Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
O transfer te leva até a recepção – 5 quilômetros antes – e a partir daí, somente entram carros privados do Tshukudu Game Lodge. Lá me esperava o Shane: “Está pronta para ver uns hipopótamos?”. Alguém passou um briefing bem completo para o guia, que já sabia que estava louca para ver aqueles bichinhos bem gordos.
Foto: Vanessa M.
O caminho até o hotel já é atração: cruzam a rodovia uma manada de zebras correndo, impalas que olhavam para mim com mais curiosidade que eu para elas, um elefante na montanha derruba galhos e mais galhos para sustentar todas aquelas toneladas de vegetarianismo. Shane nem para o carro: estamos atrasados para ir ao Safari. “Mas esse não é já o Safari?” – ele ri. Sim, mas vamos em um local ainda com mais animais, e temos apenas meia hora para deixar as coisas no hotel. Aparentemente os hipopótamos devem ter uma pontualidade britânica para aparecer pela reserva.
Foto Vanessa M.
É no alto lá da montanha do Pilanesberg National Park, a apenas duas horas de Johanesburgo, que se encontram 10 quartos escondidos e privados, com uma vista impecável pra savana e lagos. Os quartos são no luxo ideal – sem a ostentação que brigaria com a natureza.
O hotel é all-inclusive, o que quer dizer um mini-bar com vinhos e espumantes no quarto, uma banheira para brincar de princesa da floresta, e uma vista do alto do parque para perder a noção de tempo. Alguns outros quartos vem inclusive com uma piscina.
Mas o que realmente surpreende no hotel é o relacionamento: Shane, que achei que era meu guia, é também meu anfitrião, meu alarme pessoal, e quase minha baby-sitter, que sobe os 150 degraus de pedra comigo, apresenta o quarto enquanto conta a história do parque, oferece um drink, e ajuda a arrumar as coisas. Ele está muito preocupado com o horário: afinal os animais não podem esperar. Aproveita para confirmar se eu não como carne vermelha – certo? (Certo – mas não consigo até agora imaginar onde ele pegou a informação).
Partimos com mais um casal para o nosso primeiro “game drive“, ou o que nós chamamos de safari. Com um tom bem informal, aprendo que os elefantes estavam em período de reprodução, por isso é possível ver um macho – que em geral andam sozinhos – no bando das fêmeas.
E que as leoas podem ser mais independentes – de vez em quando ficam de saco cheio e resolvem ir andar sozinhas. #goleoas. Os leões? Bom, eles fazem o que bem entendem.
Já não é igual a vida das pobres impalas-fêmeas, que ficam em um harém com apenas um macho.
Enquanto passamos por carros com 15, 20 pessoas, estar apenas em 3 e um guia super experiente faz toda a diferença… até corrermos a 50 quilômetros por hora na estrada de terra porque, afinal, ele descobriu onde tem alguns hipopótamos: “Prometi que você ia ver.” Abre uma cidra para mim, enquanto o casal divide um vinho tinto.
O entardecer na savana é algo indescritível: o sol torna o campo laranja, os animais saem da sombra e começam a se movimentar. A brisa da noite traz um cheiro que lembra o eucalipto. E quando você lembra que deveria ter trazido um casaco, saltam da mão do Shane cobertores fofinhos para você se preocupar apenas com as cheetahs, ou guepardos em português. (Ok, parecem onças. Mas tive que ver no Google que não são.)
E outros animais, como as girafas, tomam outras posições, pertinho da rua.
Hora de relaxar. Não? Shane me avisa que temos 20 minutos para os drinks ao lado da fogueira, que foram ótimos: conheci Shawn (não confundir com Shane, como eu), a gerente do hotel, que também é guia, anfitriã, e personal-baby-sitter. Aparentemente é uma profissão por lá – e não é impressão minha – ela conta que o objetivo do lodge é esse mesmo, a ultra-personalização dos serviços. Ela até fica chateada quando os convidados vão embora, exatamente quando começa a gostar deles…(fofa!)
Gostei. O chef apresentou logo os 5 pratos do dia: duas entradas, um prato principal, e uma sobremesa. Para eles, avestruz, para mim, peixe. É o próprio Shane o host do dia, e de maneira informal é responsável por garantir que meu copo não fique vazio e que esteja apreciando a comida.
E nessa panelinha pequena, as coisas ficam íntimas muito rapidamente. Chegou um outro casal em lua-de-mel, já que é um lodge super romântico, e o papo foi de carreira para o propósito de vida, perspectivas, e relacionamentos. Naquela viagem eles estavam se conhecendo, já que o casal era da Arábia Saudita e foi um casamento arranjado, como é comum no país. Aos poucos, encaro meu próprio preconceito e julgamento (como assim??). As diferenças culturais se esvaziam rapidamente para dar espaço ao compartilhamento. Somos diferentes, mas nos sentimos à vontade para conversar sobre isso.
Fim de jantar, hora de finalmente entrar online e conversar com meus sócios no Chicken or Pasta. Comento com meu host e o barman, eles concordam. Dou boa noite, e eles ficam lá: aparentemente, só podem sair na hora que eu for dormir. Resolvo me recolher para poder liberar meu babá pessoal, com medo que ele se ofereça para ir ler algumas histórias para que eu vá dormir.
Outro dia, outro safári. Na despedida, uma sensação estranha: não estou me despedindo do hotel, mas de amigos. Devia ser assim?
Tshuduku Game Lodge
Pilanesberg National Park, África do Sul
A forma de chegar lá é alugar um carro ou agendar um transfer a partir de Joanesburgo. Como dirigir do lado “errado” da rua realmente não é para mim, utilizei os serviços do Mariano da New World Safaris, que vem até com frutinhas e castanhas para comer no caminho, super fofo e recomendo. O email dele é [email protected] e o telefone Mariano: +27 71 585 5301
Conheça mais sobre a África do Sul
O COP esteve en Maio/16 na África do Sul a convite da South African Tourism e South African Airways. A Vanessa esteve no Tshuduku em Maio/16, a convite da Legacy Hotels. Nenhum dos parceiros ou representantes são responsáveis ou influenciam as opiniões da equipe Chicken or Pasta.
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.