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Imagine se você pudesse fazer todas aquelas perguntas cabeludas sobre um lugar? Daquelas que você tem vergonha de dizer? Tive a chance de fazê-las todas em um passeio pelos muros de Belfast.
Quando fui à Belfast, a única coisa que inegociável no meu roteiro era um Black Cab Tour. Veja bem, eu não sou fã de tours. Acho o modelo muito engessado, odeio ficar com um grupo de estranhos pouco interessados no local e muito interessados em tirar selfies. Mas o Black Cab Tour não é assim. A idéia deste tour é você entender melhor detalhes do conflito da Irlanda do Norte e visitar os murais de grafite em homenagem aos protagonistas desta época.
Para agendar, você faz uma reserva online ou pelo telefone para até quatro pessoas, os preços variam entre £25-£45 por carro. Eu fiz minha reserva com o Belfast Tours e pagamos £34 para três pessoas. O tour começa onde você desejar, já que o motorista pode passar para te buscar onde estiver (no centro da cidade). O nosso motorista era o Joe, um cara MUITO simpático e prestativo.
Começamos o tour e em cada um dos espaços ele contava uma história acerca do conflito entre católicos e protestantes e, principalmente, algumas curiosidades.
Uma das primeiras paradas foi a Divis Tower, um prédio que provavelmente é um dos únicos da cidade com vários andares. A altura era tão conveniente que o exército britânico ocupou os últimos andares como um ponto de observação de 1975 até 2005. A razão principal disto é que este é um ponto muito estratégico na cidade pois divide a comunidade católica de Falls Road e o bairro protestante pela Shankill Road, ambos alvos durante os conflitos.
Dali visitamos uma série de murais. Em cada um deles, Joe explicava um pouco mais detalhes daquela época e claro, dando sua perspectiva como local que viveu este momento na história. Na cidade, muitos espaços são mantidos pensando no turismo e em como contar esta história, mas no tour você percebe que ainda há um pouco de receio de ambas partes de que o conflito volte à tona. Algumas ruas que dividem os bairros são fechadas em certos horários com dois portões de ferros e cadeados — isto é uma rotina que acontece há anos e continua sendo feita.
Além disso, conhecemos parte das Peace Walls, que são literalmente muros construídos para separar os bairros. Vimos grafites homenageando figuras como Bobby Sands, jardins em honra de todos que morreram em ambos lados e, claro, muita história.
Acredito que este tenha sido um dos tours mais interessantes que já fiz, apesar de um pouco deprê. Mas é importante relembrar histórias, entender o passado, para que a gente não repita os erros no futuro.
Afinal construir um murro, nunca trouxe paz a ninguém.
De longas viagens de carro no México a aulas de cozinha no Vietnã, para mim o que importa conhecer são as pessoas. Não há nada melhor para conhecer um país do que aprender com experiências autênticas (e às vezes malucas).
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.