que emprestou parte do seu acervo, e ajudou com a apuração de fatos. O fim da exposição conta com um grande painel com discos tirados da sua coleção, selecionados por serem grandes referências musicais para o Nirvana. É possível escutar músicas de todos esses discos, além de muitas outras de outros painéis espalhados no salão. Um deles trás as bandas que fizeram a cena underground dos anos 80 de Seattle, e outro traz as que fizeram fama com o grunge dos anos 90, como Pearl Jam e Alice in Chains. Pura nostalgia.
Além disso tudo, duas instalações convidam os saudosos fãs a se divertirem com o Nirvana. Um cenário de piscina azul permite que as pessoas tirem suas selfies bancando o bebê da capa no fim da mostra. E em uma caixa fechada, com muita privacidade, é possível ouvir o grande hino do Nirvana ‘Smells Like Teen Spirit’ e cantar a plenos pulmões, bater muita cabeça e se jogar como a música manda. Só fica esperto que depois o video é mostrado em uma TV do outro lado.
A exposição ‘Nirvana: Taking Punk to the Masses’ é parte do projeto Samsung Rock Exhibition, que já trouxe uma mostra sobre o Jimmy Hendrix em 2015. Com parceira do Ministério da Cultura e realização do Instituto Dançar, ela fica em cartaz até 12 de dezembro.
Nirvana: Taking Punk to the Masses
Lounge Bienal – Pavilhão Ciccillo Matarazzo (Pavilhão da Bienal)
Parque do Ibirapuera – Portão 3
Bilheteria: de terça a sexta, das 9h30 às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 19h
Visitação: de hora em hora, 1h por sessão
Ingressos: $25 de terça a sexta, $35 sábados, domingos e feriados (inteira)
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsPor ser PUNK tá carinho,hein…
Pois é. Mas considerando a quantidade de material que trouxeram e o cuidado para montar a exposição, não tinha como ser algo muito barato. ;-)
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.