O Lado B da música do #SXSW

Para quem era da fase pré-Napster e descobria as bandas pelo programa Garagem, estar no SXSW é quase mágico. Você é transportado para um lugar onde há novas bandas viscerais a cada esquina, com uma energia que poderia iluminar Austin por algumas semanas.  Mas descobrir as bandas não é tarefa fácil, por isso convidamos Carlos Borges, rato de shows e com severo TOC na descoberta do som que vai pegar em festivais, para contar suas técnicas no texto abaixo.

Diferente dos grandes festivais, que tem um line-up com nomes badalados em meia dúzia de palcos a 5 minutos a pé um do outro, aproveitar a parte de música do SXSW requer uma estratégia reforçada, aliada a técnicas de guerrilha. Sabe aquele ditado “todo mundo vê as pingas que eu tomo, mas ninguém vê os tombos que eu levo?” Tenho uma versão para o SXSW: “todo mundo fica com inveja das fotos no Instagram, mas ninguém vê o Excel que eu fiz pra chegar lá”.

Escolhendo as bandas

Como estamos falando de mais de 2.000 bandas, muitas delas com apenas um álbum ou EP, como fazer a sua seleção? Aqui não tem jeito, é a hora em que o SXSW faz você pensar se ele é o seu tipo de festival ou não. Se você realmente vir coisas bacanas e sair do lugar comum, você precisa entender quais bandas são a sua praia escutando a playlist que o evento solta no Spotify, com todos os artistas, e separar o que você gosta. A partir daí, faço uma playlist incluindo as principais músicas das bandas de que eu gostei e que quero ver.

Quando e onde

Fechar o lineup é outro problema. Isso porque além dos shows oficiais do evento, muitas bandas tocam também em festas paralelas. O ideal é procurar no site www.do512.com pelo nome da banda que você quer ver para poder saber quando ela irá tocar.

Mapa da mina

A partir desse ponto, você deve ter um .doc ou .xls com a sua lista de bandas, por dia, horário e lugar que vão tocar, de preferência com um plano B, em caso de fila maior que o esperado. Não fazer isso é correr o risco de cair num bar com japoneses tocando oboé progressivo.

Plano tático

Chegou o dia, Austin fervendo, você pronto para ver aquela banda que “descobriu”, mas aí você também se dá conta de que outras pessoas também a “descobriram” e tem que encarar uma fila gigante para entrar.  Transporte também é importante, uma vez que os lugares são perto, mas qualquer minuto faz a diferença. Por último, ter uma rede de amigos com bom gosto musical no Whatsapp é ainda mais importante, pois eles podem dizer se o show a que você quer ir está atrasado, se tem ou não fila, dar uma dica sobre qual banda assistir num horário livre ou ainda recomendar alguma que você não tinha dado atenção, mas que ao vivo os caras são incríveis.

Putz, que preguiça…não dá para curtir o SXSW sem ser tão xiita? Claro que dá, o grande barato do festival é esse: você pode experimentá-lo de várias formas. É um dos mais incríveis do mundo para quem curte bandas novas de um jeito mais roots, regado a mosh pits. Se esse é o seu caso, posso garantir que vale o tempo investido.

E com isso chego à minha lista do melhor do lado B do SXSW 2016:

Sunflower Bean

Beach Slang

September Girls

Death by Unga Bunga

White Reaper

The Jacques

Crookes

Broncho

Get Inuit

Tennis System

DMAs

Nai Harvest

Tacocat

Twin Peaks

Thee Oh Sees

E você pode ainda ouvir nossa linda playlist com o que descobrimos!

Texto contribuição de Carlos Borges, companheiro de shows e com alto nível de TOC quando o assunto é música.

Foto destaque: http://www.thepulpzine.com/