Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
O Halloween, suas abóboras e festas a fantasias já são super famosos. Aqui no Brasil temos o dia do Saci, que também representa e celebra figuras do folclore brasileiro. Mas uma das festas mais interessantes nesta época do ano, e que sem dúvida causa muita curiosidade em quem não conhece, é o Dia de los Muertos.
Enquanto em muitos países, o culto aos mortos seja meio macabro, para os mexicanos esta é uma celebração da vida e uma das tradições mais fantásticas do país, entre 31 de outubro e 02 de novembro. Por sua crença religiosa (tanto católica como indígena) este é o único dia em que os mortos, entes queridos que já não estão no mundo material, voltam à Terra para aproveitar tudo o que gostam, apreciar os prazerem que tinham em vida e conviver com seus parentes.
A partir desta crença, começaram a se montar as oferendas de morto, com as fotos do falecido e de seus familiares, rodeadas com coisas que ele gostava como doces, bebidas alcoólicas, velas, flores e mais. O primeiro dia é focado em celebrar crianças que já morreram, o segundo os adultos. Como estas celebrações ocorrem, seus acessórios e outros detalhes, variam de região para região. As cidades ficam cobertas de flores laranjas, que os mexicanos chamam de Cempasúchitl ou Flor de Quatrocentas Pétalas. Segundo a crença, estas flores atraem e guiam as almas dos mortos.
Esta festa é tão impressionante que foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Os lugares mais famosos para visitar durante estes dias são:
É um povoado ao sul da cidade do México com um dos maiores cemitérios do país. Na primeira noite, começam as celebrações com música e mariachis, além de concursos de desenhos de caveiras em papel e um cortejo fúnebre, onde uma viúva fala frases pitorescas às pessoas, contando sobre a morte de seu esposo. Não esqueça a câmera!
Uma linda cidadezinha a umas 4h de carro da Cidade do México. Está rodeada de misticismo, artesanatos e boas surpresas, além de um lago que fica no meio de uma ilha chamada Janitzio. Além desta cidade, é possível visitar todas as pequenas vilas ao redor: Tzintzuntzan, Ihuaztio, Zirahuen e Janitzio.
Também localizada ao sul da cidade do México. É conhecida como a Veneza mexicana, com alguns barcos para você ‘velejar’ pelos rios e praticamente fazer uma festa com comida, bebida e música. Nesta época é bom reservar a sua trajinera durante a noite com alguma antecedência. Este é o lugar onde eles trazem à tona a lenda de “La Llorona”. A história é muito antiga e conta sobre uma mulher indígena que tinha um romance com um cavalheiro espanhol. A relação deles foi consumada com três filhos. Porém o cavalheiro não assumiu a família e pouco tempo depois se casou com uma dama da sociedade espanhola. Devastada, a mulher indígena levou seus três filhos para a beira do rio e se afogou com eles.
A Huasteca Potosina é um lugar clássico para ver as celebrações, especificamente em Aquismon, Ciudad Valles, Huehuetlan, Tanquían e Xilitla. O interessante por aqui é que esta região representa a sagrada reunião entre os vivos e seus antepassados; e a oportunidade de “fazer seu próprio caminho” para que los que murieron tengan su chance para alcanzarlos. Em Xilitla se celebra a mesma festa de mortos, mas com o nome de Xantolo, que em tradução livre seria algo como “os paizinhos”
Preferido de muitos (inclusive o meu) o estado de Oaxaca já vale a visita a qualquer momento do ano. Por lá é possível comer bem, tomar ótimos mezcais e dirigir por cemitérios pela noite para observar as oferendas do pessoal. É um lugar místico e honesto, e faz uma festa autêntica e bonita.
O que é curioso perceber sobre esta festa é que no México se misturam muito as crenças astecas com as católicas. No passado, um festival costumava celebrar a deusa Mictecacihuatl, que era um esqueleto que guardava os ossos dos mortos. Hoje, esta figura da ‘Dama de la Muerte’ está representada por La Catrina (e por uma figura masculina, El Catrin), uma imagem do ilustrador e cartunista mexicano José Guadalupe Posada. La Catrina é representada sempre com charme e requinte, veste roupas típicas do México, com chapéus e vestidos de babado.
Além de ilustrações, fantasias e decorações de Catrina, você também percebe que há uma imensidão de caveiras feitas de açúcar e decoradas para vender em todas as lojas. Mas não é só de doces que vive o Dia de los Muertos. Uma das maiores tradições é provar o pan de muerto, um pão doce que é feito somente próximo desta data, polvilhado com açúcar e às vezes decorado.
Se você ainda tem dúvidas de como é a festa de Dia De Los Muertos no México, eu sugiro visitar e conhecer você mesmo.
* Imagem destaque: Luisroj96
De longas viagens de carro no México a aulas de cozinha no Vietnã, para mim o que importa conhecer são as pessoas. Não há nada melhor para conhecer um país do que aprender com experiências autênticas (e às vezes malucas).
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.