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Mudando uma cidade (quase) inteira de lugar

Quem escreveu

Ola Persson

Data

06 de June, 2016

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Em 2004, ficou claro que Kiruna, a cidade mais ao norte da Suécia, estava afundando, e que a vila inteira de 18 mil habitantes teria que se realocar. A cidade está em cima de uma das maiores minas de minério de ferro do mundo, a Loussavaara-Kiirunavaara AB (LKAB). A qualidade do minério é quase duas vezes melhor que a encontrada normalmente, e a extração sueca representa cerca de 90% da produção de ferro da União Europeia. A mina corta o solo em ângulo a partir da montanha próxima para debaixo da cidade. Conforme a extração é feita, o terreno em cima vai vagarosamente assentando, e vai em algum momento se tornar muito instável para manter todas as construções do centro da cidade.

O centro hoje. Foto: Svenska Institutet
O centro hoje. Foto: Svenska Institutet

Um video patrocinado pelo governo nos dá a chance de ver como a vila está lidando com o processo de realocação, mostrando como os moradores estão participando da mudança. Um desafio grande desses é contado pela Johanna. Ela é a proprietária de uma das lojas mais clássicas da cidade, a Centrum Huset, e planeja fazer sua transição entre 2020 e 2021. Se ela se mudar muito cedo, ela corre o risco de perder seus clientes atuais, um problema que todos os comerciantes do centro estão enfrentando.

A mina já chega a 1250 metros abaixo da terra, e com a demanda crescente por ferro, os mineiros continuam entrando mais e mais embaixo de Kiruna. Como a mina é a base para a economia local, fechá-la não é uma opção. Ela faz tanto parte do dia-a-dia da população, que ninguém percebe mais as vibrações das explosões subterrâneas durante a noite.

A mudança inclui também uma série de marcos importantes. Alguns prédios serão demolidos e novos serão construídos para substituí-los no novo e mais compacto centro. Outros serão desmontados e transportados em caminhões e guindastes para a nova localização. Entre eles estão uma torre de relógio e a igreja histórica de 1912, votada a construção mais bonita da Suécia em 2001.

Esperando a mudança, a igreja do Kiruna. Foto: Allison Stillwell Young (by-nc-cc)
Esperando a mudança, a igreja do Kiruna. Foto: Allison Stillwell Young (by-nc-cc)
Desenho do novo centro. Foto: White, www.white.se
Desenho do novo centro. Foto: White, www.white.se
Foto: White, www.white.se
Foto: White, www.white.se
Foto: White, www.white.se
Foto: White, www.white.se

O masterplan da mudança foi projetado pelo White Architects, um dos escritórios de arquitetura de mais prestígio no país, enquanto outras empresas assumiram aspectos menores. A praça central foi desenhada pelo Kjellander + Sjöberg. O bairro será menor que o existente, e vai para o canto oposto da cidade, longe da mina. O novo layout deve corrigir alguns problemas atuais, como o espraiamento, que faz com que a população, apesar de reduzida, tenha que se deslocar grandes distâncias para chegar ao centro ou às paisagens do subúrbio. A nova configuração deve ser bem mais friendly para os pedestre. Muitas das ruas serão mais estreitas, oferecendo proteção contra o vento. Lojas, cafés e a prefeitura serão reagrupados, fazendo a circulação mais amigável durante os meses frios e escuros do inverno. O acesso à natureza é facilitado pelo desenho em zigzag dos limites da cidade, fazendo línguas de floresta cortarem em direção ao centro.

Foto: White, www.white.se
Planejamento da mudança. Foto: White, www.white.se
Foto: White, www.white.se
Foto: White, www.white.se

Reposicionar uma cidade leva tempo. Segundo o video, o plano é completar a mudança nos próximos 20 a 30 anos. Quando estiver pronta, a área atual será segura para se circular, só não para as construções. Ela será toda transformada em um parque, e pode servir como caminho para a migração das renas. Em 100 anos, as pessoas podem atravessar o parque e nem imaginar que ali existia uma cidade. A consolidação da nova cidade deve acontecer em até 85 anos.

Segundo o arquiteto-chefe da empreitada Mark Szulgit: ‘Nosso maior desafio não é o novo desenho da cidade, mas sim fazer a mudança da cabeça das pessoas e da cultura.’

Foto destaque: Svenska Institutet

Quem escreveu

Ola Persson

Data

06 de June, 2016

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Ola Persson

Viaja sempre com uma mochila com camera, laptop e kindle e uma mala pequena de roupas. Nela leva mais uma mala vazia que vai enchendo ao longo da viagem. Não é fã de pontos turísticos, não gosta de muvuca e foge de filas, mesmo que seja para ver algo considerado imperdível. Por isso nunca subiu na Torre Eiffel, mesmo tendo ido várias vezes à Paris. Acredita que uma boa viagem é sentir a cidade como morador. Tanto que foi pra São Paulo em 2008 e ainda está por lá.

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