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Versalhes é o mais notável edíficio-símbolo da monarquia absoluta na Europa. Construído por Luís XIV, o “Rei Sol”, a partir de 1664, tornou-se por mais de um século modelo de arquitetura barroca, de jardins grandiosos e, sobretudo, de residência real. Porém, neste verão alguma coisa está fora da ordem … opa! Tem um cachoeira gigante caindo do nada no Gran Canal do Palácio? Sim, é quase isso! Produzida a partir de uma torre treliçada de aço, a instalação Waterfall, do artista dinamarquês Olafur Eliasson, tem uma estrutura escondida atrás do jato d’água, criando um efeito mágico de que não existe fonte para aquela queda d’água.
Poxa, se os jardins do Palácio de Versalhes são um escândalo desde o século XVII, quando Luís XIV e Luís XVI resolvem decorá-los com fontes e esculturas suntuosas, imagine com as intervenções de Eliasson!? E posso dizer: a cachoeira não é a única! Existem, ainda, as obras Fog Assembly e Glacial Rock Flour Garden, que introduzem névoa e resíduo de geleiras, respectivamente, à parte externa do Palácio. Nelas, os visitantes ficam envolvidos pela nevoeiro e sentem o ar frio das geleiras (incrível, não?).
Ao ser convidado para a 9ª edição da mostra de arte contemporânea no Palácio de Versalhes (que neste ano, ocorre de 7 de junho a 30 de outubro), Olafur visitou várias vezes o local em busca de inspiração. Dizem que ele até fez visitas noturnas para apreender e revelar os mistérios de Versalhes. As intervenções do jardim, realmente, tem grande relação com a história do lugar: foram influenciadas pelo arquiteto-paisagista André Le Notre, contratado por Luís XIV, e que tinha planos ambiciosos (não realizados) que envolviam as águas e o desenho perfeitamente ordenado do jardim.
Já o interior do Palácio é formado por mais de 700 aposentos, incluindo os destinados para a visita pública. São eles: os grandes apartamentos do rei e da rainha, a famosa galeria dos espelhos, a capela real, a galeria das batalhas, os apartamentos das damas e a galeria da história do castelo. Em cinco outros espaços interiores, Olafur cria mais intervenções, chamadas The Curious Museum, Your Sense of Unity, Deep Miror (Yellow)/Deep Miror (Black), Solar Compression e The Gaze of Versailles.
As mais impressionantes são a Solar Compression, que está na sala da guarda do rei, cria efeitos visuais que se dão no encontro do espelho e da luz; E The Curious Museum, que está no salão de Hércules, também formada por espelhos, possibilita um jogo de reflexo infinito. Todas as instalações, de um modo ou de outro, convidam o público a interagir e ter um experiência sensorial.
No fundo, todas as criações de Olafur trazem o diálogo entre o presente e o passado. As edições anteriores da mostra de arte contemporânea em Versalhes comprovam que nem sempre essa conversa é pacífica, visto a polêmica de 2015, envolvendo a obra de Anish Kapoor, apelidada de “vagina da rainha”.
Na edição de 2016, Olafur toma o espaço barroco e faz relembrar que Versalhes é o lugar do sonho, das águas, do brilho e da riqueza do “Rei Sol”. E o mais legal é que, através das instalações, o artista divide a sensação de permanência e transformação com o público e pergunta: “somos nós todos reis?”.
Para visitar as obras, que estão no jardim do Palácio e, teoricamente, seriam grátis, tem-se as seguintes exceções: os sábados e os domingos, as terças de 7 a 28 de julho e, depois de 5 de julho a 25 de outubro, as sextas-feiras. São exceções, ainda o período de 1º de julho a 30 de setembro e o feriado nacional de 14 de julho. Com tudo isso, pode ser que role o pagamento de ingresso, sim. Já para as criações que estão no interior do Palácio, não tem jeito: é preciso comprar o ingresso padrão de Versalhes.
Dica: se você não conhece Versalhes, não queira fazer isso em um dia. É pura doideira! Todos os espaços são muito grandes, mesmo com a possibilidade de aluguel de um carrinho elétrico. Compre o ingresso para conhecer o Domaine de Marie Antoniette somente se planejar conhecer o lugar em dois ou mais dias. As filas também são ingratas, antecipe seu ingresso, se puder!
*Foto destaque: Anders Sune Berg
Rata de galerias e museus, não perde a oportunidade de ir procurar aquela tela, escultura ou monumento famosos que todos só conhecem pelos livros.
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