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Experimente Bucareste: Mini-guia do Comunismo

Quem escreveu

Dani Valentin

Data

06 de June, 2017

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Passear pelas ruas de Bucareste é uma aula de história. É possível aprender muito da sua história apenas andando pelas vielas e observando suas construções. Se no guia anterior nós falamos sobre o centro antigo, com a maioria das construções pré-segunda-guerra, neste segundo  guia falaremos um pouco sobre a época da ditadura comunista, que durou de 47 a 89.

Um pouco da história

Terminando a II Guerra Mundial, a Romênia, que lutou parte da guerra do lado da Alemanha, foi logo ocupada pela União Soviética. Com isso veio a pressão para que se instalasse um governo pró-comunista. Muitos dizem que o intuito na época nem era se tornar um país de esquerda, mas temiam que, em não seguindo esse caminho, o país fosse dividido. Foi então que em dezembro de 1947, o rei Michael abdicou e nasceu a República Popular Romena. Em 1965 o nome foi trocado para República Socialista da Romênia e neste mesmo ano Nicolae Ceaușescu assumiu o cargo de secretário geral do Partido Comunista.

Palácio do Parlamento. Foto: Dani Valentin
Palácio do Parlamento. Foto: Dani Valentin

O começo dessa nova etapa socialista, foi, é claro, difícil. Além das esperadas prisões e mortes, o país pagava impostos de reparação de guerra e foram construídas ali as SovRoms, empresas que deveriam gerar dinheiro para a reconstrução interna, mas que no final eram usadas para que produtos romenos fossem levados a União Soviética a preços de custo. Nos anos 50, porém, o país ganhou mais independência, as tropas soviéticas deixaram solos romenos em 1958 e a repressão interna se tornou mais leve. A intensa política de industrialização também melhorou a qualidade de vida da população.


Último discurso de Nicolae Ceaușescu

Porém, tudo começou a mudar novamente nos anos 80. Os planos megalomaníacos de Ceaușescu fez com que a população passasse por racionalização de gás, energia e comida porque ele decidiu nessa mesma década pagar toda a dívida do país e construir o maior edifício governamental da Europa. É claro que a população não ficou feliz e os protestos começaram. Tudo se intensificou em 1989 e no dia 21 de dezembro, o presidente foi vaiado e expulso do palanque durante um discurso. Com os protestos tomando conta de todo o país, ele fugiu mas 3 dias depois foi capturado.

No natal de 1989, ele e sua mulher Elena foram condenados e executados. Tudo foi televisionado e fotos do casal foram publicadas em jornais. Isso porque o caos no país estava tão intenso que achavam que se não provassem que o ditador estava realmente morto, a população não acreditaria e os protestos continuariam.

O que ver

Palácio do Parlamento

É impossível começar esse guia sem falar do Palácio do Parlamento. É o segundo maior prédio administrativo do mundo, apenas perdendo para o Pentágono, com uma área de 365 mil metros quadrados e custo de energia e aquecimento de 6 milhões de euros por ano. Em 1977, Bucareste sofreu um terremoto e parte dos prédios da cidade ficaram em condições precárias. Ceaușescu aproveitou o episódio para começar seu plano de reconstrução, chamado de Projeto Bucareste. Para alguns, a situação não era tão ruim assim, dizem que ele usou o terremoto como desculpa para seus planos. A inspiração veio da Coréia do Norte e suas ruas gigantes. O concurso para a construção do projeto foi da arquiteta Anca Petrescu, que tinha apenas 28 anos na época. A construção começou em 25 de junho de 1984. A estrutura ficou pronta em 1989, mas com o fim da ditadura, o prédio levou outros 15 anos para ser terminado oficialmente.

Palácio do Parlamento. Foto: Dani Valentin
Palácio do Parlamento. Foto: Dani Valentin

É importante frisar que a construção teve o empenho da população de todo o país. 5 milhões de romenos trabalharam direta ou indiretamente na construção do palácio. As crianças precisavam levar nos meses quentes – abril a setembro – folhas para alimentar os bichos de seda para as cortinas e papel de parede. Levavam também vidros e plásticos para serem reciclados e usados.

As visitas podem ser agendadas diretamente com o Parlamento por telefone, para até 9 pessoas ou via e-mail para mais. Mais informações no site.

Praça da Revolução

A Praça da Revolução fica na rua Victoriei e, antes de 1989, era chamada de Praça do Palácio. A praça sempre foi ponto central na cidade, ali ficam o antigo Palácio Real, que hoje é o Museu nacional de Arte da Romênia, o Ateneu e a Biblioteca da Universidade de Bucareste. Foi também onde ficava a sede do Partido Comunista e de onde Ceaușescu fazia seus discursos, inclusive o último quando a população se rebelou contra ele. Hoje esse prédio é ocupado pelo Ministério do Interior e Reforma Administrativa.

A área foi o principal palco da revolução de 89, desde o discurso de Ceaușescu, até depois quando a população foi recebida por balas. A história aliás é bem mal-contada, atiradores começaram a disparar contra as pessoas e a polícia disse que haviam terroristas na rua e por isso interviu.

Memorial do Resnascimento. Foto: Daniella Valentin
Memorial do Resnascimento. Foto: Daniella Valentin

Outra polêmica envolve a praça: a escultura principal do Memorial do Renascimento, que conta com um pilar e uma coroa de metal no topo, deveria representar a vitória do povo frente ao comunismo. Ganhou o apelido carinhoso de “batatão”. Além do projeto ter sido superfaturado a maioria dos romenos acham que ele é uma representação muito abstrata do que deveria ser. A marca de sangue foi um protesto, não estava no projeto inicial.

Avenida Unirii

Avenida Unirii. Foto: Dani Valentin
Avenida Unirii. Foto: Dani Valentin

Lembra quando falamos que um terremoto fez com que Ceaușescu demolisse boa parte da cidade? Muitos dos prédios históricos foram demolidos para dar espaço para a Avenida Unirii (Avenida União). Ela foi a resposta romena a Champs Elysées e tem 3 mil e quinhentos metros de extensão. Em meio a chafarizes, dá para ver no fim da avenida o Parlamento. Dá para observar na avenida os apartamentos populares construídos para a população.

 

Veja os outros mini-guias de Bucareste:

Viajamos a Romênia para participar do Experience Bucharest, um projeto que visa promover o turismo na cidade. Usamos o seguro viagem da GTA – Global Travel Assistance (Facebook).

 

 

Quem escreveu

Dani Valentin

Data

06 de June, 2017

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Dani Valentin

A Dani gasta todo o seu dinheiro com viagens. Um de seus maiores orgulhos é dizer que já pisou em cinco continentes. É do tipo sem frescura, que prefere localização a luxo e não se importa de compartilhar o banheiro de vez em quando. Adora aprender palavras no idioma do país que vai visitar e não tem vergonha de bancar a turista.

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