Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
É difícil a vida do folião e da foliã. Afinal, só no feriadão do Carnaval este ano, são 451 blocos! Pra ajudar nessa difícil tarefa, fizemos uma seleção daqueles que acreditamos que valem mais a pena, desde os clássicos até novidades. Não vou dizer pra acompanhar todos (até porque alguns acontecem no mesmo horário e em lugares distantes), mas esse roteiro vai ajudar os foliões indecisos. No mais, a capriche na fantasia — tem Beyoncé fazendo ensaio grávida, o meme “ó o gás” e o muro do Trump, entre outras genialidades — não se esqueça das dicas estilo Dollynho: beba muito líquido, mantenha o celular bem guardado durante o bloco (aquelas bolsas porta-dólar são uma boa pedida) e desvie das tretas. Bom Carnaval!
Fundado em 1990, o bloco homenageia uma história contada por um morador de Santa Teresa, que disse que viu uma freira do convento do bairro pular o muro para se juntar aos foliões. Por isso, o Carmelitas sai na sexta, marcando a data em que a freira fujona cai no samba, e na terça, quando ela tem a oportunidade de voltar ao convento sem chamar atenção, já que os seguidores do bloco usam véu.
Bloco das Carmelitas. Sexta-feira (24.02), às 13h (concentração). Desfile das 15h às 19h
Concentração: Rua Dias de Barros, esquina com a Ladeira de Santa Teresa. Trajeto: Rua Dias de Barros, Largo do Curvelo, Rua Almirante Alexandrino, seguindo até o Largo dos Guimarães
Terça-feira (28.02), às 8h (concentração). Desfile das 10h às 14h
Concentração: Largo do Curvelo, Santa Teresa. Trajeto: Largo do Curvelo, descendo pela Rua Joaquim Murtinho até a altura das escadinhas de Santa Teresa, no nº 300
O bloco foi fundado no ano 2000, na Rua Gomes Freire, na Lapa. O repertório privilegia músicas tradicionais do Carnaval carioca: sambas clássicos, ranchos e marchinhas. A única exceção é para o frevo.
Embaixadores da Folia. Sexta-feira (24.02), às 17h (concentração). Desfile: das 20h à 0h
Concentração: Buraco do Lume, Centro. Trajeto: segue pela Rua México até altura da Rua Santa Luzia
Bloco da Apuração dos Embaixadores da Folia. Quarta-feira (01.03), das 14h às 20h
Avenida Gomes Freire, em frente ao nº 533 – Lapa
Muita gente se poupa na sexta de Carnaval só para estar firme e forte em Santa Teresa no sábado de manhã. As ladeiras ficam lotadas por conta do Céu na Terra, que desde 2001 encanta os foliões com marchinhas, cirandas, maxixes, sambas e frevos.
Céu na Terra. Sábado (25.02), às 7h (concentração). Desfile: das 8h às 11h
Concentração: Largo dos Guimarães. Percurso: Rua Almira Alexandrino, Largo do Curvelo
O bloco mais cheio do Rio, que ano que vem completa nada menos que cem anos de existência, foi o único representante dos antigos Carnavais cariocas que seguiu na ativa todos esses anos. São milhares de pessoas seguindo pelas ruas do Centro. As fantasias com bolas pretas, é claro, aparecem com frequência por lá.
Cordão da Bola Preta. Sábado (25.04), às 8h (concentração). Desfile: das 9h30 às 14h
Concentração: Rua Primeiro de Março, entre Rua Buenos Aires e Rua do Rosário. Percurso: Rua Primeiro de Março, seguindo até a Avenida Presidente Antonio Carlos até a Rua Araújo Porto Alegre, onde encerra
O simpático bloco infantil foi criado em 2005 e é uma ótima opção para quem quer fugir do Carnaval superlotado. A banda toca marchinhas e gente de todas as idades segue o cordão. Inclusive quem não tem filhos, como eu.
Cordão Umbilical. Sábado (25.02), às 9h
Largo dos Leões, Humaitá
Comandado pelo músico cearense Geraldo Junior, tem repertório inspirado na cultura popular da região do Cariri, naquele estado. Forró de raiz, cocos, peças de reisado, música cabaçal e cantoria animam o bloco.
Terreirada Cearense. Sábado (25.02), das 12h às 19h
Quinta da Boa Vista. Avenida Pedro II – São Cristóvão
Foi fundado em 1985 para revitalizar o Carnaval da Zona Sul, principalmente o do bairro de Botafogo, muito famoso décadas antes. Os idealizadores eram amigos frequentadores do restaurante Barbas, que teve sede na Rua Álvaro Ramos e foi um dos bares mais tradicionais do Rio. Jornalistas, políticos e intelectuais que militavam politicamente na oposição ao regime militar instalado no Brasil formavam o grupo. Tem, entre suas marcas, um caminhão pipa acompanhando o percurso dando banho nos foliões. Vem sempre com dois sambas, que se revezam durante o desfile do bloco. É importante lembrar de levar o celular envolto em plástico, pra proteger da água não estragar a festa.
