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Explorando o Peru: A beleza rara de Cusco – parte 1

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

28 de November, 2017

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O Peru é um país encantador com uma história espetacular de mais de 10 mil anos por trás para contar. Quem ainda não teve o privilégio de explorar suas terras já desconfia que o fôlego por lá vai faltar, seja pela altitude ou pela beleza rara. O que não faltam são adjetivos para falar do país. Viajei recentemente para lá com a Mountain Lodges of Peru, que faz um trabalho notável envolvendo toda a comunidade local em volta dos seus programas e serviços, sempre com Machu Picchu como a cereja do bolo no final. O resultado é uma experiência especial e única.

Machu Picchu, a cereja do bolo da viagem ao Peru.

A Mountain Lodges of Peru oferece passeios pelos Vale de Lares e Salkantay até Machu Picchu desde 2006, além de possuir seus próprios lodges ao longo da viagem, onde só se hospeda quem viagem com eles. Já foram considerados, por dois anos consecutivos, a quinta melhor operadora de turismo do mundo no ranking da revista Travel+Leisure. O prêmio não é à toa. A viagem com a Mountain Lodges é impecável do começo ao fim, proporcionando uma experiência realmente exclusiva e imersiva na cultura e gastronomia locais. O luxo é na medida certa, sem ostentação. Algumas glórias alcançadas na viagem são: caminhadas por lugares pouco explorados, almoços em refúgios exclusivos no meio da montanha, visitas à casas de locais, banhos em jacuzzi na varanda do quarto com vista para montanhas, visitas à comunidades de tecelãs com direito a aula sobre o processo de tecelagem.

Surpresas que encontramos andando por Cusco. Foto: Adriano Fagundes – @adrianocff

O trabalho que tivemos foi escolher uma entre as várias atividades oferecidas diariamente, entre caminhadas longas ou curtas e passeios culturais (e essa tarefa não era nada fácil).

Cusco: o início da nossa aventura

Nosso grupo passeando por Cusco…

A chegada em Cusco aconteceu no fim do dia numa sexta-feira e o sol já se punha no horizonte. O esperado “mal de altitude” (conhecido como soroche), causado pelos seus 3.399 metros de altitude, não me abateu. Nos hospedamos no charmoso El Mercado, na região central de Cusco. O hotel fica numa região privilegiada da cidade, próximo à Plaza de Armas. Ele possui quartos decorados de forma rústica e super aconchegantes, um jardim para relaxar após as caminhas intensas na cidade, um bom restaurante e oferece, ainda, um delicioso e caprichado café da manhã.

O quarto duplo do El Mercado. Foto: divulgação.
A deliciosa sala do El Mercado onde é servido o café da manhã. Foto divulgação.

Não tinha nenhuma ideia de como poderia ser Cusco, lugar que nunca me despertou a curiosidade. Apesar de muitos considerarem Cusco apenas como uma ponte para chegar a Machu Picchu, ela merece atenção. Há bastante para ver e explorar. A história está em todos os lugares. Paredes datadas do tempo dos incas se misturam com construções de igrejas e casas dos espanhóis. Cusco, ou Qosco na grafia original, em quechua significa “umbigo do mundo”.

É fácil encontrar poesia em Cusco. Foto: Adriano Fagundes – @adrianocff
A bela Plaza de Armas. Foto: Adriano Fagundes – @adrianocff

A cidade é simples, mas com ótima infraestrutura para o turista, com muitos restaurantes, lojas, mercados, cafés, museus e galerias de arte. Agrada tanto quem busca sossego, quanto quem quer agito. Suas ruas são lotadas de turistas vindos de todos os cantos do mundo.

Paredes da época Inca em San Blas. Foto: Carlos Adampol Galindo
Cusco vista de cima. Foto: Foto: Adriano Fagundes – @adrianocff

Existem áreas bem cativantes, como San Blas, o bairro que respira cultura e esbanja charme em suas ladeiras com ruas estreitas pavimentadas com pedras e casarões bem conservados da época colonial. É aqui que a noite acontece. As ruas são tomadas por jovens locais e viajantes animados que buscam por diversão madrugada adentro.

