Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Estimular o empreendedorismo de artistas sem galeria e oferecer um espaço para que as galerias tradicionais vendam seus acervos menos comerciais: estes são os dois objetivos da This Art Fair, que há onze anos movimenta o calendário das artes em Amsterdam. A próxima edição acontece de 27 a 30 de dezembro, no Beurs van Berlage, uma antiga bolsa de negócios do século XIX convertida em espaço de eventos a 500 metros da estação central.
Com foco em pintura, fotografia e vídeo, a quase totalidade dos artistas (85%) do evento é holandesa. Serão 65 mostras solo, entre novos talentos e nomes mais conhecidos – mas que andavam fora do radar -, além de 20 galerias exibindo seus acervos lado B. A verve mais alternativa tem razão de ser: “O método tradicional de funcionamento do mundo da arte – um artista representado por uma galeria, a galeria como um cubo branco com oito pinturas nas paredes, colecionadores e curadores comprando destes cubos brancos – não é mais o único modelo”, diz a diretora da feira, Mette Samkalden.
Segundo ela, cortes de orçamento no setor na última década e o desenvolvimento de plataformas alternativas trouxeram uma nova dinâmica para o setor.
Por um lado, diversas galerias fecharam as portas, e as que ficaram trabalham agora com poucos artistas. O resultado é que centenas de talentos não conseguem mais ser representados por galerias. Esta é uma das lacunas preenchidas pela feira, ao proporcionar mostras individuais e oficinas de empreendedorismo, nas quais os artistas aprendem como chamar a atenção de curadores e colecionadores para as suas obras.
“Ao mesmo tempo, a ascensão das redes sociais e de plataformas online, como Artsy, internacionalmente, e o Patty Morgan, na Holanda, tornaram possível que uma grande audiência veja e compre arte. Além disso, muitos artistas podem usas essas plataformas em paralelo ao Instagram, ao Twitter e ao Facebook. Promover e mostrar trabalhos fora das galerias tradicionais é agora possível”, completa ela.
Já que o foco é a Holanda, país cujos artistas contemporâneos não são muito conhecidos no Brasil, o Chicken or Pasta dá três dicas para você prestar atenção:
– A pintura meio figurativa, meio abstrata de René Jolink, um dos artistas mais experiente da feira, que produz imagens etéreas em diálogo com a fotografia;
– A instalação “Bel Allard” (“ligue para Allard”), um número de telefone inflável (tipo balão) no corredor da feira que, ao ser discado, coloca o visitante em contato direto com o artista;
– Os óleos do jovem Jakob Fioole, cheio de referências à cultura pop norte-americana: suas telas mostram personagens do Star Wars e tênis Vans.
João Perassolo é jornalista. Recentemente, trocou São Paulo por uma pequena cidade no norte da Holanda de nome complicado de pronunciar: Groningen, na qual o primeiro “g" se lê como os dois erres em “carro”. Sempre trabalhou com cultura, mas resolveu cursar um mestrado em Jornalismo para ver se aprende sobre o lado sério da profissão.
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