Bloco do Barbas. Sábado (25.02), às 14h (concentração). Desfile: das 15h às 19h
Concentração: Rua Assis Bueno, esquina com Arnaldo Quintela, Botafogo. Percurso: Rua Arnaldo Quintela, Rua da Passagem e Rua General Góes Monteiro
Uma das novidades deste ano, o bloco fez dois ensaios não oficiais que fizeram sucesso. Os trajes: sereias, peixes e outros temas que remetam ao mar. Não tem bateria, e sim caixas de som samba, axé e outros estilos da música brasileira.
Sereias da Guanabara. Sábado (25.02), às 16h
Local a ser divulgado, nas imediações da Baía de Guanabara
A banda nasceu em 1964, em plena ditadura militar, e desfilou pela primeira vez no ano seguinte. Se tornou tão famosa que ganhou uma citação no sucesso “Aquele abraço”, de Gilberto Gil, lançado em 1969. Hoje, as ruas de Ipanema são tomadas por uma verdadeira multidão com gente de todas as idades. As drag queens são uma marca registrada do bloco e a banda toca marchinhas carnavalescas.
Banda de Ipanema. Sábado (25.02), às 16h (concentração). Desfile: das 17h30 às 22h30
Concentração: Rua Jangadeiros, esquina com Gomes Carneiro. Percurso: Rua Gomes Carneiro, Avenida Vieira Souto, Rua Joana Angélica e Rua Visconde de Pirajá, até a Praça General Osório
O nome é uma homenagem ao capoeirista Horácio José da Silva, o Prata Preta, que se destacou na Revolta da Vacina, que em 1904 mobilizou muitos moradores do bairro da Saúde. O bloco surgiu em 2004, centenário da revolta, com o intuito de revitalizar o Carnaval de rua da Zona Portuária, região que é o berço do samba, fazendo parte da chamada Pequena África. O repertório é de marchinhas.
Cordão do Prata Preta. Sábado (25.02), às 16h (concentração). Desfile: das 18h às 22h
Concentração: Praça Coronel Assumpção (Praça da Harmonia), Gamboa. Percurso: Praça da Harmonia, Rua Sacadura Cabral e Largo São Francisco da Prainha
Nascido em 1996, o Boitatá é um dos blocos mais queridos dos foliões. Eu amo! No domingo anterior ao feriado, ele faz seu cortejo pelas ruas do Centro. No domingo de Carnaval, pousa na Praça XV, onde recebe diversos convidados para a sua festa.
Cordão do Boitatá. Domingo (26.02), das 9h às 17h
Praça XV de Novembro, Centro
Surgido de uma dissidência do Boitatá, em 2006, o Boi Tolo é um bloco não oficial. Portanto, embora desfile sempre pelo Centro, seu trajeto nunca é totalmente definido — mas sempre passa pela Praça XV, onde seus foliões se encontram com os do Boitatá, um momento clássico. É conhecido também como o bloco “que nunca termina”, pois seu cortejo por vezes dura um dia inteiro (no ano passado, foi das 8h às 3h da manhã).
Cordão do Boi Tolo. Domingo (26.02). Horário e local ainda não revelados
Centro da cidade
Capriche na roupa de ginástica (quando mais bafônica, melhor) e prepare-se pra rir muito. O bloco também é daqueles que não divulgam horário e local, só com pouca antecedência. A trilha também sai de caixas de som e frequentemente conta com músicas temáticas, como “Calça de ginástica”, de Kassin, e “Estrelar”, de Marcos Valle (aquela do “Tem que correr/Tem que suar/Tem que malhar”).
Bunytos de Corpo. Horário e local ainda não revelados
Centro
O Cacique é um dos mais tradicionais da cidade. É um bloco de desfile — tem carros alegóricos, sempre com fantasias com a temática indígena, com direito a fogueira —, ou seja, só dá pra assistir de longe e, no máximo, sair atrás no fim das alas. Mas o Cacique é daqueles blocos que a gente tem que ver pelo menos uma vez na vida (eu vou quase todo ano). Afinal, não é toa que de sua roda de samba saíram grandes nomes do gênero. Com as mudanças na Avenida Rio Branco, o desfile passou para a Avenida Chile.
