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Na noite de 5 de fevereiro de 1916, no Cabaret Voltaire, em Zurique, nascia o movimento artístico mais irreverente de que se tem notícia. Posso dizer sem medo que o Dadaísmo brincou com o absurdo e com a ironia num grau jamais visto na história da arte. Daquela noite no cabaret até a criação das obras mais non-sense de Tristan Tzar, Man Ray, Jean Arp e Marcel Duchamp, os artistas dadaístas ganharam o mundo. Imagina que essa doideira já fez 100 anos!?
Na onda das comemorações, o Museu Santa Giulia, em Bréscia, inaugurou a DADA 1916 la nascita dell’antiarte (Dada 1916, o nascimento da antiarte). Já sei! Você está estranhando o nome da exposição. É isso mesmo! Tudo o que os dadaístas queriam era romper com aquilo que se dizia e se fazia como arte, ou seja, eles propunham “uma antiarte”. São cerca de 270 obras e documentos originais, divididos em quatro núcleos: Dadá antes do Dadá; Dadá, Zurique e Cabaret Voltaire; Arte e Filosofia Dadá e Depois do Dadá. A obra que rouba as atenções gerais é a famosa Monalisa de Bigodes, de Marcel Duchamp. Então, se você estiver por aquelas bandas, não perca esta exposição.
Além da mostra, a cidade de Bréscia está com uma programação de eventos voltada às diversas formas de arte: exibição de filmes, apresentações musicais e teatrais dadaístas invadem as ruas desta charmosa comuna italiana.
Que os artistas dadaístas não me escutem, mas vou contar um segredo: vale demais um passeio por Bréscia para além da exposição. A cidade é a segunda em importância da região da Lombardia (ali bem pertinho de Milão). Preciso dizer que, talvez, você já conheça a cidade. Só não está “ligando o nome à pessoa”.
No verão de 2016, por dezesseis dias, Bréscia surgiu no cenário da arte contemporânea como o lugar escolhido por Christo e Jeanne-Claude para a instalação The Floating Piers, Lake Iseo, Italy, 2014-16, composta por cerca de 100 mil m2 de tecido e 220 mil cubos de polietileno de alta densidade que formavam um sistema de doca flutuante. Garanto que foi uma experiência incrível para quem teve a chance de passar por ali naqueles dias.
Após o fim da instalação, os projetos e os desenhos que serviram para colocar de pé (ou melhor, flutuando) The Floating Piers ficaram expostos no Museu Santa Giulia (olha aí, o mesmo que hoje abriga DADA 1916 la nascita dell’antiarte). Por falar no Museu Santa Giulia só o edifício é um espetáculo. Originalmente, era um mosteiro feminino da ordem beneditina, construído em 753 d.C.
O centro histórico de Bréscia, cercado por praças renascentistas, prédios medievais, igrejas barrocas e um complexo arqueológico, é de tirar o fôlego de qualquer amante de arquitetura e de história e arte. Entre os lugares mais bacanas para se visitar estão: a Piazza della Loggia, construída nos séculos XV e XVI; a Piazza Paolo VI, de origem medieval, onde estão o Palazzo Broletto, a Torre Cívica, o Duomo Vecchio e o Duomo Nuovo; a Piazza della Vittoria, legítima representante da arquitetura fascista; o Capitólio e o Foro Romano integram a área arqueológica; e por fim, o Palazzo de Bréscia, que domina cidade e tem a mais bela vista do lugar.
Depois desta mistureba de estilos artísticos e tempos históricos (tão a cara do Dadaísmo), Bréscia merece sua visita nestas férias de início de ano. Todos os atributos da cidade merecem meu pedido: dá uma esticadinha na sua viagem, vai?!
DADA 1916 la nascita dell’antiarte
Até 26 de fevereiro de 2017.
Fondazione Brescia Musei
via Musei 55 – 25121 Brescia
tel. 030.2400640 – Mail: [email protected]
Foto do destaque: Vista do Duomo Novo a partir do Castelo de Bréscia. Wikipedia.
Rata de galerias e museus, não perde a oportunidade de ir procurar aquela tela, escultura ou monumento famosos que todos só conhecem pelos livros.
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