No livro, Rita conta que conhecia bem o museu. A parte boa é que o belo jardim, assim como a Casa do Grito e o Mausoléu, permaneceram abertos para visitação.
Museu do Ipiranga
Endereço: Parque da Independência, s/nº, Ipiranga.
18. Lembranças de uma construção
Em outro momento do livro, a cantora conta que se lembra da construção do sempre cultuado Conjunto Nacional. Na época, ele ficou famoso por receber o renomado restaurante Fasano, onde se realizavam os badalados “jantares dançantes” com direito à presença de nomes como Nat King Cole, Roy Hamilton e Marlene Dietrich. Com a ditadura militar, o restaurante fechou as portas e atualmente sedia uma unidade espetacular da Livraria Cultura, o Cine Livraria Cultura, além de lojas e restaurantes. Outra característica marcante do edifício é o relógio gigante no topo, construído em 1962.
Conjunto Nacional
Endereço: Avenida Paulista, 2073, Jardim Paulista.
19. No escurinho do cinema
Além de todos os cinemas citados por Rita listados acima, um dos mais destacados era o Metro e suas “escadarias elegantes”, como lembra a cantora. O local que sediou o cinema entre 1938 e 1997 na Av. São João, hoje é sede de uma igreja evangélica. A justificativa para o fechamento foi o baixo público e a localização perigosa.
Cine Metro
Endereço: Avenida São João 791.
20. Lembrança clássica
Se existe uma memória clássica de todo paulistano que indica riqueza e luxo, essa memória é do Theatro Municipal. No caso de Rita as lembranças são dos lampiões que circundam o edifício. Projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo e os italianos Cláudio Rossi e Domiziano Rossi, o Municipal começou a ser construído em 1903 e, em 12 de Setembro de 1911, foi aberto diante de uma multidão de 20 mil pessoas. Pelo palco já passaram as mais importantes companhias artísticas da primeira metade do século 20, como Enrico Caruso, Maria Callas, Renata Tebaldi, Arturo Toscanini, Villa-Lobos, Magdalena Tagliaferro, Ella Fitzgerald, Baryshnikov, entre outros. Além, claro, de sediar a emblemática Semana de 22.
Theatro Municipal
Endereço: Praça Ramos de Azevedo, s/nº, Sé.
21. Passeio que não se faz mais
Parte divertida de ver alguém contando como era a vivência na cidade mais de 50 atrás, é se imaginar em um local hoje completamente cotidiano como um passeio, algo que Rita faz ao relembra as voltas no Viaduto do Chá. Hoje sempre movimentado e cheio de correria, o viaduto ainda pode ser aproveitado aos finais de semana e também no carnaval com seus tantos blocos.
Oficialmente o primeiro viaduto da cidade, foi inaugurado em novembro de 1892 e leva esse nome por, na época, estar próximo das plantações de chá da Índia. A estrutura metálica veio da Alemanha e, na época, rolou até barraco com direito à população paralisando a obra em 1888 por serem contra um viaduto na cidade. Com 204 metros de extensão, liga a Rua Barão de Itapetininga, antiga Rua do Chá, à Rua Direita. Até 1897, era preciso pagar 60 réis, ou três vinténs para atravessá-lo.
Endereço: Viaduto do Chá, Anhangabaú.
22. Outros tempos, outro nome
Citado por Rita como “Banco do Estado”, o Edifício Altino Arantes, mais conhecido como Banespão, passa por uma das situações mais triste para quem gosta de turistar pela cidade: está fechado por tempo indeterminado sem mais explicações por parte do Banco Santander, que administra o prédio após comprar o banco estatal Banespa.
Projetado por Plínio Botelho do Amaral, demorou oito anos para ficar pronto, sendo inaugurado 1947. Todo em concreto armado, tem 161,22 metros de altura, 35 andares, 14 elevadores, 900 degraus e 1119 janelas. Foi considerado em 1948 a maior estrutura de concreto armado do mundo e durante 20 anos o prédio mais alto da cidade. Se o passeio pelo museu interno e a reconhecida vista panorâmica não é possível, há de se admirar a arquitetura externa do edifício.