O charmoso bairro San Blas. Foto: Glenna Barlow.
Clubes e bares agitam a noite em San Blas. Foto: Lalai Persson

Na nossa primeira manhã na cidade, fomos conhecer o tradicional Mercado Central de San Pedro. Apesar de ter se tornado um ponto turístico, ele conseguiu manter sua autenticidade, sendo o principal mercado dos locais até os dias de hoje. Nele se encontra tudo, de grãos a roupas, de brinquedos a comida, de artesanato a temperos, centenas e centenas de tipos de batatas, legumes e tudo o que se possa imaginar, inclusive o famoso porquinho da índia assado inteiro e servido no espeto para quem quiser experimentar.

Mercado Central de San Pedro, onde é possível encontrar um número infinito de tipos de batatas. Foto: Lalai Persson
Gaia e Victor na saída do Mercado San Pedro. Foto: Lalai Persson

O sábado foi mais produtivo e pareceu contar com mais horas do que realmente tínhamos. Depois do mercado, voltamos para o hotel para uma “aula” fascinante com o guia Andrés Adasme sobre arqueoastronomia, estudo que busca entender a relação da astronomia com a arquitetura dos povos pré-históricos. Foi uma hora ouvindo sobre a cosmologia andina e as construções pré-incas e incas, incluindo a história da formação do Peru. Ali já sacamos a bela imersão que teríamos nos próximos dias. A ansiedade estava a mil.

Para refrescar a cuca após tanta informação, fomos conhecer o pitoresco San Blas, onde começamos nossa incursão pela cozinha andina no Pacha Papa Restaurant. Por ali dá vontade de entrar em cada portinha que se abre à nossa frente.

Aji de galinha, um dos pratos típicos do Peru, do Pacha Papa. Foto: Lalai Persson

O dia seguiu com a Carla, nossa guia na cidade, apresentando as maravilhas incas com maestria, afinal ela é descendente direta desta civilização. Cusco guarda vários sítios arqueológicos a serem visitados: Tambomachay, Q’enqo, Puca Pucara e Sacsayhuaman, além de Coricancha, o Templo do Sol.

Carla, nossa guia inca. Foto: Lalai Persson

Eu, que me aprofundei pouco na história inca antes da viagem, só tive surpresa atrás de surpresa ao conhecer mais de perto a história dos incas. Nossos passeios pelos principais sítios arqueológicos de Cusco começou por Tambomachay, onde os incas construíram canais para cerimônias e adoração à água. Detalhe: eles ainda funcionam! Mas naquela região quem impressiona mesmo é Sacsayhuaman, uma das principais construções do Império Inca, que ocupa 3 mil hectares de terra. Não se sabe ao certo se ali foi uma fortaleza para fins bélicos ou um centro cerimonial para fins religiosos. São imensas estruturas com blocos de granito, de até nove metros de altura e até 350 toneladas, com cortes precisos e encaixe perfeito das pedras sem qualquer tipo de liga ou chapisco. Sua grandeza faz nos sentir um mero pontinho no universo.

Eu tirando a foto clássica na entrada de Sacsayhuaman.
Sacsayhuaman. Foto: Nico Aguilera.

Nossa tarde terminou numa visita à Coricancha (ou Korikancha), o maior símbolo da dominação espanhola na região. Parte do templo original foi derrubado para dar lugar ao Convento de Santo Domingo. Ele mostra a fusão das duas culturas, pois foi preservada parte da construção dos incas dentro do próprio convento. Na parte externa é possível comparar as duas estruturas, inca e espanhola, já que elas se juntam. A perfeição da construção inca se sobressai em relação à construção feita pelos espanhóis.

Coricancha – o muro é inca e a igreja é construção espanhola. Reparem na diferença do corte das pedras. Foto: Lalai Persson

A noite se encerrou no delicioso restaurante Baco, regada a vinho e um delicioso jantar digno da fome que todo o passeio nos deixou. O dia seguinte começaria nossa aguardada aventura entre montanhas e vilarejos, pelos Vales Sagrado e de Lares, num mergulho cultural inesperado pelo Peru até alcançarmos a cereja do bolo: Machu Picchu.

Fechando Cusco com um delicioso jantar no Baco. Foto: Lalai Persson

*Na próxima sexta-feira publicaremos a parte II com Pisaq, onde fizemos uma caminhada de três horas entre Amaru e Viacha. 

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

28 de November, 2017

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Lalai Persson

Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.