Cacique de Ramos. Domingo, segunda e terça-feira (26, 27 e 28.02), às 15h (concentração). Desfile às 17h
Avenida Chile, Centro
Criado em 1985, em meio à campanha pelas Diretas Já, Simpatia é Quase Amor é um dos mais tradicionais da Zona Sul. Suas cores do bloco são o amarelo e o lilás, inspiradas no remédio Engov, usado para evitar ressaca, e o bem-humorado grito de guerra é “Alô, burguesia de Ipanema!”. Este ano, desfila ao som “Centenário do Samba”, que homenageia os 100 anos do gênero.
Simpatia É Quase Amor. Domingo (26.02), às 14h. (concentração). Desfile: das 16h às 20h
Concentração: Praça General Osório, Ipanema. Percurso: Rua Teixeira de Melo e Avenida Vieira Souto até a Henrique Dumont
Bloco tradicional do bairro, surgiu em 1950, virou escola de samba em 1974, voltou a ser bloco em em 2006. A agremiação teve como compositores nomes como Paulinho da Viola e Elton Medeiros, entre outros.
Foliões de Botafogo. Domingo (26.02), às 14h. Desfile: das 16h às 22h
Praça Mauro Duarte, Botafogo
Fundado em 1951, apenas dois anos depois do homônimo baiano, o bloco foi fundado por trabalhadores do Cais do Porto. Ao contrário do de Salvador, o bloco daqui aceita mulheres desde 1975. O grupo entoa músicas inspiradas nos cânticos afro, mas também tem como influência o líder indiano Mahatma Gandhi.
Afoxé Filhos de Gandhi – RJ. Domingo (26.02), às 15h (concentração). Desfile: das 17h às 19h
Concentração: Praça da Harmonia, Gamboa. Percurso: Rua Sacadura Cabral, Rua Camerino e Praça dos Estivadores
Segunda-feira (27.02), às 15h (concentração). Desfile: das 17h às 19h
Concentração: Posto 6 de Copacabana. Percurso: Avenida Atlântica, do Posto 6 ao Posto 3
A banda foi formada em 1973 e e, em 2014, retornou. O Morro da Conceição viu surgirem os primeiros ranchos carnavalescos da cidade, como o Rancho Dois de Ouro e o Heróis da Conceição. As ruas do lugar, que parecem ter parado no tempo, são percorridas ao som de marchinhas e frevos.
Banda da Conceição. Domingo (26.02), às 17h (concentração). Desfile: das 19h às 22h
Largo São Francisco da Prainha, Saúde. Rua São Francisco da Prainha, Pedra do Sal, Rua João da Bola, Ladeira João homem, Rua Sacadura Cabral e retorno ao Largo de São Francisco da Prainha
Surgiu em 2010, e desfilou pela primeira vez em 2011, numa ruazinha de Botafogo (minha antiga rua, por sinal), tendo ficado lotado desde sua estreia. Hoje, o Sargento Pimenta atrai uma multidão ao Aterro! O nome é uma referência ao álbum ‘Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band’, dos Beatles, e o repertório do bloco é formado principalmente por versões de músicas do quarteto, interpretadas com arranjos de samba, marcha, maracatu e outros ritmos brasileiros.
Sargento Pimenta. Segunda-feira (27.02), das 8h às 14h
Aterro do Flamengo, entre o MAM e a Marina da Glória
Em 1987, um grupo de moradores de Botafogo frequentadores de Ipanema, sem qualquer paciência para a política da época, resolveu fazer um desfile de Carnaval em pleno 7 de setembro, como provocação. Caiu numa segunda-feira e, por isso, o foi batizado como Bloco de Segunda. O sucesso foi tanto que no ano seguinte eles resolveram repetir a dose e seguem até os dias de hoje. O samba deste ano é “Bela, guerreira e do bar”.
Bloco de Segunda. Segunda-feira (27.02), às 16h (concentração). Desfile: das 17h às 21h
Concentração: Rua Marques, atrás da Cobal do Humaitá. Percurso: Rua Marques, Voluntários da Pátria, Rua Martins Ferreira, Rua São Clemente e Rua Marques
Ele já se chamou Epa Rei, O Centrão Vai Virar Mar, Baianada, Boa Noite Cinderela, Saravaço, Oh! Ménage… O fato é que o bloco secreto, obviamente não oficial, é sempre feito pelo mesmo grupo e a cada ano ganha um nome diferente. O horário e o percurso, só no boca a boca. Portanto, acione seus contatos pra tentar descobrir!