Edifício Altino Arantes
Endereço: Rua João Brícola, 24, Centro.
23. Garbo e elegância
A lembrança de Rita do Edifício Martinelli é de “chiquê”. Ela não poderia definir de forma melhor o edifício que começou a ser construído em 1924 projetado para ter 12 andares. Localizado entre as ruas São Bento, Líbero Badaró e avenida São João, sob a batuta do arquiteto húngaro William Fillinger, da Academia de Belas Artes de Viena.
O chiquê que Rita cita valeu desde o começo: todo o cimento da construção era importado da Suécia e da Noruega, pela própria casa importadora do mega empresário Giuseppe Martinelli, então dono do prédio. Nas obras trabalhavam mais de 600 operários e 90 artesãos. A fachada foi desenhada pelos irmãos Lacombe, que mais tarde projetariam a entrada do túnel da Av. 9 de Julho.
Na sua abertura, chegou a 25 andares mais uma casa de cinco andares no topo. O projeto conta ainda com portas de pinho de Riga, escadas de mármore de Carrara, vidros, espelhos e papéis de parede belgas, louça sanitária inglesa, elevadores suíços, além de paredes das escadas revestidas de marmorite, pintura a óleo nas salas a partir do 20º andar e 40 quilômetros de molduras de gesso em arabescos. Depois da reforma de 1975, passou a ser ocupado por órgãos públicos.
Edifício Martinelli
Endereço: R. São Bento, 405, Centro.
24. Sempre imponente
Finalizando a lista de centro histórico, Rita não deixou de fora a grandiosa Faculdade de Direito Largo São Francisco. Parte do principal conjunto de arquitetura barroca da cidade, o edifício ficou pronto em 1934 após a demolição do antigo convento de São Francisco em 1830 (o prédio anterior já abrigava a faculdade desde 1827). A Faculdade é a mais antiga do Brasil e conta com uma biblioteca aberta ao público com cerca de 300 mil títulos e teve como alunos ilustres Rui Barbosa, Castro Alves, Monteiro Lobato, Álvares de Azevedo e Hilda Hilst.
Faculdade de Direito Largo São Francisco
Endereço: Largo São Francisco, 95, Centro.
25. A beleza do mesmo nome
“Nessas andações, descobri a Casa dos Artistas na ‘suspeita’ Rua Major Sertório, centrão de São Paulo, um brechó de circo e teatro, a butique perfeita para os Mutantes”, conta Rita. Infelizmente não foi possível encontrar onde exatamente ficava o estabelecimento, mas eu gostaria de acreditar que é onde fica a gigantesca loja A Casa do Artista, uma loja especializada em materiais de artes plásticas enlouquecedoramente linda.
A Casa do Artista
Endereço: Rua Major Sertório, 447, Vila Buarque.
26. La galeria
Projeto de Gian Carlo Gasperini (1926) e Salvador Candia (1924 – 1991), eles toparam trabalhar juntos após empatarem em primeiro lugar no concurso promovido para eleger a melhor proposta para o edifício. Construído entre 1959 e 1964, é lembrado por Rita por seu cinema, como já citado, como também por ter feito uma ponta em um filme rodado no local.
Depois de anos meio abandonado, nos últimos anos o edifício começou a se movimentar por conta dos novos residentes artísticos, bares e restaurantes que se instalaram no local. Vale a visita.
Galeria Metrópole
Endereço: Av. São Luís, 187, Centro.
27. Palco da história
“Não me lembro bem em que ano aconteceu a fase paulista do FIC – Festival Internacional da Canção – no teatro da PUC em São Paulo, reino estudantil esquerdete”. É assim, com sua fina ironia de figura apolítica extremamente política que Rita se refere ao TUCA, o teatro da faculdade que foi palco de vários momentos da história.
Inaugurado em 11 de setembro 1965, com o intuito de promover eventos científicos e culturais, já existia desde 1961 como auditório Tibiriçá. Na época da abertura, Roberto Freire foi contratado com o diretor-geral do grupo de teatro, enquanto o ator e diretor Silnei Siqueira foi indicado como diretor de atores. A primeira peça exibida foi Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Entre 1969 e 1974, estiveram nos palcos Elis, Caetano, Vinicius e Fernanda Montenegro, onde atuavam em meio a repressão da Ditadura Militar.
