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Você viajaria o mundo só para ver uma obra de arte? Alguns malucos dirão: SIIIMMMM! Eu juro que posso fazer uma lista de obras que pagam todo o esforço de atravessar o oceano só para ficar frente a frente com elas. A Adoração do Cordeiro Místico, de Jan van Eyck, 1432, com certeza é uma destas! O mais incrível é que a pintura está em Ghent – uma cidade da Bélgica tão encantadora que vale demais a viagem. Na boa, dá para fazer um pacote com arte, arquitetura, história e diversão.
Gante (ou Ghent, como preferem os locais) é considerada “a pérola de Flandres” – título atribuído por sua arquitetura medieval, herança dos tempos de riqueza – quando a cidade era a mais próspera do norte da Europa. Hoje, é a capital da província de Flandres Oriental e a terceira maior cidade da Bélgica – bem perto de Bruxelas e Bruges (que por sinal, é uma cidade de contos de fadas, já vimos isso, não?).
O passeio pelo centro histórico é um charme. Tem um percurso de cerca de 1,5 km, passando pelo Castelo dos Condes ou Gravensteen, datado do século XII; a praça Sint Veerplein, em frente ao Castelo, no passado, serviu de lugar de execução de falsificadores de dinheiro, depois de mercado de frutas e peixes e, atualmente é recheada de barzinhos com mesas ao ar livre. No caminho do centro tem ainda a torre do sino (Belfry ou Belfort) e a Catedral de St. Bavo. Outra opção é um passeio pelos inúmeros canais da cidade. Ghent é cortada pelo Rio Lis e, assim como sua cidade-irmã Bruges, tem no passeio de barco um dos atrativos mais populares.
Dona de uma vida universitária cheia de festivais de música e cinema, a fama da cidade está atrelada ao “Retábulo de Ghent” (como é conhecida a pintura Adoração do Cordeiro Místico). Discretamente, na Catedral de St. Bavo – datada de 1559, feita de pedra, com arcos góticos incríveis e vitrais de cair o queixo -é possível admirar uma das pinturas mais disputadas na história da arte.
Ela foi vítima de 13 crimes e 7 roubos, pode isso produção? Em 1566, por exemplo, protestantes radicais meteram o pé na porta da catedral e queriam queimá-la, porém os guardas católicos foram mais rápidos; eles desmontaram a obra e a esconderam na torre da catedral. Até Napoleão surrupiou a obra e os nazistas, então, eram doidinhos pelo retábulo. No filme Caçadores de Obras-primas, de 2014, dá para sentir a aventura que foi resgatar a grande pintura e outras obras roubadas pelo exército alemão.
Por que a Adoração do Cordeiro Místico causa comoção e cobiça? A pintura feita sobre madeira, é formada por 24 painéis que, de acordo com sua posição (aberto ou fechado) fornece duas cenas diferentes. Encomendada pelo mantenedor da Igreja de São João Batista (hoje Catedral de St. Bavo), a pintura foi iniciada por Hubert van Eyck, que morreu em 1426 no meio do trabalho, e foi concluída por seu irmão mais novo, Jan van Eyck, em 1432. Para a História da Arte, a pintura é precursora do renascimento nos Países Baixos e tem como ponto revolucionário a inserção de pessoas comuns e locais nas cenas retratadas (e não somente personagens e passagens bíblicas e religiosas). Além disso, ela é repleta de símbolos religiosos e místicos – o que faz dela a mais bela expressão do sagrado produzida pela arte.
Então, fique esperto e conheça a Adoração Mística do Cordeiro antes que alguém invente de roubá-la novamente e, de acréscimo, conheça a “pérola de Flandres”. Valerá muito a viagem! Para a visitar a Catedral de St. Bavos, a entrada é grátis. Porém, para ver o Retábulo, o ingresso custa cerca de 4 euros, no horário das 8h às 18h, todos os dias.
E se você quiser conhecer mais sobre Flandres e arte, O VISITEFLANDERS, órgão oficial de turismo da região faz na próxima quarta uma palestra na Unibes Cultural para divulgar a arte e a cultura de lá. Quem apresenta é o Lorenzo Merlino, embaixador de artes de Flandres no Brasil
Bélgica: Artes e Patrimônio Cultural – Palestra com Lorenzo Merlino
26 de outubro (quarta-feira), às 20h30
Unibes Cultural – Rua Oscar Freire, 2500
Evento gratuito – inscrições pelo e-mail: inscriçõ[email protected] ou aqui
Todas as fotos são de Elaine Maziero.
Rata de galerias e museus, não perde a oportunidade de ir procurar aquela tela, escultura ou monumento famosos que todos só conhecem pelos livros.
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