Bloco Secreto. Segunda-feira (27.02)
Local e horário ainda não revelados
A praça mais querida da esquerda folclórica também mora no meu coração e, por mais que hoje o bloco seja muito mais cheio do que há alguns anos, o Bagunça, fundado em 2005, ainda tem clima de bloco de vizinhança. A bateria toca marchinhas e sambas clássicos. A festa termina na São Salvador, um dos lugares onde mais quebram-se paradigmas nessa cidade…
Bagunça Meu Coreto. Terça-feira (28.02), às 9h (concentração). Desfile: das 11h às 15h
Concentração. Praça São Salvador, Laranjeiras. Percurso: Praça São Salvador, Rua São Salvador, Rua Ipiranga, Rua Paissandu, Rua Senador Correa e Praça São Salvador
Outro bloco com clima de vizinhança. E não é pra menos, afinal, são os próprios moradores da bucólica Rua Cardoso Júnior que formam o cordão. Fundado em 1978, o Cardosão ficou parado por quase dez anos e retornou em 2006.
Cardosão de Laranjeiras. Terça-feira (28.02), às 11h (concentração)
Rua Cardoso Júnior, esquina com Rua das Laranjeiras
No Agytoê, a dica é fazer a egípcia (no traje) e dançar ao som de música afro-baiana: do samba-reggae dos anos 1970 e 80 até a sua transformação e explosão nos anos 90 com a axé music. O bloco surgiu em 2013.
Agytoê. Terça-feira (28.02), às 16h
Rua do Teatro, Centro
Se os ensaios foram todos lotados, com o desfile de Carnaval não vai ser diferente. Com presença marcante de sopros, recria músicas de Tim Maia, Fela Kuti, frevo e trilhas de filmes, além de interpretar composições próprias.
Orquestra Voadora. Terça-feira (28.02), às 13h (concentração). Desfile: das 15h às 19h
Coreto Modernista. Aterro do Flamengo, altura da Praça Luís de Camões. Percurso: Aterro do Flamengo, do Coreto Modernista até o MAM
O Rio Maracatu nasceu em 1997, da união de músicos pernambucanos e cariocas para resgatar e valorizar uma parte importante da nossa cultura. A partir do Maracatu de Baque Virado, tradição de Recife, o grupo desenvolve um trabalho de pesquisa e execução de ritmos, cantos e danças tradicionais brasileiras, como a ciranda, o coco, o samba e, é claro, o maracatu.
Rio Maracatu. Terça-feira (28.02), às 13h (concentração). Desfile: das 15h às 18h
Posto 8 de Ipanema. Percurso: Avenida Vieira Souto, do Posto 8 até a Rua Maria Quitéria
Se for você quer curtir o Carnaval em clima bucólico, não precisa ficar órfão do Pérola da Guanabara: Paquetá tem diversos blocos. Um deles é o Fecha Bar, veterano do Carnaval de rua na ilha: desfila há quase 30 anos e começou tocando na porta dos bares até fecharem, daí o nome. O repertório inclui marchinhas e sambas.
Fecha Bar. Terça-feira (28.01), das 18h às 21h
Praia José Bonifácio – Paquetá. Para chegar à ilha, pegar a barca na Estação das Barcas na Praça XV (a viagem leva de 50 a 70 minutos). Confira os horários
O fascínio do Carnaval pela cultura egípcia também é o tema aqui. Música afro-baiana, tecnobrega, sambareggae, pagode, música eletrônica contemporânea egípcia e sons árabes são a trilha do bloco, que desfilou pela primeira vez em 2011. O Viemos também é não oficial, então vale a pena ficar atento a mudanças de horário e local.
Viemos do Egyto. Quarta-feira (01.03), da 0h às 7h
Praça dos Expedicionários – Centro
Criado em 2015 como resposta a comentários machistas na internet, o bloco acabou protagonizando uma polêmica involuntária, ao afirmar que não interpretaria marchinhas preconceituosas — o que faz muito sentido quando se fala de um bloco que trata do empoderamento feminino.
Mulheres Rodadas. Quarta-feira (01.03), às 9h (concentração)
Local a ser divulgado
A volta do Me Beija Que Eu Sou Cineasta, que ano passado não foi pra rua, foi cercada de polêmica (vetado de fazer a festa no Baixo Gávea, como de costume, ele ia para a Praça da Harmonia, mas o Prata Preta reclamou e o Me Beija se retirou). Conclusão: a festa do bloco da Gávea passou para a Cinelândia, a princípio.
Me Beija Que Eu Sou Cineasta. Das 8h às 15h
Cinelândia
*Imagem do destaque: Bloco Cordão do Boitatá, Rio de Janeiro – Tomaz Silva/Agência Brasil
Kamille Viola é jornalista cultural, apaixonada por música, comida e viagens. Adora mostrar cantos menos conhecidos do Rio para quem vem de fora - e quem é da cidade também. É daquele tipo de gente para quem escrever não é uma escolha: é a única opção.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.