TUCA
Endereço: R. Monte Alegre, 1024, Perdizes.
28. Viagem mais errada
Um dos trechos mais hilários é uma das “viagens” da cantora passada na Praça da República, uma queridinha da cidade (talvez única área verde da região central). Originalmente chamada de Largo dos Curros, era no século XIX palco de rodeios e touradas. Após essa fase, foi chamada de Largo da Palha, Praça das Milícias, Largo Sete de Abril, Praça 15 de Novembro, até que em 1889 passou a ser Praça da República. Abriga edifícios históricos como o Edifício Eiffel de Oscar Niemeyer e, desde 1956, aos domingos recebe a Feira da Praça da República voltada para artesanato.
Praça da República
Endereço: República, s/n°, República.
29. No subsolo
“‘A governanta-empresária conseguiu negociar a estreia dos Fruttis no porão/esgoto do Teatro Ruth Escobar em troca de sempre mencionar tal gentileza em entrevistas,” cita Rita com memória pouco calorosas do espaço.
Inaugurado em 1963, propriedade da atriz que dá nome ao teatro, abriu as portas com a montagem de “A Ópera dos Três Vinténs”, de Bertolt Brecht, sob a direção de José Renato. Foi lá que o Comando de Caça aos Comunistas invadiu e espancou o elenco da peça “Roda Viva” (que incluía a atriz Marília Pera). Hoje é palco de peças B infantis, uma pena.
Teatro Ruth Escobar
Endereço: Rua dos Ingleses, 209, Bela Vista.
30. No estúdio
Um dos poucos estúdios onde Rita gravou em São Paulo é o Estúdio Eldorado, aberto em 1971, o primeiro da América Latina a ter uma mesa de 16 canais. Para testar o potencial chamaram os Mutantes, mas a banda já havia lançado o álbum Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets e o contrato com a Polydor só permitia um lançamento por ano. A solução encontrada foi gravar e lançar como se fosse um disco solo da sua vocalista, Rita Lee.
Existe um prédio no endereço, porém não é possível saber se é o mesmo do estúdio. Não há nada de mais. A parte boa é que dá para dar uma espiada quando for comer aquele lanche de pernil delícia da lanchonete Estadão, localizada na esquina.
Endereço: Rua Major Quedinho, 76, Centro.
31. As residências
Uma das muitas residências da cantora na cidade foi um “sobradinho na Rua Pelotas”. Infelizmente Rita não é tão precisa quanto foi com a casa da infância e não conta a numeração, mas vale caminhar pelas cinco quadras da rua que tem esse nome em homenagem à cidade do Rio Grande do Sul e tentar imaginar qual foi a morada da ovelha negra. De quebra, ainda se pode dar aquela passada no maravilhoso SESC Vila Mariana e aproveitar a farta programação.
Outras boas andanças podem ser feitas nas:
- Ruas Eça de Queiroz, na Vila Mariana, onde a família Lee viveu em um “microapê” alugado e recebeu Rita em tempos de prisão domiciliar.
- Rua Ferdinando Laboriau, no Pacaembu, onde viveram em um “casa térrea simpática”.
- Rua Manoel Maria Tourinho, também no Pacaembu, agora morando em um “sobradão bacana estilo espanhol”.
- Rua Bahia, no Higienópolis, onde residiram por bastante tempo em um “mega duplex de cobertura há um quarteirão da FAAP, entre as praças Buenos Aires e Vila Boim”.
- Rua Fradique Coutinho, em Pinheiros, onde foi morar sozinha no “pequeno apê” onde acabou “acorrentada de vez à escravidão da birita”.
SESC Vila Mariana
Endereço: R. Pelotas, 141, Vila Mariana.
