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Nova York é quase uma Meca para os amantes da arte moderna e contemporânea (quem já foi, sabe do que estou falando … quem não foi, precisa ir! É necessário!). Não só por suas diversas galerias e museus, mas pelo clima divertido e cosmopolita que a cidade respira entre a primavera e o verão. E nessa temporada, a cidade tem uma atração surpreendente: a exposição Edgar Degas: A Strange New Beauty, no Museu de Arte Moderna.
Aha! Tenho certeza de que você pensou em Degas e já lembrou das pinturas impressionistas de bailarinas, não é? Então, na exposição de verão do MoMA, a surpresa está em compreender que a obra do artista está muito além dos ensaios de balé. Diferente dos seus amigos impressionistas Monet, Renoir e Pisarro, Edgar Degas não saía pelos campos com cavaletes e lonas em armação portátil. Ele trabalhava com o desenho de memória, retratando figuras e animais – especialmente cavalos na paisagem – o corpo humano de uma forma ousada e libertadora e, por fim, a vida moderna. Na mostra, esses temas são apresentados com cerca de 120 monotipias raras, 60 pinturas e alguns desenhos do artista.
Poucos sabem, mas Degas não era somente pintor. Ele fez gravuras, esculturas, fotografias e escreveu poesias. Em 1870, Degas conheceu a monotipia (processo de desenho com tinta sobre uma placa de metal que, sob uma prensa, resulta em uma única impressão). Ele mergulhou fundo no trabalho como gravador. Com enorme entusiasmo pela técnica, o artista expandiu as possibilidades da gravura; inventou novos meios e novos temas, registrando, inclusive, os movimentos das bailarinas, o brilho da luz elétrica, as mulheres em prostíbulos e os efeitos climáticos da natureza.
As monotipias, em grande parte realizadas entre 1870 e 1890, são pequenas e feitas com tinta preta; algumas são tão pálidas que chegam a ser cinzas, e outras foram coloridas à mão pelo artista. Durante visita à exposição, elas propiciam uma experiência íntima que está em oposição às pinturas coloridas que atraem o olhar para as paredes das galerias com cenas de dançarinos, cantores de cabaré e prostitutas à espera dos clientes.
Para o visitante, paira no ar uma sensação de passagem do tempo: as bailarinas parecem se mover; a fumaça sobe aos céus, o trem segue por seus trilhos, e das imagens emergem sombras que flertam com a abstração. Parece mesmo que você está no meio das memórias mais secretas do artista. Não é à toa que seu amigo, o poeta Stéphane Mallarmé, em um dos seus escritos, chamava esses trabalhos de “estranha nova beleza” – o que acabou inspirando os curadores. Está a fim de conferir? Edgar Degas: A Strange New Beauty fica em cartaz até 24 de julho. Dá tempo, hein?
Rata de galerias e museus, não perde a oportunidade de ir procurar aquela tela, escultura ou monumento famosos que todos só conhecem pelos livros.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.