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PsychoBarn, uma provocação no horizonte de Manhattan

Quem escreveu

Alecsandra Matias

Data

26 de July, 2016

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De onde sai a inspiração dos artistas? Eu acho que vem das alegrias e medos que guardamos no fundo de uma gaveta bem escondidinhos (eu só acho!). Vez ou outra, um destes artistas, mesmo sem querer, abre a gaveta e boom! … provoca uma série de sentimentos em nós: curiosidade, terror e diversão – tudo meio misturado.

The Roof Garden Commission: Cornelia Parker, Transitional Object (PsychoBarn) , 2016
The Roof Garden Commission: Cornelia Parker, Transitional Object (PsychoBarn) , 2016. Foto: Alex Fradkin

casa

Qual seria a intenção da artista britânica Cornelia Parker ao recriar a casa da família Bates, do filme Psicose, no topo do Metropolitan Museum of Art (o Met, entre os mais íntimos)? Será que ela pensou assim: “ah! quem nunca sonhou em visitar a casa de Norman e Norma Bates?”. Poderia ser isso mesmo?! Para os aficcionados em cinema, o suspense/terror de Psicose e a genialidade de Alfred Hitchcock provocam inquietude, empatia e diversão.

A casa da família Bates, em Psicose
A casa da família Bates, em Psicose

Porém, na verdade, Cornelia só desejava criar um site specific que contrastasse com a paisagem repleta de edifícios que o horizonte de Manhattan proporcionava daquele ponto. De primeira, ela pensou em construir um celeiro vermelho (red barn) – uma construção tradicional das áreas rurais dos EUA.

‘Fiquei curiosa com a cor vermelha dos celeiros e descobri duas explicações: dizem que os fazendeiros ricos misturavam sangue de um abate recente ao óleo de linhaça. Quando a pintura secava, de brilhante ela passava para um vermelho queimado. E dizem que, também, os fazendeiros colocavam ferrugem à mistura do óleo. A ferrugem é um veneno para mofo e musgo. De um jeito ou de outro, o fato é que, da colonização ao século XIX, era moda ter um celeiro vermelho’ – relata a artista.

Mas, voltando ao problema de Cornelia: ela não pôde transpor um celeiro para o lugar. As dimensões eram grandes demais e exigiriam uma demanda de tempo e trabalho. Então, segundo a própria artista, ela estava andando pelos corredores do Met e viu umas pinturas de Edward Hopper,  pintor norte-americano, reconhecido por suas paisagens rurais com celeiros vermelhos.

Os celeiros vermelhos de Edward Hopper
Os celeiros vermelhos de Edward Hopper

Em uma outra visita ao Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, ela ficou sabendo que a obra chamada By The Railroad, 1925, de Hopper, teria sido a inspiração para a casa dos Bates, construída em 1959, na Universal City Studios, para a produção do filme Psicose. Olha aí, a última peça para a inspiração completa de PsychoBarn – escultura que está lá no topo do Met.

By The Railroad por Edward Hopper
By The Railroad por Edward Hopper

A obra tem cerca de 9 metros de altura e é fabricada a partir de um celeiro vermelho desconstruído. À primeira vista, parece uma casa real, mas é somente uma estrutura com duas fachadas apoiadas por andaimes. Vou te contar que a casa dos Bates feita por Hitchcock também era fake. Com o orçamento curto, os diretores de arte usaram uma casa já existente na Colonial Street (dentro da Universal Studios).

Viram? Então, as referências de Hopper e Hitchcock se juntaram e deram na criação de PsychoBarn que, por sua vez, nos desperta associações psicológicas vindas dos espaços arquitetônicos, representados pelo topo do Met (bem acima do Central Park), a sinistra casa dos Bates e os arranha-céus de Manhattan.

Ficou curioso? Quer tomar um chá na casa dos Bates? Prepare-se as filas estão grandes, mas nada é tão assustador assim. A instalação fica no Met até 31 de outubro de 2016.

Quem escreveu

Alecsandra Matias

Data

26 de July, 2016

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Alecsandra Matias

Rata de galerias e museus, não perde a oportunidade de ir procurar aquela tela, escultura ou monumento famosos que todos só conhecem pelos livros.

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