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Demorô. E não é gíria, não. Levou muito tempo, mas o Porto Maravilha do Rio de Janeiro finalmente está tomando forma. Quando escrevi este post alguns trechos ainda estavam inacabados, mas já dá para curtir muito da Orla Conde, entre a Praça XV e o Armazém 8.
A atual Orla Conde era uma região degradada e obscurecida pelo elevado da Perimetral, no centro do Rio. As fachadas dos belos prédios históricos e a Baía de Guanabara eram obstruídos pelo monstrengo de concreto, e consequentemente, a população não utilizava os espaços públicos de uma região tão estratégica da cidade. Há alguns anos, a Perimetral foi demolida e a área passou por uma transformação intensa. No começo de junho foi inaugurado um novo sistema de transporte no Rio: o veículo Leve sobre Trilhos, ou VLT, que terá 28 quilômetros e 32 paradas conectando o centro e a região portuária.
A Orla Conde tem 3,5 km e nada menos que TREZE museus e centros culturais. Alguns são espaços de interesse mais específico, mas estamos falando também de joias da cultura carioca, como a histórica Casa França Brasil e o novíssimo Museu do Amanhã. Não vamos detalhar os espaços aqui. Veja no mapa abaixo o que você vai encontrar pelo caminho, acesse o Google e seja feliz. Feliz e culto.
O trecho entre a Praça XV e o Museu Histórico Nacional mudou muito, mas suas maiores atrações resistiram ao fim das obras e agora ganharam a linda vista da baía de Guanabara. A Feira de Antiguidades dos sábados segue firme e forte, oferecendo de achados incríveis a cacarecos bizarros. E mesmo que você não esteja com fome, vale a pena dar um pulo no Albamar. O restaurante, fundado em 1933, ocupa a única torre ainda existente das cinco que faziam parte do antigo Mercado da Praça XV. Em 2009, o cardápio foi reformulado e o restaurante abraçou sua tradição de frutos do mar. Muitos bancos convidam o pedestre a sentar, digerir o almoço e admirar as embarcações da orla e a ponte Rio-Niterói. A Praça XV foi a última a ser inaugurada e está irreconhecível. A área em frente ao Museu Histórico é capaz de levar às lágrimas o skatista mais durão.
O trecho entre a Bolsa de Valores e o 1º Distrito Naval ainda está em obras. Taí uma boa desculpa pra você passar pelo Arco do Teles, que leva a um conjunto preservado de casas e prédios construídos no século XVIII e que hoje abriga parte da boemia do Rio. Após atravessar a Avenida Presidente Vargas, você chega à área da Marinha, agora repleta de decks de madeira e canteiros de plantas. Você vai perder um bom tempo babando por todo o conjunto da Praça Mauá, mas diante da paisagem de Niterói, Baía de Guanabara, Museu do Amanhã e Museu de Arte do Rio, não te culpamos. Dá até pra ver a serra de Teresópolis. Se a fome bater, há uma meia dúzia de foodtrucks. E muito, muito espaço pra passear, descansar, namorar ou pedalar.
Siga os trilhos do VLT modernoso, pela avenida Rodrigues Alves, e você encontrará os armazéns do Porto de um lado e prédios históricos de outro. A maioria ainda tem status de alfândega e entrada restrita, mas alguns serão liberados para abrigarem atividades comerciais ou culturais. O de número 6, Armazém Utopia, já funciona nesse esquema.
Os armazéns 7 e 8 e a Praça da Candelária serão as últimas áreas a serem inauguradas. Ao todo, o Rio ganhará um parque linear de 287 mil m².
Nas Olimpíadas e Paralimpíadas, a região recebe um nome adequado à grandiosidade do projeto: Boulevard Olímpico. Pela primeira vez, a pira olímpica não ficará dentro de um estádio, mas na Praça Mauá. Haverá um balão panorâmico voando a 150m, palcos para shows, telões para transmissões das partidas, exposições sobre a história das Olimpíadas, interações virtuais sobre os esportes olímpicos, queima diária de fogos de artifício e fontes com projeções holográficas. Ufa! Tem que ter fôlego de atleta mesmo.
A mistura de arquitetura histórica, prédios contemporâneos, paisagem natural e urbanismo está apaixonante. Mais de 450 anos após sua fundação, o Rio resgata o local de nascimento da cidade e reinventa a sua história. Cabe a nós curtir e cuidar. Demorô.
Foto do destaque: Flickr – Pietro Ferreira
Carioca da Zona Norte, hoje mora na Zona Sul. Já foi da noite, da balada e da vida urbana. Hoje é do dia, da tranquilidade e da natureza. Prefere o slow travel, andar a pé, mala de mão e aluguel de apartamento. Se a comida do destino for boa, já vale a passagem.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.