32. Com a Pimentinha
Em um dos poucos momentos do livro em que a memória da autora talvez tenha se enganado (e também do revisor e editor), está a lembrança da gravação do especial de TV com Elis Regina, quando conheceu também Adoniran Barbosa. No livro ela se refere ao local como “Teatro Fênix do Bixiga”. Na verdade, o especial era da Rede Bandeirantes e foi gravado no Teatro Aquarius, no Bixiga mesmo. A confusão de nomes provavelmente se deu por conta dos especiais da Rede Globo, em que Rita era figura constante, serem gravados no Teatro Fênix, no Rio de Janeiro.
Agora voltando ao Teatro Aquarius. Inaugurado em 10 de outubro de 1940 com uma sessão exclusiva para convidados, era ainda Cine Rex e foi um sucesso até meados da década de 70. Quando fechou as portas, deu lugar ao Teatro Zaccaro e posteriormente Aquarius (ou vice e versa). Lá foi gravado Perdidos da Noite, o primeiro programa do Faustão e também onde estreou nos anos 90 o sucesso ainda em cartaz ‘Trair e Coçar é só Começar’. Hoje o prédio se encontra abandonado, mas é uma das arquiteturas mais charmosas da cidade.
Teatro Aquarius
Endereço: Rua Rui Barbosa 266, Bela Vista.
33. Faculdade abandonada
Em uma breve passagem pela Faculdade de Comunicação da USP, Rita conta: “Passei um ano bundando na USP (na mesma classe da Regina Duarte, a futura namoradinha do Brasil), na base do ‘assina a presença pra mim'”. Depois disso resolveu abandonar o curso e se dedicar apenas à música.
A Escola de Comunicação e Artes foi fundada em 1966 e está localizada na Cidade Universitária, o grande complexo que contempla as faculdades da USP, que já havia sido projetada em 1930 mas só saiu do papel em 1968. Localizada na região do Butantã, merece uma visita completona.
Cidade Universitária
Endereço: Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Cidade Universitária
34. Aos animais
Outro espaço da cidade que aparece diversas vezes no livro (quatro para ser mais exato), é o Instituto Biológico. Primeiro como estacionamento para os piqueniques na “Floresta Ibirapuera”, depois onde Rita arranjava ratinhos para suas cobras de estimação e por fim onde adotou alguns dos muitos animais que cuidou durante a vida.
Fundado em 1927, o Instituto é um centro de pesquisa vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado e abriga os Centros de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Animal, Vegetal e Proteção Ambiental, o Museu do Instituto Biológico, um Centro de Memória e uma biblioteca com mais de 100 mil volumes em seu acervo.
Inaugurada em janeiro de 1945, a sede do Instituto Biológico levou quase duas décadas para ficar pronta. Projetado pelo arquiteto Mário Whatey, tem uma arquitetura art-decó, com o uso de formas geométricas influenciadas por movimentos como futurismo, cubismo e construtivismo. No espaço, muito mármore Lionz, vindo de Portugal, janelas de ferro fundido confeccionados pela Escola de Artes e Ofícios do Estado, pisos de Ipê e ladrilhado confeccionado na Companhia Cerâmica Brasileira, além dos jardins desenhados pelo arquiteto e paisagista belga Arséne Puttemans.
Instituto Biológico
Endereço: Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, Vila Mariana.
35. Despedida
“Dia 25 de janeiro de 2013, no aniversário de 459 anos da cidade, eu entrei no palco do Anhangabaú enrolada na bandeira paulistana e duranta toda a apresentação a santa da casa fez, enfim, o milagre de ser ovacionada. Missão cumprida au grand complet”, relata a cantora sobre seu último show antes da aposentadoria. Lindamente emblemático, data e cartão postal escolhidos para a despedida, o Anhangabaú nunca mais será o mesmo depois de Rita.
Não existem informações precisas sobra a ocupação do vale, porém há registros de que em 1751, o governo já estava preocupado com um vale aberto por Tomé de Castro na região. Até 1822 era uma chácara pertencente ao Barão de Itapetininga e posteriormente à Baronesa de Itu. Em 1877 começa a urbanização da área, com a idealização do Viaduto do Chá. Só em 1910 foi feito o ajardinamento do Vale do Anhangabaú, resultando na formação do Parque do Anhangabaú que viria a ser substituído por uma via expressa no fim da década de 30.
Endereço: Vale do Anhangabaú, Centro.