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Estamos tão acostumados como fazemos algumas coisas, que o negócio fica tão natural que é difícil pensar em uma alternativa para lidar com o assunto. Um deles é nosso ritual quando alguém morre, onde as maiores diferenças são relacionadas a religião e como a família lida com a perda – o chamado luto. Porém, em comum, não temos quase contato com o morto, tudo é muito distante.
Isso nem sempre foi assim. Faz algum tempo, rodaram na internet algumas fotografias pós-morte, coisa que era bem comum no fim do século XIX na Europa e nos Estados Unidos. O motivo era principalmente financeiro: era a maneira mais barata de ter uma lembrança do ente querido e muitos carregavam esse bem precioso em broches até o fim da vida. A relação com a morte era também diferente, era vista como algo natural e as pessoas aceitavam isso sem problemas.
Hoje em dia, um dos rituais mais famosos, e estranhos para nós, acontece na ilha de Sulawesi, Indonésia, na região de Tana Toraja. Em uma tradição iniciada séculos antes, os membros da família mantém o falecido em casa por meses, ou anos, até que o funeral seja realizado. E, não é só isso: ele é tratado como uma pessoa doente pela família, que leva comida e bebida diariamente, além de manter a luz acesa a noite e ter um “banheirinho”.
Assim ele fica até a família estar preparada para o funeral. Para este, as pessoas economizam por boa parte da sua vida, a fim de fazer a maior festa possível – e que pode durar dias. Tudo é muito alegre, com muitos amigos e família participando, comida e cores. Depois dessa grande festa, os corpos normalmente são colocados em cavernas espalhadas pela região, dentro e fora de caixões. A cada dois anos, esses corpos são então novamente retirados para mais uma celebração, chamada ma’nene, onde são limpos e enfeitados, e recebem presentes como cigarro e comida.
Esse na verdade é um ritual bem parecido com o Famadihana, que acontece em Madagascar. Ali, uma vez a cada 7 anos os corpos são retirados do túmulo, embrulhados em tecido e levado para dançar ao som de música ao vivo. Ele é feito porque os malgaxes acreditam que o morto chegou ao mundo dos ancestrais depois que o corpo se decompôs completamente. É uma cerimônia cultural e não religiosa, a forma como encontraram para mostrarem respeito pelos mortos.
* Foto de capa: Norte de Sulawesi por Azwari Nugraha
A Dani gasta todo o seu dinheiro com viagens. Um de seus maiores orgulhos é dizer que já pisou em cinco continentes. É do tipo sem frescura, que prefere localização a luxo e não se importa de compartilhar o banheiro de vez em quando. Adora aprender palavras no idioma do país que vai visitar e não tem vergonha de bancar a turista.
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