Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Os viciados em artes e afins, certamente, já passaram alguma temporada em cidades tomadas por instalações, performances, shows de música, dança e teatro. Veneza e Kassel provam isso. Mas, só aqui entre nós: apesar de ser uma das experiências mais fascinantes que alguém poderia viver, isto não é novidade alguma. Agora, respirar arte contemporânea em 12 ilhas, localizadas no mar interior de Seto, no Japão, é subir um grau na escala do incrível! Do quê estou falando?! Da Setouchi Triennale, também conhecida como o Festival Internacional de Arte Setouchi.
Desde a primavera de 2010, o festival de arte contemporânea ocorre a cada três anos em três estações: primavera (de 20 de março a 17 de abril); verão (de 18 de julho a 4 de setembro) e outono (de 8 de outubro a 6 de novembro). Ok, perdemos a primavera, porém, ainda dá tempo para o verão e o outono. No total, o festival tem 108 dias, e neste ano apresenta como tema Restauração do Mar – a ideia é valorizar as características próprias de cada ilha, revitalizando a natureza e o estilo de vida das populações locais através das artes visuais, música, dança e teatro.
Tudo acontece nas pequenas ilhas no mar interior de Seto, o mar que separa Honshu e Shikoku, duas das principais ilhas do Japão – um lugar com aldeias, belezas naturais e marcado pela cultura tradicional japonesa. Não espere o ritmo alucinado de Tóquio. Por lá, a atmosfera é mais descontraída e mais puxada para o “Japão rural”. As intervenções artísticas estão expostas em: Naoshima, Toshima, Megijima, Ogijima, Shodoshima, Oshima, Inushima, Sayajima (somente primavera), Motojima (somente outono), Takamijima (somente outono), Awasima (somente outono) e nos portos de Takamatsu e Uno.
Durante o festival, é possível visitar cerca de 100 novas obras produzidas por 177 grupos de artistas de 25 países. Algumas obras ficam ao ar livre nos campos, ao longo da costa ou em aldeias. Outras estão nas inúmeras casas antigas que foram abandonadas devido ao despovoamento. Os edifícios são utilizados como espaços de exposição ou site-specifics. Destaque para os trabalhos de Shinro Otake, que incorporou a fábrica de agulhas de Toshima; Christian Boltanski, que utilizou o fürin, os tradicionais sinos de vento japoneses; e Yayoi Kusama com sua abóbora vermelha.
Na verdade, estou cometendo um crime em destacar essas instalações. Isto porque ainda existe um número considerável de museus em Naoshima, Inujima e Teshima, além de obras de arte já existentes, incluindo várias instalações de arte permanentes dos festivais anteriores. Grande parte das instalações de 2016 ficarão onde estão após o fim do festival. Então, vai que você perdeu as datas do festival, é possível conhecê-las em outras épocas do ano. Somado às artes visuais, aos projetos arquitetônicos e aos mais diversos eventos, existe ainda o Projeto Alimentos, onde os visitantes conhecem a comida do mar e das montanhas da região de Seto.
A essas alturas, se percebe que a Setouchi Trienalle é realmente incrível, mas é para os fortes, certo? É preciso planejamento: o único modo de visitar os vários eventos e instalações é tomando as diferentes embarcações que ligam as ilhas. Existe um bilhete válido para as três temporadas que inclui a entrada em 200 locais, entre eles museus e galerias de arte. Há também outras opções de acordo com o gosto do freguês. A cidade de Takamatsu, em Shikoku, pode ser sua base para explorar o festival, hospedagem e informações não irão faltar nesse local.
E só para avisar, o CoP estará por lá em outubro, e conta tudo quando voltar.
Fotos: Flickr – Cotaro 70s
Rata de galerias e museus, não perde a oportunidade de ir procurar aquela tela, escultura ou monumento famosos que todos só conhecem pelos livros.
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